@ tainah negreiros

sábado, 31 de março de 2007


Eu deveria vir até aqui e falar de Stalker. Falar dos cenários, da mise-en-scène, ou de como seus atores são magníficos. Usar linhas e linhas falando de sua cena final e do meu arrebatamento. Poderia vir e falar de toda a sensibilidade de Tarkovski e de como ele faz de seu filme um poema que acalenta corações perdidos como o meu. Ou ainda, falar sobre a febre que senti, ou falar do choro. É, talvez eu devesse fazer tudo isso mesmo.




Mas prefiro só dizer que ele me roubou do mundo. E que agora, nesse instante, não penso em nada melhor que se possa fazer por alguém.

sexta-feira, 30 de março de 2007


"I'll be your plastic toy"

terça-feira, 27 de março de 2007

Sobre mulheres, dores e tons

Disseram uma vez que os grandes diretores estão fazendo sempre o mesmo filme. Diverso, porém o mesmo. Após ver este Volver me veio na cabeça isso. Lá estão as mulheres, mães, filhas, irmãs em todas as suas possibilidades. Lá estão suas mulheres agindo feito loucas sob uma moral senão outra que a materna, do tudo possível. Lá estão elas e a câmera de Almodóvar se enamora delas. Volver poderia facilmente, e sem perder o brilho, chamar-se Tudo sobre minha mãe e ainda sim, seria um belo título. Mas Almodóvar quer mais, há algo de novo na sua história, ele quer falar sobre volta, não redenção, mas sobre sobre voltar para casa, pra a vida, sobre simplesmente dar meia volta quando tudo que se ouve é sobre seguir em frente. É possível voltar, Almodóvar nos diz, e disso surge um belo cinema. Por vezes seus dramas e dores são novelescos, trágicos, mas o fato de que em cada fotograma percebermos o seu amor por suas mulheres, por seus personagens, por sua história, torna seus vermelhos, verdes e cor-de-rosas ainda mais francos e bonitos. O melodrama, a dor, e o riso, apesar da dor, é o que Almódóvar tem. A história que ele quer contar no cinema é essa, por mais diversa que ela por vezes tenha aparecido na tela.
Confesso ser ainda muito ligada ao velho Almodóvar, passei dias, meses pensando e sentindo o seu A Lei do Desejo, mas agora, em março de 2007 encontro este Almodóvar solto, apaixonado enchendo a tela de vermelho outra vez. Ela está mais límpida e clara, sim, mas ainda há paixão.





E muita.

sexta-feira, 16 de março de 2007

Eu e o Cinema


Gosto do Cinema que me faz lembrar que a vida carece de sentido.


Se a vida não faz sentido, porque exigir isso do cinema? Fico feliz quando vejo um filme que reconhece que tudo anda tão estranho, perdido e sem razão. Fico feliz quando o que se filma é frágil, imperfeito, incerto como o humano. Não gosto de truques, não gosto, não gosto, não gosto em lado nenhum do que me cerca, sempre fui avessa a eles e isso também sempre me irritou ao me deparar com o que se propõe a ser uma obra de arte, e mais que isso, no que se propõe a ser honesto. Quando falo de Cinema, não quero que ele tente me enganar ou seja espertinho, isso não me interessa. Gosto do Cinema franco. É lindo demais ver a imagem sendo usada não só porque é possível, mas pela impossibilidade da palavra. É como se o diretor dissesse: “ Isso que tenho só é possível de ser mostrado, não dito”. E eu fico com vontade de chorar com isso, ah, eu fico. Penso em um filme dos Dardenne e até hoje tento falar com alguns sobre o sentimento do homem que se afeiçoa ao menino que matou seu filho há anos atrás, o homem sente e ao mesmo tempo se odeia por isso. Como diabos explicar esse homem? Não há razão pra ele, nem pro menino, ainda uma criança. Ainda na escrita desse texto, penso em Tarkovski e no nariz que sangra, na casa que queima e na mulher que chora. Penso em Lucrecia e na menina que deseja, à despeito de tudo. Nem sempre eu soube o que se passava ali com aqueles homens, mas o cinema no seu som, silêncio e significado me deixa chegar mais perto. E eu chego, apesar do que me é estranho. Isso porque o cinema é humano, é produto do humano e eu aqui no auge dessa humanidade dolorosa e incerta não sei direito onde ir. Por que os personagens devem saber? Porque suas ações ou falta delas não podem ser tão chatas e tolas como a vida é? Por que o homem não pode de repente criar um estranho carinho pelo menino que matou seu filho, se ele também era uma criança? Porque a menina ao invés de sentir asco não pode sim sentir compaixão e carinho pelo homem que a molestou? Por que o homem anda, anda, recolhe-se em seu silêncio apesar de tudo que vê e sente? A vida não é feita de respostas exatas, não, não é. O Cinema que por vezes me encanta, é o que também não as tem. O diretor filma suas perguntas, não suas respostas prontas em um mundo que não tem como responder.
Pode parecer carência, mas o Cinema pra mim nunca foi mera distração, quase nunca não. É experiência, encantamento, companhia frente a toda estranheza. Esse Cinema que tanto me emociona, é como um colo.


terça-feira, 13 de março de 2007






Eu ainda não sei o nome disso que ele me traz.










segunda-feira, 12 de março de 2007

Eu tinha pensado em nem pôr mais letra nenhuma aqui, até ouvir essa maravilha do Flaming lips. Pensei em pôr um verso, sei lá, mas como diabos com ela toda linda do jeito que é? Sei nem o que dizer, me pegou e não larga mais.

Do You Realize

Do you realize that you have the most beautiful face
Do you realize we're floating in space
Do you realize that happiness makes you cry
Do you realize that everyone you know someday will die

And instead of saying all of your goodbyes - let them know
You realize that life goes fast
It's hard to make the good things last
You realize the sun doesn't go down
It's just an illusion caused by the world spinning round

Do you realize - Oh - Oh - Oh
Do you realize that everyone you know
Someday will die

And instead of saying all of your goodbyes - let them know
You realize that life goes fast
It's hard to make the good things last
You realize the sun doesn't go down
It's just an illusion caused by the world spinning round

Do you realize that you have the most beautiful face
Do you realize

domingo, 11 de março de 2007


O diabo é que a gente fica querendo dar nome pra tudo. Sempre senti um grande apreço pelo que a gente não sabe direito como nomear. Sentimentos, impressões, relações. Relações sem nome, endereço ou razão. Daí a gente se inquieta até encontrar fim e um começo pras coisas, e elas por vezes não têm. É uma bagunça isso aqui, tenho que me dar conta disso. Tem nadinha ir pela borda, passar pela grama, ir rápido, depois devagar. É bonito, é possível seguir e sentir mesmo sem saber o nome do que é.

sexta-feira, 9 de março de 2007

Cherry Blossom Girl

O barato agora são os alucinógenos alternativos. Eu fico com Air.







"I'm a high school lover, and you're my favorite flavor"

quarta-feira, 7 de março de 2007

Que belo filme! Não dá pra começar sem dizer.


Dá gosto ver como Karim Aïnouz filmou este Céu de Suely. E é bom logo falar do céu, porque já no começo ele está lá lindamente fotografado por Walter Carvalho. E fazia tempo que eu não reparava tanto no céu em um filme.
É preciso falar também do olhar, do jeito carinhoso que o diretor filma, e como essa forma de filmar surge como um pedido pra que cheguemos perto de sua protagonista, dela que sente tanto, que sente muito e ainda não sabe direito o que fazer da vida. Aïnouz pede e a gente atende, porque é difícil resistir a ela seja na sua força ou na sua dor. Hermila é adorável quando ama, odeia, quando olha pro céu, quando diz coisa nenhuma ou quando quer “deixar o menino no mato e sair correndo”. São todos olhares que o diretor nos deixa ter, não nos impõe, ele deixa. E não é fácil olhar alguém assim tão francamente, tão de pertinho como olhamos Hermila nesse filme. É difícil, mas graças ao cinema, graças ao carinho, a gente atende ao pedido de Aïnouz e vale muito, muito à pena.

terça-feira, 6 de março de 2007


Vontade de ir à praia. Vontade de ir à praia e dançar meio sem jeito uma canção do Manu Chao depois de beber qualquer coisa maluca.



Que voy a hacer, je ne sais pas
Que voy a hacer, je ne sais plus
Que voy a hacer, je suis perdu
Que horas son, mi corazón

quinta-feira, 1 de março de 2007


E os sonhos são ainda mais sujos.