@ tainah negreiros

terça-feira, 29 de maio de 2018

A Câmera de Claire (Hong Sang Soo, 2017)

A operação bastante consciente de Hong Sang Soo em " A Câmera de Claire" é orquestrada, mais uma vez, por presenças destoantes de uma ordem (masculina) de não franqueza com as outras pessoas e consigo, ou de uma verdade masculina que escapa e revela um interior tirânico e desprezível. Em "Certo Agora, Errado Antes", o díptico interno de que o filme é composto existe para sentirmo os peso e a beleza que a verdade carrega, e o modo como modifica uma história. Em "O Dia Depois", é preciso para Hong Sang Soo eclipsar todo e qualquer personagem, e faz isso com as personagens femininas de modo grosseiro, para ressaltar a beleza da verdade da personagem de Kim Min Hee. No imenso "Na Praia à Noite Sozinha", é o confronto pela imensa verdade da existência e das palavras de Kim Min Hee, lançadas contra o precário masculino do diretor e de todos os homens que vê pela frente, que alimenta essa obra e a ilumina. Só as mulheres prestam naquele universo. Todos esses filmes compõe um projeto de estudo da miséria masculina através de personagens femininas que instalam uma ordem fascinante e transformadora de um modo mesquinho e cretino de viver. "A Câmera de Claire" traz um elemento desestabilizador a mais: Isabelle Huppert e sua câmera que muda as coisas. Transformou, modificou. A mesa fora do bar que era uma lembrança triste de uma demissão virou a mesa que testemunha uma conversa sobre a vida ter jeito. Essa transformação é um feito da personagem e desse cinema.

segunda-feira, 28 de maio de 2018

terça-feira, 1 de maio de 2018

mapa mundi

a proposta
amorosa
que te faço
é de um mapa novo
colorido
sua forma é de saquinhos de açúcar
bilhetes de museu
e de beijos dados lá fora
na calçada

uma geologia nova através das esculturas
um turismo errante das ruas que se abrem
pelo amor e descoberta

lugares pequenos
a maior cidade da américa do sul
(rio sozinha de te imaginar esperando o metrô da linha vermelha pra vir me ver)
uma outra cidade banhada por um rio
vivo
um hemisfério norte de saudade
que não conheço
cartografia pessoal
também pra onde se viaja
com o outro só em pensamento
uma geografia ainda por nascer
mapa mundi do desejo de ficar contigo
por toda parte

o mapa tem a forma do movimento
alegre seu rolando até o meu lado da cama