Manhã gelada em Curitiba. Penso na personagem Mona, de Agnès Varda e Sandrine Bonnaire no filme "Sem Teto e Sem Lei". Penso em sua sobrevivência, na rigorosa e libertária decisão de ser solta no mundo, de ser andarilha, de não se ligar em nada, nem emprego, nem família, nem paixões, tudo isso em pleno inverno. Com o frio entendo mais ainda a coragem dessa decisão, a potência e a beleza desse filme de Agnès Varda.
Nessa manhã lembro especialmente de um dos encontros de Mona no seu percurso, do trabalhador que compartilha do pouco que tem com ela e lamenta quando ela parte. Depois disso vemos somente o cachecol vermelho dela em cima de uma calçada. É isso, Mona é essa presença e ausência vermelha que não nos larga.
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