@ tainah negreiros

domingo, 26 de agosto de 2007

apenas a matéria vida era tão fina

O filme dentro do filme de Eduardo Coutinho procurava contar uma história encenada. O filme do filme, o filme outro é fora do controle, adoravelmente fora do controle já que o lhe interessa é o humano. Mesmo que seja clara a importância que Coutinho dá as ligas camponesas, aos nomes e suas histórias, mas há ali humanidade que se dá pelo tom, pelo frágil, pelo "como" e não pelo "que" que faz que o filme nao se encerre. Cabra Marcado pra Morrer passou na tv ontem e se mostra adorável. Acordei pensando nele, pensando em Elisabete, em João, e nos filhos que entenderam e na filha que chora sem entender direito porque só ela a mãe "entregou". E desses porquês e na falta deles que Coutinho circula, acompanha, e nem é preciso dizer tanto. Coutinho escolheu Elisabete, aqueles homens e mulheres, nem é preciso apontar, a sua existência na tela já é contundente. Coutinho sabe que aqueles homens e mulheres antes de falar, contar, antes de tudo isso, eles existem.

domingo, 19 de agosto de 2007

Já sabia da falta que eu iria sentir.

sobre sentir o tempo

pelo cheiro que a camisa perde
pela pele que não quer só camisa
e o peito
e o sono
e esse meus sonhos de noite inteira

quinta-feira, 16 de agosto de 2007

O céu e uma bela resposta em cores.

terça-feira, 7 de agosto de 2007

Notas sobre a noite

Eu ainda acho Beautiful do Belle a canção mais triste que já ouvi.

A saudade me pegou no pequeno corredor de casa.

Me perco numa camisa.

Ele.

sábado, 4 de agosto de 2007



A mulher nos advinha.



"O prazer nascendo dói tanto no peito que se prefere sentir a habituada dor ao insólito prazer. A alegria verdadeira não tem explicação possível, não tem possibilidade de ser compreendida - e se parece com o início de uma perdição irrecuperável. Esse fundir-se total é insuportavelmente bom - como se a morte fosse o nosso bem maior e final, só que não é a morte, é a vida incomensurável que chega a se parecer com a grandeza da morte.
Deve-se deixar-se inundar pela alegria aos poucos - pois é a vida nascendo. E quem não tiver força, que antes cubra cada nervo com uma película protetora, com uma película de morte para poder tolerar a vida. Essa película pode consistir em qualquer ato formal protetor, em qualquer silêncio ou em várias palavras sem sentido. Pois o prazer não é de se brincar com ele. Ele é nós."

Clarice Lispector