@ tainah negreiros

quinta-feira, 29 de dezembro de 2016

River e Eu


Senti que hoje eu deveria falar da minha relação com  River Phoenix.

Tudo começou com uma intuição da minha mãe. Quando eu era muito pequena eu ouvia bastante um vinil duplo do Milton Nascimento que meus pais tinham em casa. Naquela época, com uns sete, oito anos, me interessava mais pelo apelo de Canção da América e Paisagem na Janela. Mamãe tinha uma sugestão a me dar sobre o disco: "Ouve essa música linda que ele fez pro o ator River Phoenix, filha". Ela me disse isso mais de uma vez. Me descreveu o River de um modo simples mas que eu nem suspeitaria que ia fixar: "Cabelo e pele queimados de sol". Com a  teimosia de sempre, não ouvi a canção naquela ocasião.
Anos depois, quando eu tinha uns doze anos, assisti "Conta Comigo" na sessão da tarde. A presença do menino de olhos miúdos, com "cabelos e olhos queimados de sol" me comoveu. Lembro claramente do momento em que pensei. "Era desse menino que a mamãe falava, o da canção do Milton" Eu não sabia de nada do filme, não tinha visto os créditos, nada, foi uma intuição. Lembro de um certo assombro ao descobrir que se tratava dele mesmo. Já sendo uma pequena mística, entendi que o que se deu foi que eu tinha mesmo de conhecê-lo, que a vida persiste com as coisas tem que acontecer.
Esses dias li o depoimento do Milton Nascimento sobre quando o viu pela primeira vez em um filme e me lembrou a minha experiência:

"Numa tarde qualquer, estava lá vendo tv no hotel quando começou um filme: The Mosquito Coast. O nome de River Phoenix nos créditos logo chamou minha atenção, mas até então eu nunca tinha ouvido falar dele. Quando acabou o filme, fiquei prestando atenção nos créditos e, para a minha surpresa, o ator que eu mais tinha gostado era justamente River Phoenix. Nesse mesmo dia, também passou outro filme dele na TV: Stand By Me. Fiquei tão impressionado que decidi escrever uma carta pra ele. Foi quando surgiu uma música pronta na minha cabeça. Coloquei o nome: "River Phoenix (Carta a um jovem ator)."

Só fui ouvir a canção nessa ocasião assim que vi Conta Comigo. E então a letra e a recomendação da minha mãe fizeram todo o sentido. A conexão foi imediata com ele e com o que Milton dizia sobre ele. Passei a fazer uma pesquisa pré-internet e reuni uma série de matérias sobre ele. Achei muitas notícias da época de sua morte, 1993, montei um arquivo, li sobre seu vegetarianismo, suas motivações e desde então parei de comer carne. Até que veio Running on Empty, o filme de Sidney Lumet que mudaria a minha vida e seria importantíssimo para o que eu sou até hoje.

Durante algum tempo achei que o filme que Milton "viu tantas vezes" tinha sido esse.


quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

Quase fim de 2016 e estou aqui chorosa ouvindo "Fire and Rain". Todo final de ano costumo assistir "Running on Empty" e nesse não fiz isso. Hoje dei de cara com o tuíter da Martha Plimpton. Ela segue a mulher durona e interessante que sempre foi. Penso no filme, penso no River, penso em 2016. Esse filme sempre dá um jeito de me encontrar nessa época.

terça-feira, 27 de dezembro de 2016

A Cor da Romã



Paradjanov entendeu que o rastro de cor que a romã deixa é o mesmo que o de sangue. E os dois tem a cor de olhos emotivos.

sábado, 24 de dezembro de 2016

10 anos de blog

a ciência da abelha, da aranha e a minha
muita gente desconhece

quinta-feira, 22 de dezembro de 2016

terça-feira, 20 de dezembro de 2016

do aluno Raul: Tainah, a gente pode se falar pelo skype no Natal? Quero te fazer uma apresentação especial no piano da música que estou aprendendo. Surpresa.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

Tarde nublada em Teresina. Eu na rede. Mamãe e papai no sofá. Faço uma espécie e leitura coletiva da biografia de Clarice. Me sinto bem.
É preciso ser muito feliz para viver numa cidade pequena, pois ela alarga a felicidade como alarga também a infelicidade. De modo que vou morando aqui no Rio. Você sabe, nas cidades grandes todos sabem que em cada apartamento existe uma espécie de solidariedade, pois em cada apartamento mora uma pessoa infeliz.

(Clarice)

domingo, 11 de dezembro de 2016

she's gone
says she can walk now
se você ainda estivesse por aí
eu te segurava
te sacudia pelos joelhos
soprava ar quente nas tuas orelhas

você, que escrevia como um Gato Pantera
o que quer que corra em suas veias
que tipo te sangue verde
te levou à tua sina

se você ainda estivesse por aí
eu rasgava teu medo
deixava ele pendurado fora de você
em longos riachos
fios de pavor

te virava
encarando o vento
dobrava tua espinha no meu joelho
mascava tua nuca
até que você abrisse a boca para esta vida

Sam Shepard, 31/01/80
homesteady valley, california

sábado, 10 de dezembro de 2016

Consolada por Alberto Caeiro que diz que morrer é acordar de outra maneira.

domingo, 4 de dezembro de 2016