@ tainah negreiros

quarta-feira, 20 de março de 2013

Rhoda





Uma canção do Belle and Sebastian que nunca tinha ouvido.

Ela trouxe de volta aquela sensação maravilhosa quando ouvi o Tigermilk pela primeira vez. Poderia ter sido composta pela Kath Bloom, mas não, era só Stuart e trupe com suas imagens maravilhosas naquele começo.

and she's really happy, and she's really happy...

quarta-feira, 13 de março de 2013

Van Gogh (Maurice Pialat,1991)

Um filme-pintura que vai além do óbvio de ser dirigido por um pintor sobre um pintor, trata-se de uma preocupação em ser "pintura" para além do aspecto estético. A pintura em Pialat está no ato. Está no que tem a ver com as cores, com sua potência, mas tem muito a ver com gesto de lançar tinta sobre a tela, com a violência e ao mesmo tempo delicadeza disso. É assim que ele concebe o filme e  dessa maneira se debruça sobre Van Gogh e seus amarelos, azuis, e sobre as casas sem cor em que viveu, o quarto branco em que morreu e seu contato com duras e adoráveis pessoas em sua vida. Nesses encontros está boa parte da beleza desse filme. A relação com Marguerite, a filha do Dr. Gachet, é encantadora, hipnótica, um balé assim de ir vivendo e se gostando. É comovente também o modo como Van Gogh vai passando por essas vidas, pelas pessoas da pensão em que se hospeda, pelo lamento que vemos nelas ao notarem sua tristeza, pelo modo como lidam com sua presença muitas vezes fantasmagórica.

Falar do filme também exige tocar em uma persistência de Pialat que liga essa obra à "Aos Nossos Amores". "Van Gogh" também trata de nossa existência irremediável, que Pialat vê em Van Gogh - e que também viu em Suzanne - que desequilibra o estado de coisas do mundo, que por vezes faz com que machuquemos os que amamos e nos machuquemos. "A tristeza que durará para sempre" paira sobre o que vemos aqui.
Difícil esquecer a cena final tão reveladora dessa passagem clarão dele que, através do cinema, Pialat nos mostra no rosto de Marguerite. A passagem do artista que fica está toda lá, no rosto dela, na falta que ele faz e na sua permanência.














domingo, 10 de março de 2013

Death Proof





Já li textos interessantíssimos (escritos por homens) sobre Death Proof, mas nunca tive a oportunidade de ler nenhum escrito por um mulher. Então está aqui a tentativa de preencher essa lacuna.
Soube recentemente que Tarantino considera o filme um de seus piores, então vou juntá-lo ao grupo de homens que eu diria que são até sabidos mas não entenderam o ponto, a relevância desse filme e muito menos sua importância de gênero.
Devo começar descrevendo que tive vontade de dar um grito quando saí da sala de cinema mas, tratando de sua relevância, o grito passará a ter sentido.
Está mais do que claro que os melhores filmes de Tarantino são os dedicados à potência feminina, principalmente em um mundo de violência. Sobram poucos que não tratem disso, ou seja, não há filmes ruins. Destacaria Jackie Brown e Kill Bill II pela sua força dramática e pela delicadeza como desembocam para os seus finais. Os filmes extremos vão se tornando filmes de amor, ambos com essas mulheres se afastando após o “trabalho feito”. Duas melancólicas despedidas. É, Tarantino é um romântico, e vê nessa figuras femininas a possibilidade de construir o território dos seus desejos que é um cinema em que elas dominem, se sobreponham, em que não haja nenhum tipo de sujeição. Quem escreve a história são elas. Isso, claro, até Django, que é uma outra questão, em que há um outro sujeito que deva reescrever certas linhas tristes e sem glória do nosso passado.
Mas voltando a Death Proof, a questão é que toda homenagem ao cinema dito menor, grindhouse, tudo o que vemos através da linguagem, de toda aquela diversão, todo o conteúdo fetichista declarado do diretor, é um pretexto para que Tarantino nos vingue. Porque a sensação que Death Proof deixa pra mim é de um dia diferente: Sabe aquele safado que te diz uma grosseria na rua esperando que você não vá fazer nada? Pois é, Death Proof é sobre isso, é sobre essa praga cotidiana revertida, recriada. O cinema é o modo mais curto de nos conceder esse poder ou simplesmente de nos vingar. Ou seja, trata-se de uma excessiva humanidade posta na tela, a humanidade dos nossos desejos. Por isso, não interessa, Taranta, se agora você está achando esse filme menor, ele é enorme. Beajos!

sexta-feira, 1 de março de 2013

Onde jaz o teu sorriso?



Os dois filmes que mais amo podem ser resumidos em uma mesma frase: Um filme sobre uma moça errante que gosta de namorar.


O Conto de Inverno, de Eric Rohmer,  é um filme sobre viver, acreditar e mover as coisas do mundo, algo que leva até a alegria,  revelada no choro, na grande emoção das mulheres do filme. Rohmer conseguiu, com sua crença da imagem ontológica - do que ela pode revelar sem artifícios - conceber esse registro, quase como uma imagem primeira, mãe de todas as outras.


Aos Nossos Amores fala de uma inevitável tristeza, da "tristeza que durará para sempre" e de uma relação ambígua entre pai e filha e da forma como seu jeito de viver acaba por magoar, ferir, mexer com a ordem do seu mundo.


Uma delas voltará a sorrir. A outra lida com sua alegria fugidia e com sua irremediável tristeza.


Vejo Conto de Inverno quase toda semana, preciso dessa grande alegria para seguir, preciso dessa experiência de fé ( na vida? no cinema?) para prosseguir.


Nunca consegui rever Aos Nossos Amores, fico paralisada. Recrio o filme na cabeça por não conseguir me recuperar dele.


Os dois filmes desembocam esses sentimentos em um ônibus em movimento.