@ tainah negreiros

quinta-feira, 30 de julho de 2009

terça-feira, 28 de julho de 2009

Por que sou Vegetariano?


“Minhas razões para ser vegetariano são muito simples:
Os animais têm capacidade de sofrer.
Quando são criados para nos fornecer carne, eles sofrem de muitas e desnecessárias maneiras.
Nós não precisamos comer carne. Qualquer que tenha sido a situação no passado, nos primórdios da evolução humana, hoje as pessoas de classe média dos países desenvolvidos têm uma gama enorme de alimentos nutritivos a sua disposição. Uma dieta vegetariana não impede o acesso a proteínas e outros nutrientes essenciais. Comemos carne porque apreciamos o sabor, não porque ela seja necessária a nossa saúde.
O desejo de saborear a carne dos animais não justifica faze-los sofrer.
Portanto, não deveríamos comer animais que sofrem só para isso – para nos fornecer sua carne.
O sofrimento a que me refiro não ocorre apenas nos matadouros. Muitas pessoas ainda sabem como funcionam as modernas fazendas industriais. Nelas, a mecanização e os métodos de negócios corporativos são aplicados de acordo com o princípio de que os animais são objetos a ser consumidos. Para baratearem o custo, os produtores confinam e amontoam os animais de maneira tal que os condenam a passar a vida inteira em condições horríveis.
Tudo isso ocorre por um equívoco ético fundamental. Os racistas pensavam que um ser humano que não pertencesse a sua raça se situava fora da esfera da ética. Podia, portanto, ser capturado e vendido como escravo. Não acreditamos mais que as fronteiras raciais demarquem os limites para além dos quais os seres humanos se transformem em objetos para nosso uso. Mas ainda achamos que seres que estão fora da fronteira de nossa espécie não passam de coisas úteis. Não há base moral para essa crença. A escravidão animal deveria ser enterrada, juntamente com a escravidão humana, no cemitério do passado.”

Peter Singer

Filósofo australiano, professor de bioética
da Universidade Princeton. Seu livro Libertação animal
é um libelo do movimento de proteção aos animais

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Um inseto me pegou e eu estou com o olho bem inchado, hoje ainda mais inchado e vermelho que ontem. Acordei e desci para falar com meu pai, e ele me olhou por um segundo e nada mais que isso, fez uma cara séria e triste. Nem é nada demais mas imagino o quanto pra quem ama um rosto vermelho e machucado seja ofensivo, como se fosse um lugar de impossibilidade. "Não, não com ela".

segunda-feira, 20 de julho de 2009

voz mendiga

E ainda me atrevo a amar
o som da luz numa hora morta,
a cor do tempo num muro abandonado.

Em meu olhar o perdi todo.
É tão distante pedir. Tão perto saber que não há

(alejandra pizarnik)

sexta-feira, 17 de julho de 2009

O que mais me emociona no bumba-meu-boi como manifestação, ou simplesmente quando canção, é quando ele soa como um lamento, mesmo quando o ritmo das matracas e dos maracás chama para dançar.
E quando digo lamento é pelo desejo incontrolável da negra Catirina que quer dizer o sacrifício, ali, quando o cantador diz do boi que olha.

levanta boi e vai
que é pro amo ver
que boi também chora,
também sente dor

sábado, 11 de julho de 2009

eles vinham de longe

Se tivessem conhecido o idioma da cidade, poderiam ter perguntado quem fez o homem branco, de onde saiu a força dos automóveis, quem segura os aviões lá no céu, porque os deuses nos negaram o aço.

Mas não conheciam o idioma da cidade. Falavam a velha língua dos antepassados, que não tinham sido pastores nem vivido nas alturas da serra nevada de Santa Marta. Porque antes dos quatro séculos de perseguição e expoliação, os avós dos avós dos avós tinham trabalhado as terras férteis que os netos dos netos dos netos não puderam conhecer nem de vista nem de ouvir falar.

De modo que agora eles não podiam fazer outro comentário que aquele que nascia, em chispas bem humoradas, dos olhos: olhavam essas mãos pequeninas dos homens brancos, mãos de lagartixa, e pensavam: só podem dar presentes feitos pelos outros.

Estavam parados numa esquina da capital, o chefe e três de seus homens, sem medo. Não os sobressaltava a vertigem do trânsito das máquinas e das pessoas, nem temiam que os edifícios gigantes pudessem cair das nuvens e despencar em cima deles. Acariciavam com a ponta dos dedos seus colares de várias voltas de dentes e sementes, e não se deixavam impressionar pelo barulho das avenidas. Seus corações sentiam pena dos milhões de cidadãos que passavam por cima e por baixo, de costas e de frente e de lado, sobre pernas e sobre rodas, a todo vapor: "Que seria de todos vocês" - perguntavam lentamente seus corações - "se nós não fizéssemos o sol sair todos os dias?"

(eduardo galeano)

quarta-feira, 8 de julho de 2009

um gato mia lá fora
não é meu gato perdido
há uma vista de um lado da casa que é a cara dele
todos os muros
os telhados que ele cheirou

os sons dos bichos por aqui
soam como um pedido.

segunda-feira, 6 de julho de 2009

the children come in here and they dare the ghost.

sábado, 4 de julho de 2009

aprenderei a dormir
mas lamento por esses dias
meu quarto que não é mais tão fotogênico
nem eu

não encontro lugar
meu sono que não é mais meu
parece pregado nas paredes
parece ficar lá enquanto durmo
e aquilo não é sono

aprenderei a dormir
aprenderei a lembrar dos cães
vou lembrar

não, eles não viviam aqui
mas de alguma forma
melhoravam essa casa
aprenderei a dormir
na memória de um muro,
na respiração
de um animal que sonha.

sexta-feira, 3 de julho de 2009