@ tainah negreiros

domingo, 29 de julho de 2007

e essa falta que é presença
cheiro, peso
e uma franqueza que eu posso tocar


Às vezes eu dou pra falar de amor. Algumas poucas vezes já que ele também é silêncio, pensamento e tanto mais que palavra não diz. Esses dias aqui sem ele, e com ele, sempre com ele, pensando sobre nós, lembrei do som, de como meu sorriso surgia ali. Aquele sorriso que talvez seja o meu melhor.





Tão longe, tão perto, em toda a falta de sentido dessas medidas e números que chamam distância.



Aqui.

sábado, 28 de julho de 2007

O nome era dela
isso ela não inventou
inventou homens, bichos, crianças
pariu dolorosa
Pariu meninos
guardou segredo

A palavra não encerra o olhar
Apesar da fúria
Fúria doce
Candura
de uma história que não tem fim

a mulher se desculpa
se sente cansada
mas não é triste
é criança
por sorte
por sorte nossa, dela
por sorte
ela não cresceu

terça-feira, 24 de julho de 2007


Um jeito de piscar os olhos levemente que eu não esqueço.



A cidade se movimentava à despeito de nós. Mexia, erguia, funcionava dando razão ao que chamam cidade maior. E a gente, a gente era só minúcia.

sábado, 21 de julho de 2007

18/07/2007

terça-feira, 10 de julho de 2007

Há bem mais sóis queimando entre as estrelas

Tive um sonho ruim hoje. Sonhei que queriam me matar, puseram uma arma na minha cabeça, que agonia, eu vi tudinho, vi meu rosto aflito, e lembro bem de ter pensado: "Não, não agora, eu ainda tenho que encontrá-lo". Engraçado como os sonhos são, agora eu rio, rio de como eles podem ser verdadeiros na sua falta de sentido.
Não, não me mataram. As minhas preces se atendem também em sonho e eu acordo quieta e torcendo pra reaprender a dormir, só deitar e ficar quieta, e que venha, que o sono venha calmo feito o sol que chega, chega fora de hora e me faz tremer.

sábado, 7 de julho de 2007

Ele me fala sobre escrever e é nisso que eu penso. Não, não, as minhas academicices não são suficientes, há carinho, vontade, mas não é o que tenho que fazer agora. Quero escrever coisa outra, algo íntimo, íntimo o suficiente pra mostrar-se como nudez . E é preciso coragem.




Tenho.

domingo, 1 de julho de 2007

Tarde quente, Thamires na rede, ele em pensamento, e uma Clarice que diz.


"Tanta coisa que então eu não sabia. Nunca tinham me falado, por exemplo, deste sol duro das três horas. Também não me tinham avisado sobre este ritmo tão seco de viver, desta martelada de poeira. Que doeria, tinham-me vagamente avisado. Mas o que vem para a minha esperança do horizonte, ao chegar perto se revela abrindo asas de águia sobre mim, isso eu não sabia. Não sabia o que é ser sombreada por grandes asas abertas e ameaçadoras, um agudo bico de águia inclinado sobre mim e rindo. E quando nos álbuns de adolescente eu respondia com orgulho que não acreditava no amor era então que eu mais amava; isso eu tive que saber sozinha. Também eu não sabia no que dá mentir. Comecei a mentir por precaução, e ninguém me avisou do perigo de ser tão precavida; porque depois nunca mais a mentira descolou de mim. E tanto menti que comecei a mentir até a minha própria mentira. E isso - já atordoada sentia - isso era dizer a verdade. Até que decaí tanto que a mentira eu a dizia crua, simples, curta: eu dizia a verdade bruta."


Os dias passaram.

Fazia tempo que eu não reparava tanto nos minutos, nas palavras e na minha falta de jeito pra lidar com algumas coisas. Mas não é fácil sair do ninho, é feito parto, um parto outro, coisa de vida. Mas gosto de pensar na crença que surge em meio a tudo isso, nesse desejar intimamente que beira doer, e dói. E hoje eu rio. Há um riso agradável no meu rosto, minha espera é contente, carinhosa e entregue. Há um riso quase delirante nesse meu pertencer. Acho bonito, bonito demais.




O que passa por essa janela agora?