@ tainah negreiros

domingo, 27 de maio de 2007

construiu sua casa feito ninho
beijou sua mulher perto das nuvens
num concreto bordado nas alturas
com manobras de amor no precipício

E esse fogo encantado que por vezes toca e queima. E essa terra quente, lugarzinho estranho de encruzilhadas, rodopios, onde dou meus movimentos estranhos por querer. E eu quero , adoeço por querer, e por vezes, muitas vezes, eu já me perguntei como eu vou aguentar viver assim, dolorosa desse jeito. É quase engraçado o jeito como eu não sei dar jeito pras minhas coisas, pros meus desejos, grilos e ânsias. Ô menina ansiosa, agoniada! Eu ando de lá para cá, sento, choro, me recolho, mas eu sou assim sem jeito mesmo e viver é assim, perigoso demais, doloroso demais e quente.


Por aqui, viver arde.

sexta-feira, 11 de maio de 2007

Essa semana ando pensando muito em Almodóvar. Penso sobre dor, sobre dor que não passa, e sobre como seu cinema trata isso. É sempre muito familiar pra mim a noção de que devemos arranjar um jeito de sanar a dor, anestesiá-la, isso que vem não sei de onde, sei lá, de uma cultura que se criou, da nossa relação com o incômodo, com o inevitável, ou desse mundo esquisito e de seus remédios. E acabo reencontrando Almodóvaro e seu cinema fascinante, ele e SUA longa história de dor, paixão que ele vem contando em muitas. E o que me pega esse dia é um olhar mais atencioso as suas personagens, elas, eles, que apesar da dor, agem por ela. Sim, agem por ela, é esse seu jeito de lidar, sua maneira de seguir com a vida. A dor movimenta, inquieta, sacode o mundo. Seus personagens não conseguem dormir na mesa cama após uma separação, choram com belas canções, ah ! nossa, e eu ando tão enamorada de suas mulheres esses dias. De suas mulheres que amam, de suas mulheres que berram, gemem, correm, choram e sorriem depois. Perguntam a Pepa: “Quantos homens você teve de esquecer?”, e ela pensa em todos eles, o quanto os ama e os odeia com força. Adorável como as mulheres de Almodóvar conseguem querer bem à despeito do que é cruel, à despeito da dor, à despeito do que lhe fizeram. A mulher corre ao aeroporto pra impedir que matem o homem que a largou e que ela ainda ama. A mulher enterra dignamente o homem que a maltratou. Difícil esquecer tudo isso, difícil ficar longe dessas mulheres e não lhes querer bem. Difícil ficar longe delas em dias estranhos como esses. Ah! Esses dias...

terça-feira, 8 de maio de 2007

Para moças flores, janelas e quintais


Queria ser um pouco como aquelas pessoas que sabem imitar barulho de passarinho, que sabem nome de panta, de bicho e de uns lugares escondidos pra se fugir. Mas eu não sei nada disso e isso nem me faz pior, mas eu queria, queria muito.