@ tainah negreiros

quarta-feira, 28 de março de 2012



Há algumas semanas tenho chorado no banheiro de pensar na minha casa. Acontece no banheiro porque descobri um sabonete glicerinado verde que me lembra o lugar, no começo da minha vida na casa em Timon, me faz pensar na mudança, na bagunça dos móveis no começo, lembra dias mais recentes também, meu quarto, tem cheiro da minha mãe, do meu pai, do arthur, dos meus amigos e dos gatos que viveram com a gente lá.
Outro dia fui a Timon por um motivo triste e enquanto me aproximava da igreja, distraída, reparei nas pedras da calçada, e não pensei na igreja, em nada daquilo, até porque não a frequentava, mas em todos os dias que passei por lá na volta da aula, com os amigos, segurando uma bicicleta, conversando, correndo, suada, de dia e de noite. Pensei que a memória é mesmo imperfeita e incompleta e por isso dolorida. Pensei também, mais uma vez, que o que fica entre os vazios da sua incompletude é poderoso demais.

sábado, 10 de março de 2012





"Rohmer é, como o seu comparsa (Rivette), um cineasta da realidade, que prefiro chamar da vida, mas ao tom mais contemplativo e ascético de Rivette (sim Mizoguchi), em Rohmer a vida aparece como coisa não somente reconhecível mas sim total.
Porque se os filmes de Eric parecem os mais fáceis do mundo, são, não tenho dúvidas, os mais intrincados – a vida não cabe num bloco de uma penada, mas cabem contos do humano, que é o que a câmara singelamente capta."
(daqui)



jeanne ouvindo uma canção tocada por natasha. ela que gosta de falar sobre seus pensamentos, é encantadora e difícil de traduzir.


(conto de primavera, rohmer - 1989)