@ tainah negreiros

sábado, 11 de abril de 2020

Certain Women (Kelly Reichardt, 2016)


Mais uma cineasta mulher cuja pauta é a da duração. Maya Deren já assinalava como o tempo que nos é destinado e o tempo vivido por nós é diferente, culturalmente construído na diferença e também muitas vezes vinculado a determinismos naturais. É sabido modo como uma cineasta como Chantal Akerman construir sua cinematografia toda em torno de durações próprias do cotidiano e das experiências dramáticas. Sheila Heti vai na mesma direção em seu livro "Maternidade" : a paternidade biológica que para o homem pode acontecer em qualquer momento da vida é bastante diferente da limitações da maternidade biológica que exige uma relação diferente com o tempo, as decisões, com a passagem e o viver da vida, seja lá qual for a escolha a partir disso. Entre um certo essencialismo biológico e o que da biologia vira cultura, está a questão de gênero na realização cinematográfica, e essa construção diversa e própria dos tempos das mulheres. Escrevo linhas e linhas mas eu só penso na viagem da personagem de Lily Gladstone, no ímpeto, na decisão, na busca vaga mas consciente da urgência. Que urgência calma!