"Para Van Gogh, Cézanne ou Matisse, o céu é azul antes de ser céu. O verde de uma fruta derrama sobre uma mesa, ou sobre um rosto, se a harmonia assim exige. O pintor derrubou intencionalmente as barreiras que separam os três reinos naturais: animal, vegetal e mineral.
Só os grandes foram capazes de ressucitá-las através de um artifício não mais acadêmico, expressar a "substância" sem o uso do "relevo", com profundidade sem o uso de perspectiva.
O que foi um paradoxo na época de Manet é um mero lugar-comum hoje. As escolas modernas e talvez os cem anos de fotografia tem nos ensinado a distinguir "valor" de "nuance". Nós sabemos, como Gaughin disse, creio, que o laranja é um "laranja" mais brilhante quando o tempo está cinza. Nós aprendemos a ver como pintores."
(Eric Rohmer, O Gosto da Beleza)
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