@ tainah negreiros

domingo, 11 de outubro de 2015


Meu filme preferido da Chantal Akerman, e um dos filmes da vida, é "Retrato de uma jovem dos anos 60 em Bruxelas". Meu coração sempre bateu mais forte por seus filmes de e sobre a juventude. Neles sempre as personagens são puxadas para fora do quadro, como em um chamado para uma aventura, para uma distração qualquer, numa imensa vivacidade que convive com a austeridade da própria vida, e dos outros também belos filmes.
Chantal se foi e penso em tudo isso: no início de carreira despojado, belo e radical de "Saute ma ville", na enorme e alucinante paixão de "Je, tu, il, elle", nas impulsivas e adoráveis moças de "J'ai faim, J'ai froid", penso ainda nas cartas e no olhar estrangeiro em "News from home" e sempre na jovem inadequada e vivaz Michele/Chantal do "Retrato".
Com justiça, lembramos muito da cineasta pela importância do seu cinema na construção de  uma nova relação com o tempo e com o espaço, principalmente fruto de um isolamento. Chantal foi muito fundo nessa sua investigação e nas variadas formas de mostrá-las sem se preocupar em descortinar muito pessoalmente o que viveu. O fato dela ter ido fundo nesse mostrar, como mulher, tornou seus filmes além de belos muito importantes. São como revoluções pessoais que uma a uma essa grande cineasta foi nos revelando. Obrigada!

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