@ tainah negreiros

sábado, 5 de março de 2016

Assim, em minha juventude, quando a gente saía do cavalete, tinha um sentimento de felicidade ou de descontentamento  conforme a coisa tivesse andado melhor ou pior, mas perdia-se qualquer contato com o quadro em andamento.
Além disso, os pintores mudavam de quadro de hora em hora, segundo as alterações que luz imprimia nos objetos com o curso do sol (Manet, Marquet). Não visitavam o Louvre para não se enterrarem lá dentro, isto é, perderem o caminho. Mas olhavam os japoneses, porque mostravam cor.

(....)

Quando um mestre trabalha com simplicidade e com grandes relações, é porque  seu sentimento recusa as coisas complicadas que não lhe chegam diretamente e que não vão sem rodeios aos sentimentos dos outros. O que às vezes é tido como defeito, como falha, torna-se assim uma qualidade essencial.

(...)

Depois de ter tornado conhecimento de seus meios de expressão, o pintor deve se perguntar: "O que eu quero?", e em sua busca, tentando descobrí-lo, avançar do simples para o composto.
Se ele souber se manter sincero em relação ao seu sentimento profundo, sem trapaça nem indulgência consigo mesmo, sua curiosidade não o abandonará, e tampouco, até idade muito avançada, seu entusiasmo pelo trabalho árduo e a necessidade de aprender com sua juventude passada.
Existe coisa mais bonita?

Matisse (Paris, 1945)

Nenhum comentário: