No tarot, a carta da Roda da Fortuna é da radical contingência, do movimento constante, a que fala de que nenhum sentimento é final. De alguma forma, é uma carta de esperança, de fé na mudança e na instabilidade. O engenho da vida está transparente no filme de Hamaguchi. Há sempre alguma coisa que um encontro pode transformar, uma graça qualquer que pode surgir quando há uma verdadeira conexão.
Para a protagonista do primeiro conto é doloroso ver essa mágica acontecer mais de uma vez e implicá-la. Mas nada que a impeça de um gesto deliberado de ruptura para seguir. Na segunda história o encontro pendula do erótico ao moral em um borramento sedutor em que um está contido no outro. Há um erotismo na dignidade. É fascinante.
E finalmente, no terceiro conto, há o aparente engano que se revela a compreensão imensa quando de fato se encontra alguém, quando se expõe o que é encontro em sua radicalidade esperançosa de ver e ser visto pela outra pessoa. Lindo lindo lindo!
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