Sobre o filme de Lucrécia Martel.
Menina Santa é um filme sacana. Adoravelmente sacana, eu diria.
Vi esse filme já há algum tempo, mas depois de uma deliciosa conversa com um amigo esta tarde decidi me voltar a ele e às suas nuances. É bom voltar, afinal, um cinema significativo como esse é o que é pelo seu indefinido, infinito e interminável.
Apesar de não considerar este um filme meramente narrativo, posso dizer que sua história gira em torno de acontecimentos vividos durante a apresentação de um músico e de seu teremim. Teremim é um instrumento que soa sem ser preciso tocá-lo, mas sim através dos movimentos do músico. Nessa ótima idéia e numa bela construção de cena, surge uma das grandes sacadas do filme de Martel. O teremim é a alegoria do desejo, do desejo que paira, que está por toda parte, que não precisa do toque, que existe mesmo sem ser consumado. É o desejante, o desejado derramado na tela lindamente, desde a canção religiosa cantada no início, ao beijo trocado entre amigas. A diretora constrói um clima, uma atmosfera envolvente para tratar do desejo, do humano.
O que Martel filma é o por um triz, é o que pode ser desencadeado e faz jus as palavras de Antonioni que acredita que somos todos doentes de eros, por isso tanto desatino, tanto a se ganhar ou a se perder. Por isso a câmera de Martel não julga, é lindo ver isso, seus personagens agem, querem, mentem, abusam, mas ela os filme com a franqueza e com a atenção de quem respeita. Afinal, eles são nós.
Menina Santa é um filme sacana. Adoravelmente sacana, eu diria.
Vi esse filme já há algum tempo, mas depois de uma deliciosa conversa com um amigo esta tarde decidi me voltar a ele e às suas nuances. É bom voltar, afinal, um cinema significativo como esse é o que é pelo seu indefinido, infinito e interminável.
Apesar de não considerar este um filme meramente narrativo, posso dizer que sua história gira em torno de acontecimentos vividos durante a apresentação de um músico e de seu teremim. Teremim é um instrumento que soa sem ser preciso tocá-lo, mas sim através dos movimentos do músico. Nessa ótima idéia e numa bela construção de cena, surge uma das grandes sacadas do filme de Martel. O teremim é a alegoria do desejo, do desejo que paira, que está por toda parte, que não precisa do toque, que existe mesmo sem ser consumado. É o desejante, o desejado derramado na tela lindamente, desde a canção religiosa cantada no início, ao beijo trocado entre amigas. A diretora constrói um clima, uma atmosfera envolvente para tratar do desejo, do humano.
O que Martel filma é o por um triz, é o que pode ser desencadeado e faz jus as palavras de Antonioni que acredita que somos todos doentes de eros, por isso tanto desatino, tanto a se ganhar ou a se perder. Por isso a câmera de Martel não julga, é lindo ver isso, seus personagens agem, querem, mentem, abusam, mas ela os filme com a franqueza e com a atenção de quem respeita. Afinal, eles são nós.