@ tainah negreiros

sábado, 31 de julho de 2010

A tarde fui a casa de Ana Maria lhe dar um presente. E ela displicentemente me faz entender porque gosto tanto de estar aqui, por sentar numa tarde desprentensiosa e ouvir as coisas mais bonitas sobre fragilidade, sobre feminismo, sobre força, sobre os lugares naturalizados e os construídos, sobre amor, sobre muita coisa. Ela me conta de seu país, do frio de Bogotá e do calor de Letícia, falamos também dessas distâncias.
A noite encontro com Lidi, sentamos no café e quando notamos estamos já com as mãos na testa pensando que o que queremos e reinvidicamos não tem a ver só conosco, não tem a ver com O QUE EU VOU GANHAR COM ISSO. Isso se parece muito com o que penso sobre essa eleições, sobre um interesse muito maior por quem defende o Lula e o que ele representa do que o próprio Lula, sobre o que se desprega dele e se traveste nos outros em possibilidade, em chance, às vezes em decepção, mas em chance.
Voltei com Patrícia de carro. Ela me diz que pensou em não tomar partido mas que é preciso, não por ela, não porque ela sozinha VÁ GANHAR ALGO COM ISSO, sobre todos os outros rostos deconhecidos que sabemos - quem vai ser por eles? há alguém?

quinta-feira, 22 de julho de 2010

why is this happening to you, you not a child?


esses cds do belle físicos na minha mão
que pouco tem a ver com o que se compra
mas muito com o que se lembra
como um monte de dias deitadas no chão ouvindo, com encarte na mão em 2006
em tardes quentes de 2007 que não eram pra ter nada a ver com a neve de glasgow.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

no coração do brasil um punhado de terra

no caminho pra são raimundo
quanto maior a distância da fumaça,
mais estrelas no céu
e a gente sabe que o ônibus vai seguindo bem direitinho
as orientações do cruzeiro do sul.

terça-feira, 13 de julho de 2010

As férias estão assim: com vozes de Cabo Verde e Guiné Bissau pelo apartamento.
Eu e meu pai refletimos nestas tardes sobre eles, que inventaram a alegria.
E eu penso com tristeza - como submeter os inventores a tanta dor, como tentar tirar isso deles com tanto empenho?
Ou como diz a carta do viajante:

"Ele me falou da corrida para embarcar na Ilha do Fogo em Cabo Verde. Há quanto eles estão ali à espera do barco? Pacientes como pedras, mas prontos para avançar. É um povo de errantes, de navegantes, de viajantes pelo mundo, formado de mestiçagem, nestes rochedos entre pausas dos portugueses entre colônias. Povo do nada, povo do vazio, povo vertical."

Talvez isso dê conta das tantas vezes em que Cesária canta a palavra "sodade". Como se a gente desse conta disso, a palavra querendo dar conta do que se sente.. Como lembrar da sede? Como contar da saudade?
Quando terminar meu trabalho sobre o Marker vou ter que agradecer também a ela. Como faz mais sentido escrever sobre "Sans Soleil" ouvindo Nha Cancera Ka tem Medida, ouvindo Petit Pays.. E a meu pai, por ter me mostrado Cesária há muito tempo, e por dizer nessas tardes como num suspiro tão franco que "tem que ir a Cabo Verde".

sábado, 10 de julho de 2010

lá na Casa Dom Barreto
onde as dimensões de viver pra mim se alargam
e as de sentir saudade também

quinta-feira, 8 de julho de 2010

domingo, 4 de julho de 2010

será que algum rapaz de uns 20 anos vai telefonar?


Esse "Abrazos rotos" de Almodóvar é dificílimo de definir
Gosto demais dele, pensando algumas horas depois de visto
fiquei com vontade de chorar muito sinceramente já quando chegava perto de acabar
a refeitura de "mulheres à beira de um ataque de nervos"
só que triste, que não vibra
como aquilo me impressionou!
como "mulheres" é importante pra mim!
o arrepio de Candela, de novo, seguido de "Essa parte é a melhor" do diretor.
Uma beleza!

O filme tem uma melancolia não premeditada que é quase assustadora
se não fosse tão tão de verdade
maior que o colorido, que persiste e chama tanto a atenção
mas essas sensações, a praia, os abraços, tudo, chama mais.