@ tainah negreiros

domingo, 10 de março de 2013

Death Proof





Já li textos interessantíssimos (escritos por homens) sobre Death Proof, mas nunca tive a oportunidade de ler nenhum escrito por um mulher. Então está aqui a tentativa de preencher essa lacuna.
Soube recentemente que Tarantino considera o filme um de seus piores, então vou juntá-lo ao grupo de homens que eu diria que são até sabidos mas não entenderam o ponto, a relevância desse filme e muito menos sua importância de gênero.
Devo começar descrevendo que tive vontade de dar um grito quando saí da sala de cinema mas, tratando de sua relevância, o grito passará a ter sentido.
Está mais do que claro que os melhores filmes de Tarantino são os dedicados à potência feminina, principalmente em um mundo de violência. Sobram poucos que não tratem disso, ou seja, não há filmes ruins. Destacaria Jackie Brown e Kill Bill II pela sua força dramática e pela delicadeza como desembocam para os seus finais. Os filmes extremos vão se tornando filmes de amor, ambos com essas mulheres se afastando após o “trabalho feito”. Duas melancólicas despedidas. É, Tarantino é um romântico, e vê nessa figuras femininas a possibilidade de construir o território dos seus desejos que é um cinema em que elas dominem, se sobreponham, em que não haja nenhum tipo de sujeição. Quem escreve a história são elas. Isso, claro, até Django, que é uma outra questão, em que há um outro sujeito que deva reescrever certas linhas tristes e sem glória do nosso passado.
Mas voltando a Death Proof, a questão é que toda homenagem ao cinema dito menor, grindhouse, tudo o que vemos através da linguagem, de toda aquela diversão, todo o conteúdo fetichista declarado do diretor, é um pretexto para que Tarantino nos vingue. Porque a sensação que Death Proof deixa pra mim é de um dia diferente: Sabe aquele safado que te diz uma grosseria na rua esperando que você não vá fazer nada? Pois é, Death Proof é sobre isso, é sobre essa praga cotidiana revertida, recriada. O cinema é o modo mais curto de nos conceder esse poder ou simplesmente de nos vingar. Ou seja, trata-se de uma excessiva humanidade posta na tela, a humanidade dos nossos desejos. Por isso, não interessa, Taranta, se agora você está achando esse filme menor, ele é enorme. Beajos!

Nenhum comentário: