É preciso que Romaine saia de cena para que possamos observar melhor os dois homens. A saída dela permite que vejamos a tristeza deles, vivida à maneira de cada um. Quando se encontram no apartamento de Marcel, a tristeza de um passa a sufocar a do outro. Como esquecer de Marcel dizendo "estou infeliz, estou muito infeliz" como quem pede para ficar sozinho, como quem implora para viver mais um dia daquela dor sem ser confrontado? Ele parece resistir em contar a verdade não por desonestidade mas pela intimidade do vivido. Aquilo foi dele e dela e, para ele, assim deve permanecer.
A dor do marido Pierre, antes já vista enquanto ele gritava por "Maniche, Maniche" na cama, vai se mostrando através do entendimento do que se passava, da flor, do amor, da necessidade de seguir em frente. E que maravilha de movimentação dos dois em cena! Quase um balé de perseguição e fuga, de sufocamento e respiro, de dúvida e compaixão. Marcel busca se refugiar. Mente para fugir, ficar sozinho e vivenciar o que tinha acabado de descobrir sobre ela na conversa. Linda linda mentira! Linda linda solidão! Sua fala final foi das coisas mais impressionantes que já vi no cinema, um doloroso e belo entendimento.
Passamos a ver os dois prestes a tocar, enquadrados como Romaine e Marcel anteriormente. Está tudo lá e não está: a música, as rosas, a caderneta, a carta e Romaine. Romaine é uma ausência impossível.
Nenhum comentário:
Postar um comentário