@ tainah negreiros

quinta-feira, 26 de maio de 2016

Documenteur (Agnès Varda, 1982)



Uma mulher recém separada. Sabemos pouco. A relação com o marido não deu certo após a mudança para os Estados Unidos. Ouvimos as impressões bastante denotativas dela sobre o que vê. Imagens de pessoas e do novo lugar convivem com as palavras dela em cena. Agora ela segue sozinha com o filho. Procura uma casa. A monta com objetos encontrados no lixo. Procura emprego, escreve, observa o mundo novo em volta, se questiona sobre a felicidade.
Delicado filme de Agnès Varda. Mais uma mulher sozinha, mais uma mulher que segue em frente e aos poucos se reconstrói. Em muitos momentos lembra Suzane, de Uma Canta Outra Não, na sua reconstrução calma. É o que eu mais gosto no filme: o tranquilo refazer-se. Mesmo com sofrimento. Passos dados aos poucos. Breves e significativos lampejos de esperança.
Varda a mostra sozinha, nua, na cama em frente a um espelho, não sendo a mãe, não sendo esposa. Em um momento de procura de identidade, de reconquista do corpo, de redescoberta dele. Fascinante interesse da Varda pelas mulheres sem homens e por suas trajetórias. Aqui mais uma vez o que ela consegue mostrar é belíssimo. E calmo.

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