@ tainah negreiros

segunda-feira, 27 de abril de 2015

Esta é a idéia: "ir para casa, descansar". É uma palavra ou uma frase muito simples: "Vou para casa", "descansar".

terça-feira, 21 de abril de 2015

Varda pintora


Os movimentos e gestos de Mona sugerem a composição. A cor é sua presença e também seu rastro.

terça-feira, 14 de abril de 2015

segunda-feira, 6 de abril de 2015

(Quatro aventuras de Mirabelle e Reinette, 1987)

"O problema que nos ocupa não é o de uma consciência maior ou menor dos meios de expressão, nem da passagem de um estado ingênuo a um estado intelectual: trata-se de opor uma arte que estaria fechada sobre si mesma, que se contempla a si mesma, e uma arte que contemplaria o mundo."

"A arte não muda a natureza. Em algum momento Cézanne, Picasso ou Matisse nos deram olhos todos novos."

Rohmer

domingo, 5 de abril de 2015

(Família de malabaristas, 1905)

sábado, 4 de abril de 2015

põe alegria em meu corpo.

sexta-feira, 3 de abril de 2015

Pintores, a cidade, a paisagem e as coisas


Em "O Pintor e a Cidade", Manoel de Oliveira procurou olhar para o Porto buscando as cores e formas que Antônio Cruz colocava em suas aquarelas. Quando pensamos no filme, as cores da cidade coincidem com as cores da paleta de Cruz. A memória do filme é a de um vermelho ocre convivendo com várias tonalidades de cinza e marrom. Olhamos tudo como pintores, ou como quem procura por algo que o artista descobre. Ele também aparece, também faz parte do cenário composto por barcos, águas, casas, barracos e crianças, muitas delas.
Danièle Huillet e Jean Marie Straub também se lançam sobre a paisagem e os quadros em seu filme "Cézanne", em que  impressiona e comove  a persistência em entender o olhar do pintor que leva até seu gesto e como, através dele, alcança a materialidade desejada.  Huillet e Straub explicitam essa sua intencionalidade em tudo, no rigor e consistência da fala de Danièle  (ela fala como Cézanne pinta? No filme as palavras são como volumosas quantidades de tinta que colorem o que existe e deve ser visto), nos planos que nos dão o tempo que se deve olhar para uma paisagem em busca de suas cores, volumes, ou em busca de seu excesso de presente físico e do passado que fazemos ou não fazemos idéia. Aquilo que Danièle recita a certa altura como sendo a "psicologia da terra".

segunda-feira, 23 de março de 2015

Reencontrar as crianças, ser abraçada por elas, às vezes por mais de uma ou duas delas ao mesmo tempo, ouvir coisas muito carinhosas e se sentir pronta pro ano.

sábado, 21 de março de 2015

terça-feira, 10 de março de 2015


"O pintor alemão Hans Puumann, rememorando seus tempos como discípulo e aliado de Matisse, conta que "alguns colegas" do ateliê de Matisse foram perguntar ao pintor "de que cor eram os chapéu e o vestido que aquela mulher estava usando, tão incrivelmente berrantes. E ele, exasperado, respondeu: 'São pretos, claro'"

"É evidente que existem coisas no quadro que nunca vão se converter em equivalentes de partes familiares do mundo - notadamente o fundo azul e verde de cada lado do rosto -, mas existem ínúmeras outras que se convertem ou se converteriam, se deixássemos."

"É claro que Matisse usou a "mesma" cor ou levíssimas variantes para coisas totalmente diferentes. Ele espera que percebamos isso (...) O pintor quer que vejamos a sutileza, e também a intencionalidade, de suas variações sobre um tema, ou como ele enxerga diferentes coisas à mesma luz; mas espera ainda que notemos o salto decisivo que foge da escala estabelecida."

"Perguntamo-nos agora, considerando esse ponto de vista, o que acontece com a "expressão" da sra. Matisse. Que palavra a definiria? Cautela? Tensão? Reprovação? Desconfiança? Desdém? É possível ver um toque de desgosto, ou ansiedade, ou até um leve medo? Ou ela está apenas distante? Em algum lugar, sozinha.
Sabemos, por dados biográficos, que Amélie Parayre acabara de passar por uma situação terrível, publicamente. Protegia-se com uma tremenda couraça, mas talvez, compreensivelmente, sempre à espera do pior. Hilary Spurling cita uma frase sua, dita anos mais tarde: "Estou em meu elemento quando a casa pega fogo."

"Tudo é extramamente moderno. Olhos, lábios, e sobrancelhas de Parayre são como os imagino em Dora, de Freud, ou em Ursula Bragwyn, ou em Maggier Verver. 'Fique firme, minha pobre querida", diz Maggie a si mesma enquanto a situação piora, ' sem terror demais -, e tudo se resolverá de alguma forma'.

"A profundidade será encontrada na superficialidade, a espontaneidade rebrotará da fria técnica. A abertura e a vulnerabilidade absolutas só serão descobertas por um processo de rigoroso mascaramento e grande formalidade. De certo modo, o sentimento e a razão são, nos momentos cruciais de Matisse, estranhamente a mesma coisa. Um determina a forma do outro. No modernismo, a Moda está sempre recitando o grande verso de Leopardi. Dona Morte, diz ela, Dona Morte. O laranja é azul, e o rosa é verde mar. E todas as cores do arco-íris são pretas."

(T.J Clark. A consciência de Matisse. Disponível na coletânea Matisse: Imaginação, Erotismo, Visão decorativa, organizada por Sônia Salzstein)

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

um tanto frágil
alérgica
cheiro a flor por teimosia
beijo a flor porque é a linguagem que conheço

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

terça-feira, 17 de fevereiro de 2015


Fazer um quadro há de parecer tão lógico quanto construir uma casa, se seguirmos bons princípios. O lado humano não deve nos preocupar. Ou temos ou não temos. E se temos, ele sempre haverá de colorir a obra.

(Matisse, Escritos e reflexões sobre arte)

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Um toque do teu dedo no tambor liberta todos os sons e inicia a nova harmonia.
Um passo teu é a mobilização dos novos homens em sua marcha.
Se viras o rosto: o novo amor! Se o rosto se volta - o novo amor!

(Rimbaud, Iluminações)
Chego em casa, ligo a tv e dou sorte de estar passando a exata cena adorável de "A flor do meu segredo" em que Leo (Marisa Paredes) chega em casa depois de ver a apresentação de dança da sua empregada Blanca e do filho dela Antonio. Ele que a acompanha, entra com ela em casa, confessa o roubo, inocenta a mãe e Leo, depois de todos os dias muito doloridos, encara aquela confissão como algo para se agarrar, como momento para dar a ele e ao mundo toda sua leveza. Que bela expressão Marisa Parede nos dá!

Arrancar todo esse despojamento do grande melodrama não é fácil nem na vida nem no cinema. Levo comigo. 

terça-feira, 3 de fevereiro de 2015


"Mas depois ele voltou para o seu trabalho como se nada tivesse acontecido." Esta é uma observação que nos é familiar de uma plenitude confusa de narrativas antigas, embora talvez não ocorra em nenhuma.

(Kafka, Aforismos de Zurau)

terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Dei um beijo na testa da minha amiga e a deixei com seu bebê, exausta. Ela que já não dormia há alguns dias e mesmo assim parecia digna de uma bela pintura em seu fundo azul. Me afastei e agora peço de longe para que o sono dela e dele venham juntos.

sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

Collioure Interior, Matisse (1905)

sábado, 17 de janeiro de 2015

"Você, diga o nome de algumas coisas bonitas"


A imensa beleza do que nunca tinha se tornado cinema.

As pronfudezas dos oceanos foram filmadas. O mais alto do céu e outros planetas também. Toda sorte de mais belos gestos pudemos ver. Essas crianças, homens e mulheres e aquelas paredes não.

(ou what is really beautiful to us?)

segunda-feira, 5 de janeiro de 2015


"o verão cantava sobre a sua rocha preferida
quando tu me apareceste,

o verão cantava afastado de nós
que éramos silêncio,
simpatia,
liberdade triste"

("Fastos", de René Char- em Furor e Mistério)

sábado, 3 de janeiro de 2015

nossa amizade é a nuvem branca preferida do sol.
nossa amizade é uma casca livre. não pode ser separada
das proezas do nosso coração.
ali onde o espírito não desenraiza mas replanta e cuida,
nasço. ali aonde começa a infância do povo, amo.
século XX: o homem desceu ao máximo. as mulheres
se iluminavam e se deslocavam rapidamente num
superpatamar a que só nossos olhos tinham acesso.
a uma rosa me uno.

(Trecho de "Os Companheiros no jardim", de René Char)

terça-feira, 30 de dezembro de 2014


Um belo contraplano porque olhamos para Robert Forster e já fazemos idéia de que ele olha para um vulcão ou alguma coisa dessas que maravilha e assusta.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Os belos detalhes das férias Rohmer também me deu: os beijos leves, os passeios e a brisa do seu Conto de Verão e a imensa alegria que veio no Ano Novo do seu Conto de Inverno. 

domingo, 7 de dezembro de 2014

Heaven's Gate

Ella vai à casa de Nate. Enquanto ele e os amigos tocam e conversam distraídos, ela chora levemente. É só isso: um rosto que  se vira, uma lágrima que é quase nada e é tudo.

sábado, 22 de novembro de 2014








"Ó a morna manhã de fevereiro. O vento sul importuno veio reavivar nossas lembranças de indigentes absurdos, nossa jovem miséria. (...) Não! Não passaremos o verão nesse país mesquinho onde nada mais seremos que noivos orfãos. Quero que este braço teso não arraste mais uma imagem querida."

"um amor desesperado e um crime bonito uivando na lama da rua."

(Rimbaud, Iluminações)

quinta-feira, 20 de novembro de 2014

sábado, 15 de novembro de 2014

quarta-feira, 12 de novembro de 2014


"Conheço o fundo doloroso das coisas, não conheço mais nada."

João César Monteiro, 1970

sábado, 8 de novembro de 2014

"O estilo não existe. Um filme que tem um estilo é uma merda. O trabalho que deve fazer um realizador é contra si próprio, contra a complacência, pra alcançar algo que não tem um estilo, mas que consegue roubar algo do mundo, sem saquear."
Straub

quarta-feira, 5 de novembro de 2014



"É difícil."

Amar a atriz, amar os atores

"Vocês ainda não viram nada" é um filme feito por um homem velho que deseja reunir para celebrar. Celebrar o teatro, as amizades, as interpretações e suas diferenças, as interpretações e suas infinitas possibilidades através dos anos, os infinitos gestos, vozes, movimentos que atrizes e atores darão para palavras cheias de eternidade. Dizer de uma maneira, dizer de outra, suspirar de um jeito, ronronar de outro,sorrir, chorar, baixar os olhos...morrer e viver. O homem velho também peita a morte como tantas vezes já a encontrou, mas agora a morte que o encara também é a sua. Está lá "Melô", está lá "Amor à morte", lá está mais uma carta de um mulher que é lida e mais um homem que fica em pedaços com seu conteúdo."É difícil"- diz Eurídice enquanto dorme e depois diz mais uma vez acordada, ciente demais dessa vida. Resnais olha essa mesma vida e deseja celebrar suas chances de reinvenção nessa bela travessia do teatro para o cinema, da palavra escrita para o texto dito e vivenciado através da interpretação.


É quase como se pudêssemos ouvir Resnais dizer: "Como é bom estar vivo! Como é bom ter se debruçado sobre essas histórias! Como é bom ter conhecido essas adoráveis pessoas!"

sábado, 1 de novembro de 2014

Revista Sur: Acredita ser necessária a educação sexual?
Alejandra Pizarnik: De certo, pois o sexual é árduo.

R.S: Pelo fato de ser mulher, encontrou impedimentos em sua carreira? Tem tido que lutar? Contra o quê e contra quem?
A. P: Ainda que ser mulher não me impeça de escrever, creio que vale a pena partir de uma lucidez exasperada. Deste modo, afirmo que ter nascido mulher é uma desgraça, como é ser judeu, ser pobre, ser negro, ser homossexual, ser poeta, ser argentino, etc.. Claro que o importante é aquilo que fazemos com as nossas desgraças.

R.S: Onde acredita que está o problema mais urgente da mulher?
A.P:  Os conflitos da mulher não residem em um só problema possível de assinalar. Neste caso, e em outros, o lema segue sendo: "Changer la vie."

(Trecho da reportagem feita com mulheres trabalhadoras e intelectuais argentinas realizada pela revista Sur e publicada em setembro de 1970)
Revi "A Vila" agora pouco na tv e fiquei me perguntando como pude esquecer a perplexidade do guarda florestal. Perplexidade que não parece ser somente por descobrir que uma jovem cega vive na floresta mas por alguma coisa a mais, alguma coisa maravilhosa qualquer dessas que povoam o cinema do Shyamalan. Talvez por ternura que depois vai ser revelada no gesto de proteção, ou mesmo um sentimento de manutenção da doçura que ele teria visto em Ivy ou somente o desejo de ser exatamente o que não se espera, de fazer jus à crença dela que ouviu "bondade na sua voz e não esperava isso da cidade".