@ tainah negreiros

quarta-feira, 28 de fevereiro de 2007

Deve ter algo de errado com o mundo, algo com o alinhamento dos planetas, sei lá.


Há muita dor. Primeiro minha mãe, hoje acordou doente, frágil. Logo ela, a mulher mais forte que conheço. Depois, logo a noite, depois do maior dos desencontros, e do choro em banheiro sujo, fui pra aula dela, da mulher. Hoje a vi chorar e foi tão cruel que eu torci pra esse mundo ser um pouco melhor, torci pra que a vida fosse menos injusta, só pra ela não chorar assim, não ela. Ela, a professora, firme, segura, corajosa, chorou, chorou a perda e mais uma vez foi franca, esteve ali por inteiro. E eu ali me parti em duas pra entender como de repente as coisas acontecem, as pessoas entram, saem, vão embora. Olhei ao redor, meus amigos, pessoas queridas, outras nem tão queridas assim. O choro da mulher me fez pensar. Encontrei comigo e doeu. Chorei também, algumas palavras saíram, mas entre um e outro engasgo. Foi um dia difícil. Voltei pra casa com as mãos no bolso, olhando da janela e tentando entender sem fazer pergunta.





E eu não esqueço dela.

quarta-feira, 21 de fevereiro de 2007

We are the sleepyheads



Hoje vi esse filme zangado. De uma zanga bem parecida com a minha. Sabe birra, amargura, raiva, raiva mesmo do mundo. Pois é, ele é bem assim. Por vezes eu senti o cansaço de seus personagens, seu mal-estar do mal colocado, do incerto. A certa altura deste Ghost World, a personagem de Thora Birch alfineta como resposta a um amigo que resmunga o fato de não conseguir se dar bem com ninguém : “Só os idiotas têm bons relacionamentos!”. É, talvez Einid, a personagem de Thora, tenha razão, pessoas de verdade ( e não as de plástico que o Radiohead já cantou) só se estrepam, se fodem e se ferram. É isso aí, o filme foi oportuno na minha azedice, talvez daqui a uma semana eu o ache uma droga, talvez não. O certo é que os personagens são muito familiares, dolorosamente próximos na sua estranheza. Parece adolescente se sentir mal por não ter onde ir, por não querer ficar nem aqui, nem acolá, não querer quem te quer, e quem não te quer também. Parece adolescente, mas no filme de Terry Zwigoff estar ferrado é humano. Não é bem uma questão de escolha, é a falta dela.

terça-feira, 13 de fevereiro de 2007


Não canso de ouvir I'd rather dance with you do Kings of Convenience.
Experimenta ouvir e ficar sério. Experimenta ouvir e não querer ensaiar os mais desengonçados passos de dança.
Deliciosa!


Noite alucinada. Reencontrei meus meninos, meus garotos preferidos tão perdidos quanto eu naquela Universidade de merda, que a cada dia tem menos a oferecer. Até encontrar com eles hoje, era só no que eu pensava.

“Mas não é só isso
O dia também morre e é lindo
Quando o sol dá alma
Pra noite que vem


Vê, são tantas histórias
que ainda temos que armar
que ainda temos que armar”

Os maiores malucos, doidos, doidos, com canções e as idéias mais erradas e tontas do mundo, que nem as minhas. É bom se perder. Depois da noite, um texto bêbado pra esse blog pálido e tristonho. Juro, há dias sinto uma peninha dele assim...Não me peça reflexos nem bom senso. Não tenho eira nem beira, sempre fui assim, fui inventar de querer me encontrar, me estrepei e deu nisso. Mas é bom vir aqui, mais e mais percebo isso. A cabeça já dói um pouco, deve ser hora de dormir.

sábado, 10 de fevereiro de 2007


" ache belo tudo o que puder, a maioria das pessoas não acha belo o suficiente"



Van gogh me diz nessa noite esquisita, solitária. E eu me sinto tão só hoje que tomei as cartas que Van Gogh manda a Théo pra mim, é pra mim que ele fala hoje. De fato, é uma boa companhia, é um colo.

I always cry at endings


Voltei a chorar.



Eu não sou boa com essas coisas, é a verdade. Todo dia tem a hora do choro, é assim, eu dou umas boas risadas durante o dia, até voltar a ler Bukowski eu voltei, mas chega a noite e eu me encolho. Hoje foi canção dos Smiths, vai ser o que amanhã? Essa merda de blog não tinha o propósito de servir de desabafo mas a essa altura eu já não tenho mais propósito nenhum, eu sinto é raiva.



E eu odeio sentir. Sinto compaixão também, mas só às vezes, ela logo passa. Eu sei, caro raríssimo leitor, você não tá entendendo nada. Mas é simples, eu não sei lidar com fins, com o fato das coisas passarem, é isso. Não tem texto bonitinho e bem feito não. É só um texto raivoso e ressentido mesmo.

Pensando bem, acho que tanto o riso, quanto a dor é que na verdade as coisas não passam, elas ficam demais, bem que eles deviam passar tanto quanto parecem. Bem que deviam.







Uma das minhas canções preferidas de todos os tempos toca agora por aqui. Parece com a gente. Parece comigo.


There's a light that never goes out



Porque é a lei.
Quando se aprende a ser verdadeiro e não se desaprende mais o mundo fica estranho. Me sinto assim, à beira do abismo da verdade descabida e desmedida. Baixou a Carmem Maura que grita por água em dia de calor.


quinta-feira, 8 de fevereiro de 2007

"Só a noite é que sabe que a vida não tem jeito"
Zeca Baleiro

quarta-feira, 7 de fevereiro de 2007

"the best looking boys are taken/ the best looking girls are staying inside"



Dia de meninice. Isso de alguma forma deve ser bom. Como diz Tarkovski, mas dessa vez o pai, Arseni: "E eu sonho com outra alma vestida com outra veste". Quero uma mais alegre, de criança, que conta choro e não riso. Por isso Schiele e suas meias, saias e meninas.
Decidiram me emocionar, engraçado, em um dia, decidiram me dizer coisas bonitas e darem os olhares mais deliciosamente francos possíveis. É bom seguir assim, desse jeito eu até aguento a cidade, a saudade e as horas.

Vontade de comer waffles de morango.

A manhã foi deliciosa, a vida é cheia de ciclos e é fevereiro. Deito no chão frio pra ouvir Belle and Sebastian, o cd vermelho, e ficar tão emocionada como se fosse a primeira vez, e no rosto um sorriso que deve ficar mesmo sem rir.
Pensei que fosse chover, juro, com o calor que fez hoje, pensei que o céu fosse se render e mostrar que ele também não resiste, mas resistiu. É, dona chuva, fica pra amanhã, mas fica mesmo porque por aqui, por essas bandas mais quentes do mundo, chuva consola.
Fiquei bastante pensativa sobre as canções do Belle hoje, acreditem, fazia tempo que não ouvia, na verdade andei fugindo do que me emocionava demais, ficou a dança, a despretensão mas hoje voltei a encontrar Judy e o menino que faz errado de novo e foi bom, foi muito bom.






Chove. O céu é como eu, não resiste.

domingo, 4 de fevereiro de 2007


Mas às vezes, às vezes as pessoas salvam.

Preciso ir embora desse lugar.