Deve ter algo de errado com o mundo, algo com o alinhamento dos planetas, sei lá.
Há muita dor. Primeiro minha mãe, hoje acordou doente, frágil. Logo ela, a mulher mais forte que conheço. Depois, logo a noite, depois do maior dos desencontros, e do choro em banheiro sujo, fui pra aula dela, da mulher. Hoje a vi chorar e foi tão cruel que eu torci pra esse mundo ser um pouco melhor, torci pra que a vida fosse menos injusta, só pra ela não chorar assim, não ela. Ela, a professora, firme, segura, corajosa, chorou, chorou a perda e mais uma vez foi franca, esteve ali por inteiro. E eu ali me parti em duas pra entender como de repente as coisas acontecem, as pessoas entram, saem, vão embora. Olhei ao redor, meus amigos, pessoas queridas, outras nem tão queridas assim. O choro da mulher me fez pensar. Encontrei comigo e doeu. Chorei também, algumas palavras saíram, mas entre um e outro engasgo. Foi um dia difícil. Voltei pra casa com as mãos no bolso, olhando da janela e tentando entender sem fazer pergunta.
E eu não esqueço dela.