@ tainah negreiros

domingo, 28 de março de 2021

 



O futuro amarelo (depois de Yvonne Rainer)

acrílica sobre papel 30 × 42 cm

mais pinturas que fiz aqui

sábado, 4 de julho de 2020

sempre que encontro o meu amor
eu penso e digo
"ontem eu estava lá
agora eu estou aqui"
é formidável
eu não amava os aviões antes
agora eu os amo
mas é nas nuvens que eu penso mais
nos planetas, Saturno e Júpiter que hoje vejo pela janela
e nas estrelas
e no vento
que me leva como deus leva o destino das coisas e das pessoas
com força e direção
"a vida é longa e o mundo é pequeno"
como diz a canção que nos abençoou

quarta-feira, 24 de junho de 2020

The woman who ran (Hong Sang Soo, 2020)

Imagem

Um acontecimento. O maior cinema. A escolha pela sobrevivência do gato. O close no gato. O abraço visto na câmera de vigilância. A duração da pausa para tomar uma decisão. Ver um filme.

sábado, 11 de abril de 2020

Certain Women (Kelly Reichardt, 2016)


Mais uma cineasta mulher cuja pauta é a da duração. Maya Deren já assinalava como o tempo que nos é destinado e o tempo vivido por nós é diferente, culturalmente construído na diferença e também muitas vezes vinculado a determinismos naturais. É sabido modo como uma cineasta como Chantal Akerman construir sua cinematografia toda em torno de durações próprias do cotidiano e das experiências dramáticas. Sheila Heti vai na mesma direção em seu livro "Maternidade" : a paternidade biológica que para o homem pode acontecer em qualquer momento da vida é bastante diferente da limitações da maternidade biológica que exige uma relação diferente com o tempo, as decisões, com a passagem e o viver da vida, seja lá qual for a escolha a partir disso. Entre um certo essencialismo biológico e o que da biologia vira cultura, está a questão de gênero na realização cinematográfica, e essa construção diversa e própria dos tempos das mulheres. Escrevo linhas e linhas mas eu só penso na viagem da personagem de Lily Gladstone, no ímpeto, na decisão, na busca vaga mas consciente da urgência. Que urgência calma!

domingo, 29 de março de 2020

O Reino dos Gatos (Hiroyuki Morita, 2002)



"se você está procurando um lugar misterioso
com um problema difícil de resolver
existe um lugar..."

terça-feira, 10 de março de 2020

Meu amigo Totoro (Hayo Myiazaki, 1988)



É sempre com a natureza que devemos contar.

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2020

Tommaso (Abel Ferrara, 2019)

Willem Dafoe et Anna Ferrara dans "Tommaso", d'Abel Ferrara

Auto-escrutínio do homem velho que teme não ser mais necessário, do homem velho canceriano errante que deseja inventar uma casa com uma mulher 30 anos mais jovem, ser pai, ser desejante, ter paz de espírito ou quem sabe fazer as coisas certas dessa vez. É a falência do homem, de todos eles ou dessa especifidade insana ambulante que é Abel Ferrara e que Willem Dafoe de fato encarna (no sentido extremo de oferecer a carne para aquela existência) 
e com quem se mistura. Filme matéria, filme homem, filme de um tipo de homem que exerce fascínio mas também de um homem que já está na hora de passar. Alguma coisa tem que ser diferente, e Tommaso descobre isso ao falar com o homem paquistanês que gritava na rua e ameaçava acordar sua filha. Não sei dizer ao certo ainda o que acontece ali naquela instante, que tipo de coisa o personagem compreende mas, sem dúvidas, existe ali um incêndio, desses incêndios interiores, de cinema.

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2020

Retrato de Uma Jovem em Chamas (Céline Sciamma, 2019)

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Trata-se do retrato impossível de alguém que não pára de mudar, um retrato em fuga, um esforço de aura, a captura que não pode ser. Toda a primeira parte em que Marianne tem que pintar Héloise sem que ela saiba, de memória, faz com que "Retrato de uma jovem em chamas" dialogue com a dança. Não me refiro somente ao acompanhar e ao esmiuçar do gesto, mas ao vínculo da pintura e da dança como artes de memória, dadas essas condições. Existe algo a ser recomposto, recriado, algo sempre imperfeito diante do fugidio que acabou de passar, na total indissociação pré-moderna do gesto humano. Com isso posto, o filme constrói uma imobilidade somente aparente nas conversas, nas aproximações, no acompanhar, sendo que o que está apresentado é o esforço do registro de um movimento interno. Héloise deseja que seja visto e registrado por Marianne o fato de que ela muda, se movimenta, que dentro de si, acima de tudo, há o desejo do transformação. Daí só possível um retrato que ela queime, por dentro.


Se pensarmos na tradição da representação das mulheres na pintura, e no cinema, é revigorante ver um filme que se debruça por duas horas em que mulheres se vêem e que são vistas por outras mulheres, que registram esse ver, que esmiuçam essas possibilidades. Trata-se de uns dos grandes trunfos do filme de Sciamma.
Enquanto assistia, temi muitas vezes que a beleza excessiva, pelo tema plástico posto, tornasse o filme estéril, mas ele se revela muito maior na construção desse mundo de mulheres (radicalmente, não há homens personagens no filme), naquele cenário pacífico de revelações tranquilas. São cinco dias de um ideal. Ideal do amor que tem tempo para nascer, ideal da mulher que pode recusar uma nova maternidade, ideal de correr ao ar livre.

sábado, 16 de novembro de 2019

Showgirls (Paul Verhoeven, 1995)

Resultado de imagem para showgirls paul verhoeven

Rivette estava certo mas há muito mais além do que ele dizia sobre Showgirls. Aqui alguns apontamentos sobre o filme:
- Só existem conexões entre mulheres sem passado nesse filme e, mesmo sem conhecer o passado umas das outras, elas se vinculam.
- O filme existe no seu foco em Nomi por causa da primeira ruptura radical com uma figura masculina e a partir da primeira conexão radical com uma mulher. Uma coisa impressionante e bela em uma terra de homens miseráveis todos.
- Showgirls foi vendido a partir de sua "sensualidade" e "ousadia" mas é justamente sobre não haver nada sexy nele que reside sua importância. É um anti-prazer que talvez interessasse à Laura Mulvey, é uma alegria quase impossível nesse cenário, ou uma possibilidade luminosa única através das conversas que as mulheres travam e até mesmo de suas disputas que resultam em uma coisa qualquer completamente ambígua e nova, como é o caso de Nomi e Crystal.
- Toda corporealidade na esfera do sexual é nula ou agressiva. Toda corporealidade é significativa para nos mostrar a tensão presente em Nomi entre adequação e inadequação, vencendo sempre a última.
- Toda corporealidade é pulsante quando entre duas mulheres, em várias instâncias, na maioria das vezes, muito mais afetiva que sexual.
- A vulgaridade é algo que existe antes no mundo, em Las Vegas, e não do filme. A vulgaridade interessa o filme, as existências em meio a essa vulgaridade onipresente constituem o filme. O impossível belo naquele cenário só é possível em alguma persistência qualquer errante de Nomi.
- Impossível não pensar no Verhoeven viria a fazer em Elle tantos anos depois. Mais uma vez um filme sobre estupro, mais uma vez um filme em que nenhum homem sequer presta.
- Mais uma vez um filme radical, calcado nas ambivalências de suas protagonistas mas nunca ambivalente quando na potência do vínculo genuíno entre mulheres e do gigantesco cinema que nasce disso.

quinta-feira, 18 de julho de 2019

Matthijs e o oceano cor-de-rosa (acrílica sobre papel 42 x 30 cm)
Matthijs e o oceano cor de rosa (42 x 30 cm acrílica sobre papel)

https://quatroaventuras.tumblr.com/
Ainda sobre vetores, sobre história do Brasil, memória e a lei da gravidade, penso numa relação entre "Temporada" e "Café com Canela", como dois filmes que apontam pra frente, no que diz respeito ao não poder se dar o luxo de serem nostálgicos. A nostalgia no Brasil é um privilégio aristocrata que Glenda, Ary e André não podem ter e não querem. Tem memória, afeto, recuperação, sobrevivência mas a manutenção de qualquer coisa não lhes interessa (digo tudo isso pensando em Aquarius, filme que penso como vetor no sentido oposto, com disfarce de progressismo mas no fundo o verbo que se instaura nele é de manter manter e manter). É preciso ir pra frente, radicalmente modificar e é através da relação com as perdas que esses movimentos se operam, é no trauma, na persistência do chão que o seguir é mobilizado. Os dois filmes terminam em uma mesma direção. Um carro pegando no tranco e um aprender a andar de bicicleta, um reaprender, um reerguer duplicado, esperançoso e vivo. Não é um "pra frente brasil" nacionalista ditatorial, é um seguir em frente apesar da vida e apesar do Brasil.

segunda-feira, 17 de junho de 2019

Temporada, de André Novais Oliveira (2019)




O vetor de Temporada aponta pra frente, pra um futuro de esperança que é um acalento no asfixiante e sombrio Brasil 2019. Concebido por André Novais, em luminosa parceria com a atriz e dramaturga Grace Passô, a história de Juliana é de uma série de impedimentos. A perda da mãe, a não maternidade e o abandono do companheiro. Diante de todas essas negativas, essas derrubadas, de cenas várias que a gravidade age sobre seu corpo e assistimos a dificuldade dela de sair da cama, ainda assim, o filme aponta pra frente. Isso é revolucionário.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2019



Uma Canta, A Outra Não (Agnès Varda, 1977)

domingo, 13 de janeiro de 2019

Filha de Ninguém (Hong Sang Soo, 2013)


Haewon encontra sua mãe que em breve viajará para o Canadá para "fazer o que quiser." A mãe é enfática sobre o que deseja da vida. Haewon teme a sua partida mas acredita na necessidade verdadeira de expansão daquela que lhe criou. Essa primeira parte do filme Hong Sang Soo é uma preparação, é um fortalecimento. Deixar que a mãe vá é algo imenso que atravessa esse filme do cineasta sul coreano. Na segunda parte, o diretor Lee, amante da jovem, joga com seu emocional, tenta dirigí-la, controlar a relação e as medidas da exposição da história que vivem mas torna-se somente um bobo patético e covarde distante  da verdade da existência de Haewon. A primeira parte e a segunda parecem independentes mas se ligam profundamente, isso porque o fortalecimento fruto da ambivalência laço e desapego  da relação com a mãe constitui a mulher que Haweon será em suas relações, o tipo de coisa que valoriza e o que tem força para rejeitar. Ela é a filha de ninguém para ser também mãe de ninguém, de homem bebê chorão nenhum. 

domingo, 7 de outubro de 2018

it was lula's birthday
and we were talking about our love
it was lula's birthday
"the the" song playing
and you told me about happiness
and that you wanted to get old
it was lula's birthday and you told me about make me feel loved
it was lula's birthday
and we felt too young
saying mature things

it was the day before brazilian elections
the end of the world could come but
me and you
we found hope
and now I want say loud
and with an opened chest:


I want happiness for us
and for everyone

quarta-feira, 19 de setembro de 2018

segunda-feira, 17 de setembro de 2018


Aqui faço uma anotação propositalmente anacrônica. A câmera de Claire que, a partir de um olhar detido transforma as coisas e as melhora, está contida no procedimento de todo esse filme anterior, no díptico interno, complexo e lindo que tem o intuito único de dizer que a verdade está no detalhe.

terça-feira, 21 de agosto de 2018

quando eu segurei teu rosto
radicalmente próximo ao meu
e toquei tua nuca
sentindo teus cabelos extremamente curtos
a textura deles escapando da tua cabeça linda
eu pretendia alguma coisa.
quando olhei de perto demais teus olhos castanhos
profundos como são os olhos castanhos de quem se ama
eu queria era inventar uma lembrança nova
material
a lembrança impossível, pois material
a alegria imensa pois matéria e espírito.
o beijo é a melhor coisa que existe sobre a terra
movimenta a órbita dos planetas
eles  que se alinharam de tal maneira quando nascemos
para que um dia certas pessoas pudessem vir
a dar um beijo.
inventamos as bocas intermináveis
a língua em um mundo de frescor
de coisa nova
de um começo do amor que poderia ser provisório
e continua
com alegria

terça-feira, 29 de maio de 2018

A Câmera de Claire (Hong Sang Soo, 2017)

A operação bastante consciente de Hong Sang Soo em " A Câmera de Claire" é orquestrada, mais uma vez, por presenças destoantes de uma ordem (masculina) de não franqueza com as outras pessoas e consigo, ou de uma verdade masculina que escapa e revela um interior tirânico e desprezível. Em "Certo Agora, Errado Antes", o díptico interno de que o filme é composto existe para sentirmo os peso e a beleza que a verdade carrega, e o modo como modifica uma história. Em "O Dia Depois", é preciso para Hong Sang Soo eclipsar todo e qualquer personagem, e faz isso com as personagens femininas de modo grosseiro, para ressaltar a beleza da verdade da personagem de Kim Min Hee. No imenso "Na Praia à Noite Sozinha", é o confronto pela imensa verdade da existência e das palavras de Kim Min Hee, lançadas contra o precário masculino do diretor e de todos os homens que vê pela frente, que alimenta essa obra e a ilumina. Só as mulheres prestam naquele universo. Todos esses filmes compõe um projeto de estudo da miséria masculina através de personagens femininas que instalam uma ordem fascinante e transformadora de um modo mesquinho e cretino de viver. "A Câmera de Claire" traz um elemento desestabilizador a mais: Isabelle Huppert e sua câmera que muda as coisas. Transformou, modificou. A mesa fora do bar que era uma lembrança triste de uma demissão virou a mesa que testemunha uma conversa sobre a vida ter jeito. Essa transformação é um feito da personagem e desse cinema.

segunda-feira, 28 de maio de 2018

terça-feira, 1 de maio de 2018

mapa mundi

a proposta
amorosa
que te faço
é de um mapa novo
colorido
sua forma é de saquinhos de açúcar
bilhetes de museu
e de beijos dados lá fora
na calçada

uma geologia nova através das esculturas
um turismo errante das ruas que se abrem
pelo amor e descoberta

lugares pequenos
a maior cidade da américa do sul
(rio sozinha de te imaginar esperando o metrô da linha vermelha pra vir me ver)
uma outra cidade banhada por um rio
vivo
um hemisfério norte de saudade
que não conheço
cartografia pessoal
também pra onde se viaja
com o outro só em pensamento
uma geografia ainda por nascer
mapa mundi do desejo de ficar contigo
por toda parte

o mapa tem a forma do movimento
alegre seu rolando até o meu lado da cama

domingo, 22 de abril de 2018

estudo sobre cor e dança

Dança no amarelo

domingo, 15 de abril de 2018

Sergio me diz que Agnès Varda é cerebral, que ela enviou aquela boneca dela de papelão e foi lá participar da festa do oscar sabendo que ia perder porque fazer isso é ganhar de outra maneira.
No meio da rua, na marquês de itu, eu e ele passamos a nos questionar sobre quantas vezes não teríamos feito o mesmo, reinventado a vida para ganhar de outro jeito, não seria isso o que estamos todos fazendo a colorir os arredores de onde Lula está? Não seria isso ganhar de outra maneira?

terça-feira, 13 de março de 2018

segunda-feira, 12 de março de 2018

domingo, 21 de janeiro de 2018

sonhei demais
A rosa
não buscava ciência nem sombra:
confim de carne e sonho,
buscava outra coisa.
A rosa
não buscava a rosa:
imóvel pelo céu
buscava outra coisa

(Federico García Lorca)

segunda-feira, 15 de janeiro de 2018

logo será fevereiro

a saudade é norte
como disse o artista brasileiro
a distância nunca é menos de mil
desde que deixei a casa em Timon
desde que levei o homem ao aeroporto de Ezeiza
é sempre preciso um avião
vôo do coração
quando avisto o rio estou mais perto
quando as pedras cercam o ônibus que chega ao amanhecer é que estou mais perto ainda
o frio que congelou o lago eu veria se chegasse agora pra ele
na sua cidade pequena de computadores, imigrantes alemães e bem-estar social.

em 2018 beijamos telas de celular e computadores
fazemos video-chamadas
e ainda choramos em travesseiros brancos
o difícil
a distância que se reinventa de hora em hora
a geografia das coisas
dos amores
que ocupam o peito e os pensamentos todos os dias

segunda-feira, 1 de janeiro de 2018





Aqui deitada nesse primeiro dia do ano me vem na cabeça Aprile, de Nanni Moretti, filme da minha formação. Ainda na escola, aos 17, comprei o dvd com dinheiro de aulas particulares e assistia toda semana. Aprendi ali a ocupar mais a vida com o que faz nosso coração bater com alegria, sem perder de vista a luta. Deve ser por isso que penso nesse filme hoje, filme de véspera de nascimento de filho, de eleição e de véspera de eleição, filme vermelho. Este filme é minha bandeira carinhosa nesse primeiro dia do ano.

segunda-feira, 25 de dezembro de 2017

Tennessee Williams, 1945

quinta-feira, 21 de dezembro de 2017

faz-me lembrar
um filme do Rohmer
ou o toldo vermelho
do Joaquim Manoel
Quando penso em ti
eu esqueço o lixo
que de manhã faz barulho
à minha porta
Pareces-te com o tempo
das amendoeiras
Tens tudo a ver com
a escadaria semi-invisível
que o mágico escavou
no rochedo atlântico
Sim tu pareces o Verão
(...)
Fazes lembrar a alegria
de um risco na parede
desenhado a carvão
pela criança da manhã
É no verde dos teus olhos
que eu treino a disciplina
de uma explosão sossegada
que se vai revelando devagar
ao ritmo das estações concretas
E já agora é também no amarelo
dos teus olhos que eu descanso
da guerrilha do mundo moderno
Aqueles que nos fez esquecer
a gargalhada de David
quando derrotou o gigante
(mas olha há sempre um riso
ecoando lento na caverna)
Estamos aqui para vencer a dor
E teu rosto diário faz lembrar
a vitória do tempo sobre o tempo
Porque afinal de contas tu
te parecer muito com a promessa
de uma fé vagarosa & livre
Pareces a coragem, pareces a paz
Pareces mesmo a madrugada egípcia
sobre a qual voa um passarinho.

(Matilde Campilho)

quarta-feira, 20 de dezembro de 2017

Há dois dias sonho com as crianças de uma determinada turma. E elas ficariam chateadas se me vissem chamando-as de crianças no alto dos seus 13, 14 anos. O pianista, a feminista, o mágico cineasta, o mago dos efeitos especiais, a artesã, o jogador de basquete que ama Star Wars (o que terá achado ele do último filme?), o ator que também canta hardcore, o apaixonado por Chaves, o que sempre ri e ama Stranger Things, aquele que canta e desvenda mistérios de computadores, o grafiteiro, o amante de rap nacional que imita um homem velho com sotaque nordestino como ninguém, o aficcionado por tecnologia. Enquanto na minha cabeça listava cada uma dessas lembranças imediatas de cada uma das crianças, pensei na canção de Charles Aznavour. Les comedièns que diz "Viens voir les comèdiens, les musiciens, vien!". Vem ver todo essas pessoas que fazem morada no meu coração.

sábado, 16 de dezembro de 2017

Johnny Guitar



Em fuga, Johnny sacode a ponta do vestido de Vienna para apagar o fogo
 é o que me chama a atenção Matthijs
depois de eu notar
que Johnny também a ajuda a ajustar um cinto
quando os dois tem que trocar as antigas roupas por novas e secas.
Vienna não precisava
Poderia salvar-se sozinha, tirar o fogo do vestido branco com as próprias mãos
ajustar o cinto reiterando a firmeza que tem
Nicholas Ray decide focar nesse detalhe por uma sabedoria de cinema
revelação de uma intimidade qualquer desses amantes
cheios de um passado que mal conhecemos
mas que fazemos ideia e nos fascina
por tudo que contem gestos como esses.
Johnny Guitar dá título ao filme e está lá para servir
Doar-se por Vienna, é o que pode fazer diante da imensidão daquela presença
Como se fosse tudo que pudesse dar para, quem sabe,
ganhar o título do filme com seu nome
Título sonoro, belo
como sua música
Ah! E sua música ele nos dá. Ela pede
Nela também o passado misterioso de amor está
Toca, Joãozinho!