@ tainah negreiros

sexta-feira, 27 de maio de 2016

Ícaro (Matisse, 1947)

Matisse diz que essas "imagens de timbres vivos e violentos" que compõe a série Jazz vieram de cristalizações de lembranças do circo, de contos populares ou de viagens. Gosto muito desse coração. Sem nenhum excesso. Ele esteve sempre aí mas só reparei com gravidade esses dias. Foi como a ponta amarela do nariz de Amélie Parayre. Desconcertante.

quinta-feira, 26 de maio de 2016

Documenteur (Agnès Varda, 1982)



Uma mulher recém separada. Sabemos pouco. A relação com o marido não deu certo após a mudança para os Estados Unidos. Ouvimos as impressões bastante denotativas dela sobre o que vê. Imagens de pessoas e do novo lugar convivem com as palavras dela em cena. Agora ela segue sozinha com o filho. Procura uma casa. A monta com objetos encontrados no lixo. Procura emprego, escreve, observa o mundo novo em volta, se questiona sobre a felicidade.
Delicado filme de Agnès Varda. Mais uma mulher sozinha, mais uma mulher que segue em frente e aos poucos se reconstrói. Em muitos momentos lembra Suzane, de Uma Canta Outra Não, na sua reconstrução calma. É o que eu mais gosto no filme: o tranquilo refazer-se. Mesmo com sofrimento. Passos dados aos poucos. Breves e significativos lampejos de esperança.
Varda a mostra sozinha, nua, na cama em frente a um espelho, não sendo a mãe, não sendo esposa. Em um momento de procura de identidade, de reconquista do corpo, de redescoberta dele. Fascinante interesse da Varda pelas mulheres sem homens e por suas trajetórias. Aqui mais uma vez o que ela consegue mostrar é belíssimo. E calmo.

sábado, 14 de maio de 2016

I'm telling them that you're in an odyssey

(Cavalos em pastel, Kath Bloom)


 esse album é do ano passado. das que mais admiro no mundo. onde eu estava quando isso aconteceu? todo mundo sabe.
derrubaram uma mulher
mais uma

domingo, 8 de maio de 2016

Recuperei um quadro meu que estava fora de casa por paixão, minha.

Coloquei na parede lateral do quarto pra que ele deixasse de ser da lembrança mas sim de novo meu e pudesse voltar a circular.

Já olho pra ele e rio da minha imaturidade artística

que talvez seja minha condição atual ainda

e gosto. muito.

quarta-feira, 27 de abril de 2016

Uma decisāo radical na madrugada sem sono: ler um livro que não acrescente nada nem para o capítulo da tese que escrevo nem para um concurso que pretendo fazer. Algo que não represente nenhum avanço em meio a correria. Uma leitura inutilmente necessária. Uma pequena rebeldia no quase amanhecer.
deus me livre de ter medo agora depois que eu já me joguei no mundo.

quarta-feira, 20 de abril de 2016

domingo, 3 de abril de 2016

eu só quero que deus me ajude e o menino muito mais também

(e como fui longe numa tarde com mamãe e papai, em outra casa, em outro lugar, em que deveriam ouvir muitas vezes o disco bicho)

quarta-feira, 30 de março de 2016

sábado, 26 de março de 2016

La Captive (Chantal Akerman, 2000)


Mulheres livres, homens loucos.

sexta-feira, 18 de março de 2016

o que é que foi? o que é que tens? o que que se passa?
o que é que te dói?

sábado, 12 de março de 2016

Coração de cachorro cansado das promessas não cumpridas de tranquilidade feitas a ele
e que nem por isso deixa de querer pacificar

domingo, 6 de março de 2016

 nessa manhã penso nos caminhos para que esse último quadro que fiz fosse vermelho.

sábado, 5 de março de 2016

Assim, em minha juventude, quando a gente saía do cavalete, tinha um sentimento de felicidade ou de descontentamento  conforme a coisa tivesse andado melhor ou pior, mas perdia-se qualquer contato com o quadro em andamento.
Além disso, os pintores mudavam de quadro de hora em hora, segundo as alterações que luz imprimia nos objetos com o curso do sol (Manet, Marquet). Não visitavam o Louvre para não se enterrarem lá dentro, isto é, perderem o caminho. Mas olhavam os japoneses, porque mostravam cor.

(....)

Quando um mestre trabalha com simplicidade e com grandes relações, é porque  seu sentimento recusa as coisas complicadas que não lhe chegam diretamente e que não vão sem rodeios aos sentimentos dos outros. O que às vezes é tido como defeito, como falha, torna-se assim uma qualidade essencial.

(...)

Depois de ter tornado conhecimento de seus meios de expressão, o pintor deve se perguntar: "O que eu quero?", e em sua busca, tentando descobrí-lo, avançar do simples para o composto.
Se ele souber se manter sincero em relação ao seu sentimento profundo, sem trapaça nem indulgência consigo mesmo, sua curiosidade não o abandonará, e tampouco, até idade muito avançada, seu entusiasmo pelo trabalho árduo e a necessidade de aprender com sua juventude passada.
Existe coisa mais bonita?

Matisse (Paris, 1945)

terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

sábado, 13 de fevereiro de 2016

domingo, 7 de fevereiro de 2016

Plum blossoms, green background (1948)

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

 o homem veio sozinho até a caverna
de frente para o oceano.
todas as mãos têm o mesmo tamanho:
ele estava sozinho.

o homem, sozinho na caverna, olhou,
em meio ao barulho
– ao barulho do mar –
a imensidão das coisas.
e gritou.

você, que tem um nome;
você, que tem uma identidade,
eu te amo

(...)
eu sou aquele que chama
eu sou aquele que gritava há trinta mil anos
eu te amo

As mãos negativas, Marguerite Duras (1978)
para Laura, com carinho

sábado, 30 de janeiro de 2016

Pasolini

 Ferrara trata os últimos dias de Pasolini como um mistério. O mistério que há numa existência vibrante que se vê séria diante das percepções que tem sobre o mundo. O mistério de sua existência. Ponto. O mistério que se firma nessa escolha por filmar o privado, o íntimo desse último dia desse sujeito tão público. O grande íntimo diz sobre o imenso que é público.
Ferrara faz isso através de uma observação da presença do artista entre aqueles que o queriam bem, que o conheciam há muito tempo, ou diante do jornalista que tenta arrancar de forma frustrada dele algo que não seja sua imensa verdade sobre nossa existência e sobre os seus rumos. O Pasolini de Ferrara e Dafoe parece entender que esses caminhos dizem respeito a ele muito pessoalmente. Todo seu caminho é triste, quase premonitório.
Várias das imagens mostradas por Ferrara são como vazios da famosa narrativa sobre sua morte. O que ele teria comido? Que conversas teria tido? Que olhares teria dado para o jovem que ajudaria a matá-lo? O que se contou não ajudava em nada a entender quem ele era.. Esses momentos de intimidade sim.
até aqui muito azul hortência, muito amarelo desaturado e um verde que misturo com um pouco de azul cobalto. para esse ano talvez mais vermelho.

sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

essa história de gostar de alguém já é mania que as pessoas tem.
The Raven, de David Inshaw (1971)


I sleep like a soldier, without rest
but there is no treason,
where there is only lawlessness
(Soft as Chalk, Joanna Newsom)

segunda-feira, 25 de janeiro de 2016


No nosso começo de ano pudemos tocar nas pedras de antes do tempo.

domingo, 10 de janeiro de 2016

frágil
de mim sentem compaixão
tudo me agride
menos joanna newsom

segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

Viajei sem meu livro de escritos do Matisse e essa tarde senti falta do que diz. Nesse contexto, me perguntei o porquê de gostar mais dele que de tantos outros grandes da pintura. Suspeito que por um entendimento. Ele fala um pouco disso ao mencionar um colega que o entendia por desprivilegiar a forma em determinado quadro, nesse caso era o da moça deitado no roxo mais bonito que ele já viu, em detrimento da presença desse roxo meio lilás e da suavidade do gesto demonstrada na sua simplicidade. Algo que poderia ser vista por muitos como grosseira. Matisse diz de forma enfática que esse amigo o entendia.

É como um raridade partilhada que não nos suspende nem nos melhora, é uma questão de amparo.

Um outro milagre da compreensão aconteceu esse ano com a Kira Muratova em um mês importante de descoberta. Esses dias tem sido com Joanna Newsom que parece ser a única a não me agredir. Ela segue como que acenando com a cabeça pra mim que sim, quase posso vê-la dizendo que tudo pode dar certo. Temos nos entendido muito bem.

sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

que saudade da minha criançada crescida de treze anos que ama rihanna e diz que os cachorros são deuses.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

pintando joanna por gratidão
espero poder, como ela
mudar o tempo verbal do verso "I am blue"
para o passado

domingo, 13 de dezembro de 2015

so, so long ago
and so far away,
when time was just a line

sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

sexta-feira, 20 de novembro de 2015