@ tainah negreiros
sábado, 7 de abril de 2012
quarta-feira, 28 de março de 2012
Há algumas semanas tenho chorado no banheiro de pensar na minha casa. Acontece no banheiro porque descobri um sabonete glicerinado verde que me lembra o lugar, no começo da minha vida na casa em Timon, me faz pensar na mudança, na bagunça dos móveis no começo, lembra dias mais recentes também, meu quarto, tem cheiro da minha mãe, do meu pai, do arthur, dos meus amigos e dos gatos que viveram com a gente lá.
Outro dia fui a Timon por um motivo triste e enquanto me aproximava da igreja, distraída, reparei nas pedras da calçada, e não pensei na igreja, em nada daquilo, até porque não a frequentava, mas em todos os dias que passei por lá na volta da aula, com os amigos, segurando uma bicicleta, conversando, correndo, suada, de dia e de noite. Pensei que a memória é mesmo imperfeita e incompleta e por isso dolorida. Pensei também, mais uma vez, que o que fica entre os vazios da sua incompletude é poderoso demais.
sábado, 10 de março de 2012
"Rohmer é, como o seu comparsa (Rivette), um cineasta da realidade, que prefiro chamar da vida, mas ao tom mais contemplativo e ascético de Rivette (sim Mizoguchi), em Rohmer a vida aparece como coisa não somente reconhecível mas sim total.
Porque se os filmes de Eric parecem os mais fáceis do mundo, são, não tenho dúvidas, os mais intrincados – a vida não cabe num bloco de uma penada, mas cabem contos do humano, que é o que a câmara singelamente capta."
(daqui)
segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012
mulheres de vermelho, mães de vermelho
![]() |
(Mulheres à beira de um ataque de nervos - Almodóvar - 1988) |
Y las damas vestidas de rojo para mi dolor y con mi dolor insumidas en mi soplo, agazapadas como fetos de escorpiones en el lado más interno de mi nuca, las madres de rojo que me aspiran el único calor que me doy con mi corazón que apenas pudo nunca latir, a mí que siempre tuve que aprender sola cómo se hace para beber y comer y respirar y a mí que nadie me enseñó a llorar y nadie me enseñará ni siquiera las grandes damas adheridas a la entretela de mi respiración con babas rojizas y velos flotantes de sangre.
(Alejandra Pizarnik - Poesía Completa - Argentina, 2011)
sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012
paisagens da memória
"Se abrirmos as pessoas encontraremos paisagens, se me abrirem encontrarão uma praia"
É com a emoção de ter visto ainda esta tarde "As praias de Agnès" de Agnès Varda que me arrisco em um rabisco sobre ele, sobre esse enorme e importante filme que melhorou esse dia.
O filme é sobre o trabalho doloroso e bonito de recolhimento das memórias, dos seus fragmentos, dessa composição de um quebra cabeça sempre incompleto - aqui usando a metáfora que ela propõe no filme. Mas não basta falar de organizar, unir, é preciso falar e mostrar quem se juntou e se junta a ela para construir essas memórias e reconstruí-las, a memória e sua recriação são para diretora também uma experiência em comunidade, de partilha. Emocionante ver as pessoas, como em um filme Hirokazu Kore-eda, recompondo as paisagens e os detalhes de que ela lembra. Trata-se de um revisitar constituinte, fruto desses encontros, desses contatos, das cores dos pintores que inspirarão este ou aquele filme, do feminismo nascido no cotidiano, na sua raiva revelada nos gestos de Sandrine Bonnaire, no amor que não passa.
Chorei, chorei de alegria porque talvez esse seja o drama maior, o drama da memória que lida com a morte e com a eternidade, com as paisagens de nossa memória, e com o mistério dessa vida vivida junto com as outras pessoas.
Resta agradecer a ela pelo filme esperançoso e por expor tão sinceramente suas paisagens interiores.
sábado, 14 de janeiro de 2012
domingo, 8 de janeiro de 2012
narrativa e esperança
Dama na água na tv e a noite fica cheia de coisas. Shyamalan
desorientando meio mundo quando mais uma vez adianta com um grande
passo seu projeto de filme de crença, sua investigação sobre o que nisso
é ligação, comunidade, oralidade. Me fez pensar na defesa da narrativa de Benjamin, no convite dos dois à esperança através do que se repassa, das transformações que a oralidade e a narrativa permitem, no que nela é potência e vulnerabilidade, e de como isso diz de um mundo que carece de ser reinventado. Dama na Água é tão bonito, tão comovente e deixa nossos olhos tão desacostumados, isso porque parece que tudo é feito pra desmontar o
cinismo, o cinismo que quer dizer se acostumar a olhar. Pra ele é
assim, se desmonta cinismo é indo fundo numa história que pode ter sido
inventada por sua filha, pelo desprendimento, a liberdade e o frescor desprotegido que este modo de ver traz.
quinta-feira, 5 de janeiro de 2012
Tom Zé, São Paulo e os filmes pela rua
Tom zé me faz gostar mais de São Paulo. Ouvir de manhã e querer andar pela cidade, pelo centro principalmente, descer a Ipiranga, chegar à Luz, achar o Brás o máximo, comprar grão do almoço do dia seguinte, voltar, passar pelo viaduto 9 de Julho, encontrar Helena Ignez em um almoço vegetariano e pertubador, subir pra Paulista, gostar de cinema, andar pela rua e pensar em filmes que falam da rua, pensar em Habemus Papam, em filme do Rohmer, na sensação de ir pra rua depois de um filme de Pedro Costa visto no centro. Subir, descer, voltar pra casa e ver a torre da band da janela como se fosse uma coisa romântica.
terça-feira, 3 de janeiro de 2012
I am not an intellectual like these youngsters. I never was. I am not at all interested in theories about cinema. I am only interested in images and people and sound. I am really a very simple person - Claire Denis - 2010
I was never very interested in my own experience, I think in fact, if my films have a common link, maybe it's being a foreigner - it's common for people who are born abroad - they don't know so well where they belong. It's not the kind of thing you find in literature, music or photography - being from abroad makes you look different.
I would not say the word bourgeois, but I always consider that to make a film - all that energy, all that money - was to put the camera in the direction of the people I want to see and not the people I watch on TV. I don't speak of the opposition between bourgeois and not bourgeois because there are some aspects of the bourgeoisie that you don't see on TV either, you know. I think to make a film, the minimum is to be solidaire, how do you say that in English - solidaire?
(aqui)
domingo, 1 de janeiro de 2012
sábado, 31 de dezembro de 2011
winter wooskie
Tinha esse filme do Ted Demme que via mil vezes na adolescência. A primeira experiência com ele foi na tv pela metade, já sofri e amei junto, depois dezenas de locações seguidas, até comprar em vhs, emprestar, perder, pra depois Arthur baixar e eu ainda achar tudo incrível.O William de Timothy Hutton volta à sua cidade Natal congelada, para uma casa sem a mãe, com o irmão meio maluco, o pai solitário, levando a decisão de casar ou não com a garota quase perfeita de NY. Na cidade estão os amigos de infância ainda deliciosamente apaixonados pelas mesmas garotas e agindo tortamente por isso. "Beautiful girls" é o título original, entre as belas garotas há uma Mira Sorvino chorosa, Uma Thurman andando sob a neve enquanto toca a lindona fool do cry dos Stones e Martha Plimpton zangada. Ainda assim o filme é de Natalie Portman e Timothy. A vizinha pré adolescente que se apaixona por William e o apaixona é coisa linda. Marty. As Martha? Não? De Martin, o avô que não conheceu.
William da janela falando com Marty chorosa depois da chegada da sua namorada, coisas assim, e eu me desmanchando e abrindo olho numa paixão adolescente por eles e pelo cinema.
quarta-feira, 16 de novembro de 2011
"Habemus Papam" de Nanni Moretti
Quantas vezes não pensamos no quanto a religião ou todo o falatório católico esteve e está distante da vida? O filme de Nanni é sobre este isolamento, alienação e mais que isso: sobre o peso de algo que não interessa a este homem, sobre decidir se voltar para humanidade, no que há de mundano nela, e não para o que a "santidade" poderia lhe oferecer.
Levar seu papa pra rua, depois de adentrar em todo misterioso e cômico ritual católico, é uma proeza que nos traz o Nanni, na comicidade de tudo aquilo, o que temos é uma rara beleza de descoberta da cidade, das pessoas. Trata-se de uma lindíssima recusa de poder, de centro e de escolha pela vida, pelo miúdo dela. Do homem, que apesar da recusa, não se retira de dizer de uma necessidade de mudança, da força que exige essa necessidade de mudança, e como sabemos, ao acompanhá-lo nesta andança pela cidade, como se ela fosse uma coisa toda nova, que o que é preciso é se voltar para o cotidiano, e que a religião, qualquer que seja ela, perceba tudo isto.
segunda-feira, 7 de novembro de 2011
notas sobre rohmer
Já escrevi uma vez aqui no blog da sensação que sempre tenho depois de um filme do rohmer, de querer sair andando, andando até que algo aconteça. Ontem fiquei pensando nisso, e fiquei pensando na crença na câmera e na construção que tem para filmar como filma, para que algo deliciosamente aconteça nos seus filmes. É um anti-cinismo comovente, é ainda poder acreditar na matéria vida sem constrangimento.
Acontecer parece ser um verbo importante para falar do cinema dele, porque o que veremos, e o que é comovente não é nada grande ou que cause impressão óbvia, o que se dá, como na mulher do Conto de Inverno que vai vivendo a vida com o desejo, sem saber pra onde ir, mas que mesmo desorientada, quando reencontra o homem do verão vai arrumando suas coisas, entrando e saindo do quarto como se algo tivesse dado certo mesmo, vai achando um jeito logo de seguir, vai vivendo. Toda a cena do reencontro no final do filme é reveladora do que há de mais singular neste cinema, em todo o despojamento que na verdade é fruto de um cuidado que se estabelece nessa relação com o real, para que as coisas mais simples e bonitas surjam, como é o olhar de reencontro, a surpresa da criança que reconhece o pai, a loucura dela que mentiu seu endereço e a tranquilidade amorosa do homem com as novas notícias. É difícil falar do que é maravilhoso de sentir neste filme de Rohmer, conseguir que vejamos isso, todas estas pequenas explosões da vida, é muito, é demais.
domingo, 16 de outubro de 2011
claire denis e seu "bom trabalho"
E não parou por ali a paixonite pelo cinema de Claire Denis e suas maravilhosas colaborações nestes filmes. Não podia deixar de falar de "Bom Trabalho", dessa livre adaptação de Billy Budd de Herman Melville, uma obra prima sobre corpo, desejo, poder em que Grégoire Colin vem como um Terrence Stamp no "Teorema" de Pasolini para desequilibrar os ânimos do chefe do grupo de homens da Legião Estrangeira, um Denis Lavant soberbo. Mas acima de tudo é um filme sobre dança, ou da dança como recurso para dizer, dizer de uma tensão. Nada como a dança para falar desta tensão dos corpos, do que nisso é desejo, violência, poder, desorientação. E como não falar da cena final - Qual o oposto de morrer? Viver? Não, dançar.
sexta-feira, 23 de setembro de 2011
sobre o cinema de Claire Denis
Esses dias Claire Denis vem se tornando das diretoras preferidas, e a certeza veio com U.S Go Home. Até a retrospectiva só tinha visto Trouble Every Day e White Material. Agora o primeiro visto foi Chocolate, filme do retorno a África da sua infância, ao que é doce e o que está longe de ser naquelas relações. A maravilhosa cena final ainda não tinha saído da cabeça até o dia seguinte pra ver Noites sem dormir, até a Paris de transeuntes, ilegais, quartos de hotéis, shows de travesti, em cenas de amor de prédios que jamais seriam filmadas senão por ela (ou por Pedro Costa talvez).
O cinema de Claire Denis ainda fascina mais pela impossibilidade de ser emulado, ele é tanto construção e conjunto que não basta uma estética, não basta um tema, não basta um lugar, é um conjunto de interesses genuínos, de dedicação e de liberdade para deixar que estas escolhas sejam levadas aos extremos, aos limites da vida. E foi assim que segui até U.S Go Home, aquela sensação "de não fazer idéia" maravilhosa que há em todos os seus filmes está lá também, não dá pra imaginar nada a não ser ser levado pelas experiências adolescentes aparentemente tão simples, e tão deliciosa e irresistivelmente filmadas por ela. Não basta virtuosismo pra filmar assim, ou a velha e boa sensibilidade celebrada do cinema contemporâneo, é preciso atenção, exercício e liberdade. Sentidos livres pra deixar os planos e situações seguirem até onde não se prevê e onde a vida muitas vezes leva.
sábado, 17 de setembro de 2011
a linda canção sobre ser travesti e uma foto de nan goldin
menopause man
(ariel pink's haunted grafitti)
mental woman, born of man
born of woman, mental man
change me, I'm changing day to day
lady, I'm a lady from today
neuter me
spay my heart
so just come on girl
saturn star
trying too hard
to be yourself
said you're trying too hard
to be what you are
make me maternal, fertile woman
make me menstrual, menopause man
rape me, castrate me, make me gay
lady, I'm a lady from today
trying too hard
I know you're trying too hard
you're trying too hard
to be what you already are.
(ariel pink's haunted grafitti)
mental woman, born of man
born of woman, mental man
change me, I'm changing day to day
lady, I'm a lady from today
neuter me
spay my heart
so just come on girl
saturn star
trying too hard
to be yourself
said you're trying too hard
to be what you are
make me maternal, fertile woman
make me menstrual, menopause man
rape me, castrate me, make me gay
lady, I'm a lady from today
trying too hard
I know you're trying too hard
you're trying too hard
to be what you already are.
quarta-feira, 24 de agosto de 2011
you had a black shirt on with a big picture of Nietzsche
Discos e uma época, filmes e um tempo. Discos, filmes, lugares que saíamos e alguma casa que vivemos. Estou pensando esses dias em um projeto chamado "memórias de casas": casa em timon, em curitiba, são paulo, teresina e os pensamentos ligados a estes lugares como imagens, como sons, como músicas. Memórias do rio.
Esses discos do jens eu acho a cara dessa amizade amorosa, ou desse amor amistoso meu e de Arthur e dos lugares por onde a gente vai passando, conversando e vivendo essa vida.
quarta-feira, 17 de agosto de 2011
domingo, 24 de julho de 2011
minha mãe guarda meus travesseiros e lençois
pra proteger da poeira
pra que eu não espirre
faz um bolo de laranja, tarde da noite
um suco de maracujá pra que eu durma bem,
fique calma, muito calma
tudo isso depois de muito trabalho,
um trabalho que exige uma doação pelo outro
é incansável
incansável é a minha mãe
quando o que está em questão é fazer feliz
pra proteger da poeira
pra que eu não espirre
faz um bolo de laranja, tarde da noite
um suco de maracujá pra que eu durma bem,
fique calma, muito calma
tudo isso depois de muito trabalho,
um trabalho que exige uma doação pelo outro
é incansável
incansável é a minha mãe
quando o que está em questão é fazer feliz
quinta-feira, 26 de maio de 2011
andei pisando pelas ruas do passado
criando calo no meu pé caminhador
dançando um xote,
tropecei com harmonia na melodia de "Pisa na Fulô"
andei passando como as águas como o vento
como todo sofrimento que enfim me calejou
terei futuro deslizando no presente
como o cabelo no pente que penteia meu amor
(alceu)
criando calo no meu pé caminhador
dançando um xote,
tropecei com harmonia na melodia de "Pisa na Fulô"
andei passando como as águas como o vento
como todo sofrimento que enfim me calejou
terei futuro deslizando no presente
como o cabelo no pente que penteia meu amor
(alceu)
segunda-feira, 25 de abril de 2011
quinta-feira, 14 de abril de 2011

ouvindo zii e zie
(e a gente cantando junto na praia, ainda isso)
estou tomada por essa imensidão
por Sophia, por Tito
por duas mães
em alguma hora desconfiei que os carros também me dariam bom dia e ririam
porque todos me receberam tão bem...
cada uma dessas pessoas
na casa da minha irmã
na celebração da mari
a muzanga do camdomblé, o rezar de preto é alegre, lindo
do rio que eu não conhecia nem por foto, nem por canção.
E as longas conversas no ônibus com a cidade sobre nós devem ficar, sempre.
sábado, 12 de março de 2011
paisagens fluviais

três canções de tetê espíndola
são o bastante
uma manhã
eu criança, em timon, andando com meu pai
achando que a cidade era grande
depois descobri que aquele lugar onde tinha a árvore
que achava que era longe
era bem pertinho de casa
a dor do tempo, a ferroada do tempo
uma beira de rio
lembrei também de um sete de setembro
na jaime rios
me confundo sobre quais amigos estavam comigo, mas sei bem qual era o dia
uma sensação quase exata
a rua quatro
outra rua, aninha deitada na calçada
e um outro dia também, um zé pereira
a dor do tempo, a ferroada do tempo
quinta-feira, 10 de março de 2011
pequenas histórias de curitiba
uma professora dedicada
um aluno dedicado
ele trabalha em um lava carros depois da escola
lê clarice na aula
fuma maconha depois
e sabe tudo do que eu dei sobre guerra fria, tudo mesmo
ela recém deixada pelo marido idiota
prepara e pensa as aulas muitas muitas vezes antes
é muito justa
percebe em muriel uma delicadeza na leitura dos textos
é um menino incrível mesmo
uma emissora de tv quer um bom exemplo na escola pública
ela lembra dele
chama, avisa sua família
a emissora não vem
e eu ouvi tudo e senti muita muita raiva
eles assim, magoados por desinteresse
o que é mais distante e oposto do que eles despertam e merecem
--.--
eu e rafa na parada
reclamamos do preço da tarifa
alguns alunos entram pela saída, sem pagar
e ela
se eu não fosse professora
faria que nem eles
--.--
o aluno me pergunta se vale a pena se professora
eu digo que vale
se conseguir viver com pouco
com um casaco só, em uma casa de um cômodo só
ou se for sem filhos como eu
e poder escolher dar poucas aulas
ele diz que pensou nisso
mas que o pai queria que fosse engenheiro
--.--
último dia de aula do semestre
meu último dia no terceiro b
aulas liberadas
vou chegando num frio de lascar
com o visual boneco de neve de julho em curitiba
encontro valdeci na porta
ele deseja que dê tudo certo na minha vida
um aluno dedicado
ele trabalha em um lava carros depois da escola
lê clarice na aula
fuma maconha depois
e sabe tudo do que eu dei sobre guerra fria, tudo mesmo
ela recém deixada pelo marido idiota
prepara e pensa as aulas muitas muitas vezes antes
é muito justa
percebe em muriel uma delicadeza na leitura dos textos
é um menino incrível mesmo
uma emissora de tv quer um bom exemplo na escola pública
ela lembra dele
chama, avisa sua família
a emissora não vem
e eu ouvi tudo e senti muita muita raiva
eles assim, magoados por desinteresse
o que é mais distante e oposto do que eles despertam e merecem
--.--
eu e rafa na parada
reclamamos do preço da tarifa
alguns alunos entram pela saída, sem pagar
e ela
se eu não fosse professora
faria que nem eles
--.--
o aluno me pergunta se vale a pena se professora
eu digo que vale
se conseguir viver com pouco
com um casaco só, em uma casa de um cômodo só
ou se for sem filhos como eu
e poder escolher dar poucas aulas
ele diz que pensou nisso
mas que o pai queria que fosse engenheiro
--.--
último dia de aula do semestre
meu último dia no terceiro b
aulas liberadas
vou chegando num frio de lascar
com o visual boneco de neve de julho em curitiba
encontro valdeci na porta
ele deseja que dê tudo certo na minha vida
terça-feira, 15 de fevereiro de 2011
ainda bem que eu tinha visto aquele rohmer das duas meninas
quando se olha uma pintura não se diz nada
só silêncio
dizia mirabelle
tirei a tarde pra ver as pinturas do arthur
outro dia eu tinha lhe pedido pra colocar as que vi na parede
como mirabelle, ele me disse
"você lê textos, ou poemas, o dia inteiro?"
é, não faz sentido vê-las o dia inteiro
não aguentaria
fiquei em silêncio, mas concordei
hoje foi grande, entendi o filme do rohmer inteiro
o entendi um pouco mais
uma lição de pintura
e de lidar
quando se olha uma pintura não se diz nada
só silêncio
dizia mirabelle
tirei a tarde pra ver as pinturas do arthur
outro dia eu tinha lhe pedido pra colocar as que vi na parede
como mirabelle, ele me disse
"você lê textos, ou poemas, o dia inteiro?"
é, não faz sentido vê-las o dia inteiro
não aguentaria
fiquei em silêncio, mas concordei
hoje foi grande, entendi o filme do rohmer inteiro
o entendi um pouco mais
uma lição de pintura
e de lidar
quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011
i have a love. i have a love for this world, a kind of love that will break my heart

Jens days, eu diria. Este deslocamento do íntimo ao coletivo de que ele fala muito me interessa. É como um maravilhoso movimento de ir e vir entre nós mesmos e os outros, entre nós mesmos e o mundo. Quando ouvimos de um romântico como ele, sobre essa necessidade de se deslocar, de entender os motivos do mundo é comovente. É como ele canta quando vê a menina na passeata anti-guerra, quando canta de uma"doce sensação de amor" em um dia como aquele. Salve Jens!
there's got to be someone here tonight
who can explain to me
how shadows can also shed light
how they can outshadow
what happened between us and outline
The burnt ground beneath us
i need to be explained to
over and over
how a broken heart is not the end of the world
because the end of the world is bigger than love
i was in Washington D.C. for the election
and when they announced the results
i left the procession
content in the world's direction
tried to call you for an explanation
of the distance to the star constellations
or any explanation of
how a broken heart is not the end of the world
because the end of the world is bigger than love
and it's bigger than an iceberg
than the plume of a geyser
and it's bigger than the spider
floating in your cider
and it's bigger than the stock market
than the loose change in your pocket
and the Flatbush Avenue Target
and their pharmacy department
and it's bigger than our problems
and I our inability to solve them
from Coney Island to Harlem
to the end of the world and back again
a broken heart is not the end of the world
the end of the world is bigger than love
às vezes eu me antecipo e arthur me desacelera
me recomenda um filme em que tudo pode dar certo
estas conversas de logo antes de dormir tem me salvado como quando nos conhecemos
a descoberta do mundo
ontem foi o poeta argentino Joaquín O. Gianuzzi
Minha filha se veste e sai
O perfume noturno instala seu corpo
em um segundo aperfeiçoamento do natural.
Pela graça de sua vida
a noite começa e o quarto iluminado
é uma palpitação de jovem felino.
Agora põe o vestido
com uma fé que não posso imaginar
e um sussurro de seda a percorre até os pés.
Então gira
sobre o eixo do espelho, submetida
à contemplação de um presente absoluto.
Uma doce desordem se imobiliza em torno
até que um chacoalhar de pulseiras sendo fechadas
anuncia que todas minhas opções estão resolvidas.
Ela sai do quarto, ingressa
em uma véspera de música incessante
e tudo o que não sou a acompanha.
me recomenda um filme em que tudo pode dar certo
estas conversas de logo antes de dormir tem me salvado como quando nos conhecemos
a descoberta do mundo
ontem foi o poeta argentino Joaquín O. Gianuzzi
Minha filha se veste e sai
O perfume noturno instala seu corpo
em um segundo aperfeiçoamento do natural.
Pela graça de sua vida
a noite começa e o quarto iluminado
é uma palpitação de jovem felino.
Agora põe o vestido
com uma fé que não posso imaginar
e um sussurro de seda a percorre até os pés.
Então gira
sobre o eixo do espelho, submetida
à contemplação de um presente absoluto.
Uma doce desordem se imobiliza em torno
até que um chacoalhar de pulseiras sendo fechadas
anuncia que todas minhas opções estão resolvidas.
Ela sai do quarto, ingressa
em uma véspera de música incessante
e tudo o que não sou a acompanha.
quarta-feira, 12 de janeiro de 2011
a moça que comprou nossa casa liga e meu pai:
"como está a goiabeira?"
"e a acerola dando muito?"
" e a planta que cheira? (o jasmim)
o telefone toca à tarde
é mamãe que liga
"comeu fruta?"
"não deixa de comer fruta?"
eu no quarto fugindo da claridade
calorão
ouço meu pai com fones no computador
assobiando uma música boa
como é que se salva isso?
é que eu preciso...
"como está a goiabeira?"
"e a acerola dando muito?"
" e a planta que cheira? (o jasmim)
o telefone toca à tarde
é mamãe que liga
"comeu fruta?"
"não deixa de comer fruta?"
eu no quarto fugindo da claridade
calorão
ouço meu pai com fones no computador
assobiando uma música boa
como é que se salva isso?
é que eu preciso...
domingo, 2 de janeiro de 2011
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