@ tainah negreiros

sábado, 29 de dezembro de 2007

O céu aqui é mais bonito e não é por culpa do céu, a gente sabe.

Não posso pensar em tudo, mas penso, penso em tudo e quem jamais entenderia.
Sei que algo me lembra a poeira que Shepard teria visto, e o amor que teria sentido, e isso de alguma forma sorri pra mim, nos sorriu aquela noite.
Penso no deserto, em desertar pra encontrar o que é anterior, o que é inevitável e é bonito. Ontem eu vi o deserto do alto, o chão era laranja e o céu é daqueles que distingue bem o que é azul do branco.

uma voz ao telefone
e um nome
que nessas noites do norte
é a minha prece

quarta-feira, 26 de dezembro de 2007



O amor natural. Ou o amor segundo Apichatpong Weerasethakul.

segunda-feira, 24 de dezembro de 2007

Os olhos dele são meu milagre.

quinta-feira, 20 de dezembro de 2007


Uma nova vida por vir.
Um homem
Uma mulher
uma procura.




Algo pra escrever, que escrevo pra ser imagem. Acabei voltando a isso depois de uma conversa nossa entre papéis e carinhos na cama bagunçada. É sobre o que disse, mas é também sobre luz que invade a casa, sobre vida

sobre nós.

domingo, 16 de dezembro de 2007

quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

sobre ser passarinho


isso de céu enorme ao fundo
e pousar tranquilo

sobre estar longe do mal
do mal do mundo
se afinal o mal existir

isso sobre o bem
sobre ser o bem com asa












sobre passarinhar no fim do dia
agora eu sei

domingo, 2 de dezembro de 2007

quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Sei que há algo de inquieto quando sei de sua mãe, acho que sei algo dela. Descobri isso hoje de manhã enquanto olhava suas costas enquanto dormia. As costas, os olhinhos e o sono me aproximaram da mãe de alguma forma. Não sei se do que ela é, mas do que poderia ter sido.

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

às vezes a noite é maior que eu




vou dormir sobre o teu sono
pra te alcançar

quinta-feira, 18 de outubro de 2007

ontem à noite

o sapinho deu um salto
pulou por medo do medo meu

segunda-feira, 15 de outubro de 2007

No sertão em outubro
flor quer dizer espera

sexta-feira, 12 de outubro de 2007



cúmplices.

quinta-feira, 11 de outubro de 2007

Notícias do arco-íris enquanto Thom nos conta sobre o que ele acha de grandes idéias e do que parece que sempre vai faltar. Achei bonito ele falando da dança da moça e do jeito como ela fez isso ou aquilo numa certa noite.

e tem um amor, um amor que fica, que surge fora do controle na fita de vídeo
on the videotape
on the videotape



dia bonito, o mais bonito que ele já viu.

domingo, 7 de outubro de 2007

"o dia vai morrer aberto em mim"

Manoel de Barros

domingo, 30 de setembro de 2007

aos trabalhadores de domingo

um ombro
talvez não tanto
mas um entendimento
um acenar com a cabeça que sim
sobre cansaço
cansaço quase meu
ou talvez
por sorte, quem sabe
seja um bom dia

terça-feira, 25 de setembro de 2007

sábado, 8 de setembro de 2007

E foi no supermercado que mais uma vez aconteceu. Pensei no caminho de taxi até o apartamento, no elevador, no jeito que ele pegou no meu braço e disse uma coisa bonita, e o beijo. Sei de cada um daqueles minutos, segundos. Mas quando algo como isso acontece a sensação é de que foi tudo ontem, há pouco. Engraçado ninguém ter notado, mas eram muitas compras, preços, sacolas, e eu ali, me apaixonando mais uma vez.





É de todo dia.

quinta-feira, 6 de setembro de 2007


Here she comes,
You'd better watch your step,
She's going to break your heart in two,
It's true.

It's not hard to realize,
Just look into her false colored eyes,
She'll build you up to just put you down,
What a clown.

'Cause everybody knows
She's a femme fatale
The things she does to please
She's a femme fatale
She's just a little tease
She's a femme fatale


See the way she walks
Hear the way she talks.



domingo, 26 de agosto de 2007

apenas a matéria vida era tão fina

O filme dentro do filme de Eduardo Coutinho procurava contar uma história encenada. O filme do filme, o filme outro é fora do controle, adoravelmente fora do controle já que o lhe interessa é o humano. Mesmo que seja clara a importância que Coutinho dá as ligas camponesas, aos nomes e suas histórias, mas há ali humanidade que se dá pelo tom, pelo frágil, pelo "como" e não pelo "que" que faz que o filme nao se encerre. Cabra Marcado pra Morrer passou na tv ontem e se mostra adorável. Acordei pensando nele, pensando em Elisabete, em João, e nos filhos que entenderam e na filha que chora sem entender direito porque só ela a mãe "entregou". E desses porquês e na falta deles que Coutinho circula, acompanha, e nem é preciso dizer tanto. Coutinho escolheu Elisabete, aqueles homens e mulheres, nem é preciso apontar, a sua existência na tela já é contundente. Coutinho sabe que aqueles homens e mulheres antes de falar, contar, antes de tudo isso, eles existem.

domingo, 19 de agosto de 2007

Já sabia da falta que eu iria sentir.

sobre sentir o tempo

pelo cheiro que a camisa perde
pela pele que não quer só camisa
e o peito
e o sono
e esse meus sonhos de noite inteira

quinta-feira, 16 de agosto de 2007

O céu e uma bela resposta em cores.

terça-feira, 7 de agosto de 2007

Notas sobre a noite

Eu ainda acho Beautiful do Belle a canção mais triste que já ouvi.

A saudade me pegou no pequeno corredor de casa.

Me perco numa camisa.

Ele.

sábado, 4 de agosto de 2007



A mulher nos advinha.



"O prazer nascendo dói tanto no peito que se prefere sentir a habituada dor ao insólito prazer. A alegria verdadeira não tem explicação possível, não tem possibilidade de ser compreendida - e se parece com o início de uma perdição irrecuperável. Esse fundir-se total é insuportavelmente bom - como se a morte fosse o nosso bem maior e final, só que não é a morte, é a vida incomensurável que chega a se parecer com a grandeza da morte.
Deve-se deixar-se inundar pela alegria aos poucos - pois é a vida nascendo. E quem não tiver força, que antes cubra cada nervo com uma película protetora, com uma película de morte para poder tolerar a vida. Essa película pode consistir em qualquer ato formal protetor, em qualquer silêncio ou em várias palavras sem sentido. Pois o prazer não é de se brincar com ele. Ele é nós."

Clarice Lispector

domingo, 29 de julho de 2007

e essa falta que é presença
cheiro, peso
e uma franqueza que eu posso tocar


Às vezes eu dou pra falar de amor. Algumas poucas vezes já que ele também é silêncio, pensamento e tanto mais que palavra não diz. Esses dias aqui sem ele, e com ele, sempre com ele, pensando sobre nós, lembrei do som, de como meu sorriso surgia ali. Aquele sorriso que talvez seja o meu melhor.





Tão longe, tão perto, em toda a falta de sentido dessas medidas e números que chamam distância.



Aqui.

sábado, 28 de julho de 2007

O nome era dela
isso ela não inventou
inventou homens, bichos, crianças
pariu dolorosa
Pariu meninos
guardou segredo

A palavra não encerra o olhar
Apesar da fúria
Fúria doce
Candura
de uma história que não tem fim

a mulher se desculpa
se sente cansada
mas não é triste
é criança
por sorte
por sorte nossa, dela
por sorte
ela não cresceu

terça-feira, 24 de julho de 2007


Um jeito de piscar os olhos levemente que eu não esqueço.



A cidade se movimentava à despeito de nós. Mexia, erguia, funcionava dando razão ao que chamam cidade maior. E a gente, a gente era só minúcia.

sábado, 21 de julho de 2007

18/07/2007

terça-feira, 10 de julho de 2007

Há bem mais sóis queimando entre as estrelas

Tive um sonho ruim hoje. Sonhei que queriam me matar, puseram uma arma na minha cabeça, que agonia, eu vi tudinho, vi meu rosto aflito, e lembro bem de ter pensado: "Não, não agora, eu ainda tenho que encontrá-lo". Engraçado como os sonhos são, agora eu rio, rio de como eles podem ser verdadeiros na sua falta de sentido.
Não, não me mataram. As minhas preces se atendem também em sonho e eu acordo quieta e torcendo pra reaprender a dormir, só deitar e ficar quieta, e que venha, que o sono venha calmo feito o sol que chega, chega fora de hora e me faz tremer.

sábado, 7 de julho de 2007

Ele me fala sobre escrever e é nisso que eu penso. Não, não, as minhas academicices não são suficientes, há carinho, vontade, mas não é o que tenho que fazer agora. Quero escrever coisa outra, algo íntimo, íntimo o suficiente pra mostrar-se como nudez . E é preciso coragem.




Tenho.

domingo, 1 de julho de 2007

Tarde quente, Thamires na rede, ele em pensamento, e uma Clarice que diz.


"Tanta coisa que então eu não sabia. Nunca tinham me falado, por exemplo, deste sol duro das três horas. Também não me tinham avisado sobre este ritmo tão seco de viver, desta martelada de poeira. Que doeria, tinham-me vagamente avisado. Mas o que vem para a minha esperança do horizonte, ao chegar perto se revela abrindo asas de águia sobre mim, isso eu não sabia. Não sabia o que é ser sombreada por grandes asas abertas e ameaçadoras, um agudo bico de águia inclinado sobre mim e rindo. E quando nos álbuns de adolescente eu respondia com orgulho que não acreditava no amor era então que eu mais amava; isso eu tive que saber sozinha. Também eu não sabia no que dá mentir. Comecei a mentir por precaução, e ninguém me avisou do perigo de ser tão precavida; porque depois nunca mais a mentira descolou de mim. E tanto menti que comecei a mentir até a minha própria mentira. E isso - já atordoada sentia - isso era dizer a verdade. Até que decaí tanto que a mentira eu a dizia crua, simples, curta: eu dizia a verdade bruta."


Os dias passaram.

Fazia tempo que eu não reparava tanto nos minutos, nas palavras e na minha falta de jeito pra lidar com algumas coisas. Mas não é fácil sair do ninho, é feito parto, um parto outro, coisa de vida. Mas gosto de pensar na crença que surge em meio a tudo isso, nesse desejar intimamente que beira doer, e dói. E hoje eu rio. Há um riso agradável no meu rosto, minha espera é contente, carinhosa e entregue. Há um riso quase delirante nesse meu pertencer. Acho bonito, bonito demais.




O que passa por essa janela agora?

quinta-feira, 28 de junho de 2007

Há uma criança
Há duas
um rosto enfiado no travesseiro
uma voz que falta
e eu sei que os ruídos
dizem sobre algo mais
de nome bonito e grande
quando significa

às vezes dou pra saber das palavras
e do silêncio que vem depois delas
sei também de um não largar
de um não largar maior do mundo
de uns nomes, de um jeito de se dizer
sei da neblina que eu não vejo
da náusea que eu quase pude sentir
de uma dor que aumenta à noite
e do que palavra não abarca