@ tainah negreiros

domingo, 26 de dezembro de 2010

dos amô da cantiguêra


minha vó, seu corpinho miúdo
tanta tanta saudade
ela sente
já sinto dela

chão laranja, batido, poeira
a música da igreja de manhãzinha
que é toda toda minha infância
nas férias
as vozes, o dizer que sozinho já é suficiente pra me fazer chorar
e as flores esperando virar umbu
virar caju

em são raimundo é assim
tão pouca, tão pouca chuva basta
pra deixar tudo verde

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

tainah says: (3:24:52 PM)
a di me disse hoje
tainah says: (3:24:56 PM)
pintaram a casa de vermelho
tainah says: (3:25:05 PM)
tiraram as grades da varanda e puseram um vidro
tainah says: (3:25:12 PM)
nem sei se queria ouvir
tainah says: (3:25:15 PM)
mas fui eu que perguntei
Arthur says: (3:25:21 PM)
aff que bizarro
tainah says: (3:25:39 PM)
a di disse que ficou linda a casa

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010


minha paisagem é madrugada sem você

domingo, 28 de novembro de 2010

meu pai me diz
"se proteja"
"não deixa que todas as tristezas da cidade machuquem você"
"se proteja"
"nem sempre podemos fazer alguma coisa"
ele me conhece
e sabe que eu não esqueço de nada
quer meu bem
quer mais que só meu bem, quer o bem dos outros
e sabe da imensidão e tristeza do mundo
(sabe da alegria)

mas é que estamos em são paulo
se proteger não existe, pai

sábado, 27 de novembro de 2010


tenho sofrido daquilo que marker chama de
dor do tempo
a ferroada do tempo
uma vista do rio
e uma sensação sentada no chão da casa da minha vó
à tarde

sábado, 13 de novembro de 2010

Ele me escreveu dizendo que “sobre as imagens de Guiné Bissau deveria se colocar uma musica de Cabo Verde, como contribuição à unidade sonhada por Amílcar Cabral.
Por que um pais tão pobre e tao pequeno interessaria ao resto do mundo? Eles fizeram o que foi possível, eles se libertaram, expulsaram os portugueses, traumatizaram o exército português a ponto de esse iniciar o movimento que derrubou a ditadura e fazer crer em uma nova revolução européia.
Quem se lembra de tudo isso? A História joga pela janela suas garrafas vazias”



Oh nha guente
Nha cancera ka tem medida
Oh nha guente
Oh qu'afronta qu'm passa
Trinta ano di Sao Tomé
Leva'm familia
Dixa'm mi sô
Cu nha tristeza e nha sodade
Oh oi oi nhos leva'm ca nhôs dixa'm
Cabo verde é qu'é nha terra
'M qu'rê volta ma'm ca podê
C'atcha ninguem pa da'me di mon

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

sonho sujo #1


hoje sonhei com um gato preto e branco
que cuidava de mim
enquanto eu lamentava fazer as malas
para ir embora de uma velha casa
não era meu gato, não era minha casa
mas sabia quem eram
acordei às sete como se algo tivesse se partido

sonhei que ia à uma biblioteca com mais livros e revistas sobre Chris Marker
do que realmente existem
e o bibliotecário loiro me dizia que "some cities" era muito bom
nunca li

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

estou parte aqui
e outra parte, boa parte
está em timon
torcendo pra que chova

estou vivendo vários dias de chuva
da memória
dias próximos ao natal
lendo revista antiga
sobre river phoenix

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

sábado, 2 de outubro de 2010



quando se acelera uma Morna
dança-se uma Coladera
dos confins da resistência camponesa na Ilha de Santiago em Cabo Verde
nasce o funáná que insiste
para que deixem
os rapaz vivir de si manera
as moça vivir de si manera
e tudo soa como uma voz de longe
um arrepio que sobe pela espinha
que faz sentir saudade
e faz querer voltar a ilha que não fui
como um desejo meu de mergulhar no vulcão
vou mergulhar no vulcão, meu amor

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

onde jaz o teu sorriso?


Danièle Huillet e Jean Marie Straub
duas presenças sob a penumbra
Pedro Costa desaparece
para lhes dar lugar
lugar a fala intensa de Straub
e ao silêncio concentrado de Danièle
ao tempo que conecta
aquelas palavras, aquela persistência do trabalho
aquele pedido de concentração
a sua busca
e sim, como reinvindicou Straub de que deve haver "algo que queima em algum lugar do plano"
há algo que queima
há algo que queima na insistência da fala de Straub
na insistência pelo trabalho de Danièle
e no equilibrio disso no ofício dos dois artistas
há algo que queima na imagem de Straub sozinho ao final
que acompanha
junto com a pergunta que da título ao filme
enquanto nos afastamos da sala de cinema.

domingo, 5 de setembro de 2010

Juventude em Marcha



um homem velho, Ventura
e uma canção que diz de uma juventude em marcha
um passado heróico de luta
a independência de cabo verde
um passado que também se confunde com uma carta de amor
que se repete como uma lembrança.

este filme se passaria aparentemente em dois momentos, a vida na periferia de lisboa destinada aos imigrantes, as Fontaínhas, e a mudança para os conjuntos habitacionais assépticos de paredes brancas, muito brancas.
Mas o filme trata de imprimir outros signos
de outros tempos, de outros pesos de viver aquele passado, presente e o futuro.
Há uma carta de amor, Ventura e seus muitos filhos fruto de uma experiência em comunidade, e há simplesmente uma confusão que não trata de nos explicar muito como Vanda, Lento, Nhurro passaram a ser seus filhos, mas entendemos.
Ventura está doente hoje, e Pedro Costa está lá com ele, por isso não pôde vir ao Brasil na mostra. Não parece, mas isso diz muito, muito sobre "Juventude em Marcha".

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

algumas coisas andam me pegando como quando eu tinha 10 anos.

sábado, 7 de agosto de 2010

but i know she was born to do everything wrong with all of that


pai
não estamos de lados diferentes
o nosso lado é o mesmo
afinal, foi você quem me ensinou que o lado em que devemos estar
é o de quem mais precisa da nossa força
e este lado que assumo desde muito pequena
mesmo que por vezes tenha sido dolorido
e desalentador
mas te ouço como se fosse naquela pequeninice
e sigo este caminho junto com você
deste lado do rio dos que não são dados os meios, nem a voz, sequer a chance.

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

rise and monty kissing - nan goldin (1988)

sábado, 31 de julho de 2010

A tarde fui a casa de Ana Maria lhe dar um presente. E ela displicentemente me faz entender porque gosto tanto de estar aqui, por sentar numa tarde desprentensiosa e ouvir as coisas mais bonitas sobre fragilidade, sobre feminismo, sobre força, sobre os lugares naturalizados e os construídos, sobre amor, sobre muita coisa. Ela me conta de seu país, do frio de Bogotá e do calor de Letícia, falamos também dessas distâncias.
A noite encontro com Lidi, sentamos no café e quando notamos estamos já com as mãos na testa pensando que o que queremos e reinvidicamos não tem a ver só conosco, não tem a ver com O QUE EU VOU GANHAR COM ISSO. Isso se parece muito com o que penso sobre essa eleições, sobre um interesse muito maior por quem defende o Lula e o que ele representa do que o próprio Lula, sobre o que se desprega dele e se traveste nos outros em possibilidade, em chance, às vezes em decepção, mas em chance.
Voltei com Patrícia de carro. Ela me diz que pensou em não tomar partido mas que é preciso, não por ela, não porque ela sozinha VÁ GANHAR ALGO COM ISSO, sobre todos os outros rostos deconhecidos que sabemos - quem vai ser por eles? há alguém?

quinta-feira, 22 de julho de 2010

why is this happening to you, you not a child?


esses cds do belle físicos na minha mão
que pouco tem a ver com o que se compra
mas muito com o que se lembra
como um monte de dias deitadas no chão ouvindo, com encarte na mão em 2006
em tardes quentes de 2007 que não eram pra ter nada a ver com a neve de glasgow.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

no coração do brasil um punhado de terra

no caminho pra são raimundo
quanto maior a distância da fumaça,
mais estrelas no céu
e a gente sabe que o ônibus vai seguindo bem direitinho
as orientações do cruzeiro do sul.

terça-feira, 13 de julho de 2010

As férias estão assim: com vozes de Cabo Verde e Guiné Bissau pelo apartamento.
Eu e meu pai refletimos nestas tardes sobre eles, que inventaram a alegria.
E eu penso com tristeza - como submeter os inventores a tanta dor, como tentar tirar isso deles com tanto empenho?
Ou como diz a carta do viajante:

"Ele me falou da corrida para embarcar na Ilha do Fogo em Cabo Verde. Há quanto eles estão ali à espera do barco? Pacientes como pedras, mas prontos para avançar. É um povo de errantes, de navegantes, de viajantes pelo mundo, formado de mestiçagem, nestes rochedos entre pausas dos portugueses entre colônias. Povo do nada, povo do vazio, povo vertical."

Talvez isso dê conta das tantas vezes em que Cesária canta a palavra "sodade". Como se a gente desse conta disso, a palavra querendo dar conta do que se sente.. Como lembrar da sede? Como contar da saudade?
Quando terminar meu trabalho sobre o Marker vou ter que agradecer também a ela. Como faz mais sentido escrever sobre "Sans Soleil" ouvindo Nha Cancera Ka tem Medida, ouvindo Petit Pays.. E a meu pai, por ter me mostrado Cesária há muito tempo, e por dizer nessas tardes como num suspiro tão franco que "tem que ir a Cabo Verde".

sábado, 10 de julho de 2010

lá na Casa Dom Barreto
onde as dimensões de viver pra mim se alargam
e as de sentir saudade também

quinta-feira, 8 de julho de 2010

domingo, 4 de julho de 2010

será que algum rapaz de uns 20 anos vai telefonar?


Esse "Abrazos rotos" de Almodóvar é dificílimo de definir
Gosto demais dele, pensando algumas horas depois de visto
fiquei com vontade de chorar muito sinceramente já quando chegava perto de acabar
a refeitura de "mulheres à beira de um ataque de nervos"
só que triste, que não vibra
como aquilo me impressionou!
como "mulheres" é importante pra mim!
o arrepio de Candela, de novo, seguido de "Essa parte é a melhor" do diretor.
Uma beleza!

O filme tem uma melancolia não premeditada que é quase assustadora
se não fosse tão tão de verdade
maior que o colorido, que persiste e chama tanto a atenção
mas essas sensações, a praia, os abraços, tudo, chama mais.

segunda-feira, 28 de junho de 2010


meus amigos, meus amigos
vocês e essa sensação de conversas não jogadas no vazio, em fins de tarde, manhãs sonolentas, almoços prolongados
das palavras encarnadas, isso sim
carregadas de experiência
que dizem mais que toda a retórica marxista e weberiana que nos ensinaram
encharcadas do desejo de um mundo mais justo, à despeito do que desejamos pra nós, sozinhos
vocês e as flores cor de rosa com esse sol que são a cara de meu pai
essa eu e arthur paramos pra fotografar na quinze numa tarde quentinha e boa
demais
curitiba parece tão melhor assim.

sábado, 19 de junho de 2010

Uns menos, uns mais, uns médios, uns por demais

Meu amigo Augusto é assistente social e trabalha com jovens e crianças na Vila Torres em Curitiba. Vez por outra ele busca uns acadêmicos par dar palestras pros jovens e crianças e ao invés de ir direto até a Vila das Torres, faz uma volta maior pelo que em Curitiba para muitos nem é Curitiba, pelo que em Curitiba é não fazer idéia. Faz isso e ouve os grunidos de susto.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

21:25:16 Mariana: coisinha esperta super esperta e linda!
21:25:27 tainah: ebaaa!
21:25:31 tainah: escondida ai
21:25:36 Mariana: graças a deus!
21:25:37 tainah: ainda bem que me chama, como ce tá, mari?
21:26:12 Mariana: acabei de chegar, tava tentando levantar da cama depois de Tito dormir, tem sido difícil!
21:26:35 tainah: imagino, ai ta friozinho tb?
21:26:39 tainah: nao como aqui
21:26:45 tainah: mas bate um ventinho mais frio até, né?
21:26:54 tainah: mas to feliz que em sp so estou a 6 horas de vcs
21:27:00 Mariana: aqui friozinho, delicioso, aí pouco mais..
21:27:18 Mariana: quero saber tudo de sp
21:27:44 Mariana: me conta?
21:27:53 tainah: mujer, passei no mestrado de meios e processos audiovisuais
21:27:59 tainah: depois de viajar mil vezes pra sp
21:28:03 tainah: me ferrar na prova de linguas
21:28:05 tainah: fazer outra
21:28:11 tainah: e dar tudo certo!
21:28:17 tainah: um tiozinho historiador me quis
21:28:26 tainah: mesmo me olhando seríssimo na hora da entrevista
21:28:26 tainah: rs
21:28:29 Mariana: que coisa mais linda
21:28:41 Mariana: que projeto fez?
21:28:46 tainah: sobre o chris marker
21:28:51 Mariana: nooooooossa
21:28:53 tainah: aquele, que nunca te mando, bobamente
21:29:05 Mariana: mas vc hein baixinha?
21:29:09 tainah: doida pra sentar num bar pra falar disso com uma cervejinha
21:29:12 Mariana: danadíssima
21:29:23 tainah: mas nossa, uma canseira
21:29:25 tainah: a baixinha mereceu
21:29:31 tainah: a grana que gastei de passagem pra sampa
21:29:32 tainah: haha
21:29:34 Mariana: merece!
21:29:35 tainah: mas valeu
21:29:50 Mariana: se vale!
21:29:51 tainah: mas prometo ir praí
21:30:01 tainah: com um livro em punho pra Tito
21:30:31 Mariana: ele: mamãe...mamãe...mamãe........ma-mãe-zi-nhaaaa
21:30:39 tainah: ai meu deus, que menino lindo
21:30:44 tainah: eu fico só dizendo pra todo mundo
21:30:56 Mariana: canalhinha!
21:30:56 tainah: de um menino que eu sei que vai ser um homem lindo, lindo encantador
21:30:58 tainah: de tão sabido
21:31:00 tainah: aff..
21:31:03 tainah: eu fico rindo sozinha
21:31:10 tainah: "quem quer comer " "eu!"
21:31:19 tainah: "quem quer dormir" "grr"
21:31:20 tainah: rs
21:31:23 Mariana: ahahahhaha
21:31:24 tainah: junto contigo
21:31:31 tainah: rio que acabo
21:31:35 Mariana: fiquei assistindo ele hoje
21:31:45 Mariana: ele sentado no pufe
21:31:59 Mariana: vendo os backyardigans
21:32:11 Mariana: comendo uva - sem caroço
21:32:21 tainah: ô beleza
21:32:27 Mariana: dominando a vida
21:32:41 tainah: tito comendo uva vendo backyadigans
21:32:44 tainah: faço idéia
21:32:45 tainah: hahah
21:32:57 Mariana: concentrado, vivendo a vida dele
21:33:05 Mariana: de tênis
21:33:10 Mariana: tamanho 24
21:33:15 tainah: hahaha
21:33:17 tainah: de tenis e jeans
21:33:23 Mariana: não
21:33:37 Mariana: de calça moleton de listras coloridas
21:33:42 tainah: ai jesus
21:34:02 Mariana: uma blusa de manga comprida, justa!
21:34:18 Mariana: e a máscara do batman, e a capa do batman!
21:34:27 tainah: hahahhahahah
21:35:49 tainah: meu deus,não sei como você aguenta!
21:36:02 Mariana: não guento, explodo toda hora
21:36:30 tainah: maravilha
21:36:38 tainah: eu fico falando de vcs o tempo inteiro
21:36:42 Mariana: e como é que vai ser SP? Vai morar lá agora em julho? E Arthur?
21:36:44 tainah: juro que passei umas semanas vendo o video todo dia
21:36:51 tainah: pq no video as musicas ficam mais lindas
21:36:54 tainah: coisas de bom cinema
21:37:03 tainah: vou em agosto, arthur logo depois
21:37:12 tainah: de la eu pego o 1001 praí, com certeza
21:37:17 tainah: sempre namoro com ele na rodoviária
21:37:24 Mariana: aaaahhh
21:37:33 Mariana: vou preparar seu travesseiro!
21:37:40 Mariana: comprar um só pra você
21:37:54 Mariana: pq ce vai dormir amontoada com a gente!
21:38:00 tainah: aff, nem me fala
21:38:33 Mariana: E bolsa? Rola?
21:38:40 tainah: acho que rola sim, quase certeza
21:38:42 tainah: contando com ela
21:38:46 tainah: que to com preguiça de trabalhar
21:38:51 tainah: quero fazer nadinha em sp
21:38:51 Mariana: ahahahahahhahahaha
21:38:54 tainah: hahahaha
21:39:04 Mariana: estudante profissional!
21:39:12 tainah: sério, dando aulas que nem doida, curtindo muito, mas quero me aquietar um tiquinho só
21:39:32 tainah: nunca fui estudante profissional
21:39:35 tainah: meu sonho
21:39:39 tainah: desde que entrei na universidade dou aula
21:39:43 tainah: desde o 18
21:39:45 Mariana: aquietar com chris marker não é lá muito quieto não
21:39:51 tainah: não mesmo
21:39:53 tainah: doida pra começar
21:39:59 tainah: fiquei tão feliz que acreditaram
21:40:03 tainah: eu caindo de para quedas lá, mari
21:40:07 tainah: surreal, na usp ainda
21:40:11 tainah: que todos ja tem seus filhotes
21:40:13 Mariana: nossa...!
21:40:35 Mariana: que orgulho!
21:41:03 tainah: ow mari, fiquei feliz, com vontade de conversar um monte
21:41:41 Mariana: e que bom te ver tão bem, e te conhecer antes disso, pra acompanhar
21:41:47 tainah: sim, bem isso
21:41:53 tainah: incrivel conhecer as pessoas né
21:41:57 tainah: tava vendo esse video
21:42:01 tainah: mostrei pro meu pai
21:42:01 Mariana: hahahhaha
21:42:12 Mariana: me dá!
21:42:21 Mariana: tá on-line?
21:42:35 tainah: e pra uma amiga que tem uma filha pequena, doida pela filha, mas nao consegue deixar a menina "lhe fazer ocupação"
21:42:43 tainah: nao, o seu video
21:42:45 tainah: hahaha
21:42:50 Mariana: aaaahhh
21:42:52 Mariana: hahahahah
21:42:57 tainah: e eu disse a ela, pois você tem que ver esse filme
21:43:12 tainah: ela se separou agora, se apaixonou, ta largando tudo
21:43:22 Mariana: aff
21:43:23 tainah: e eu dizendo, menina, aproveita muito esses dias seus e da pequena
21:43:26 tainah: aproveita, sempre
21:43:34 tainah: e eu sempre falo de vc
21:43:40 tainah: minha referência materna preferida
21:43:41 Mariana: quase, por muito pouco, não tive assim também
21:43:49 Mariana: entendo ela
21:44:15 Mariana: tem uma frase de uma amiga que eu adoro - a gente faz o que pode
21:44:19 tainah: sim, é uma mulher maravilhosa, mas digamos, mais profissa que nos duas, sabe, se enche de trabalho, trabalha 40 horas, coisa que eu me proibo
21:44:24 tainah: isso, isso
21:45:07 tainah: eu definitivamente nao sou profissa
21:45:12 tainah: preciso de muito ocio
21:45:16 Mariana: e essa coisa de separação quase exige uma paixão
21:45:22 tainah: e vejo você esparramada com tito de toca colorida e entendo muito mais
21:45:26 tainah: nossa, exige
21:45:30 tainah: ela ta entregue
21:45:38 tainah: vive de olhos arregalados de paixão
21:45:45 Mariana: sim, tenho tido tão pouco, tão pouco ócio...e adoro, preciso
21:46:49 tainah: pai do filho tem que ser no minimo um grande amigo pra sempre
21:47:28 Mariana: o negócio é que quase todo mundo vai ser pai e mãe, então tem filho de todo mundo no mundo
21:47:30 tainah: pelo menos a paixão nova é um amigão, que eu conheço e dou a maior força
21:47:37 tainah: isso, isso
21:47:44 tainah: eu fico assustadissima com as enrascadas
21:48:02 Mariana: nossa, ave mãe
21:48:56 tainah: mas tem essa coisa de mulher com filho sozinha que é lindíssima
21:49:04 tainah: mesmo quando o pai é incrivel e quando nao é
21:49:08 tainah: que hipnotiza mesmo
21:49:16 tainah: tem uma coisa que a dercy disse pra filha dela,parece
21:49:27 tainah: elas passavam fome na decada de 50, 60, nao sei
21:49:30 tainah: e ela disse pra filha
21:49:38 tainah: "a gente vai ser feliz nem que seja na porrada"
21:50:16 Mariana: esses dias, semana passada, estava voltando de ônibus com Tito, tocou Caetano. Ele estava dormindo. Eu senti a maior força que já senti. Essa força aí.
21:50:28 tainah: sim, nossa...
21:50:36 Mariana: tudo deu certo!
21:50:47 tainah: e eu aprendi dessa fortaleza desde minha mãe, outras mães que me cruzam o caminho
21:50:58 tainah: e agora absurdamente desde que acompanhei você e tito
21:51:08 tainah: desde a parte silenciosa a gente já se falando mesmo
21:51:20 tainah: sim, "tudo deu certo" é incrivel
21:51:21 Mariana: e ainda tá tudo revirado, e pequeníssimo perto dele dormindo no colo.
21:51:56 tainah: pequenissimo mesmo
21:52:08 tainah: essas imagens que eu sequer vi, são inesquecíveis
21:52:45 Mariana: "essas imagens que eu sequer vi, são inesquecíveis"
21:53:03 tainah: mas queira ou não nossa amizade se fortalece delas
21:53:05 tainah: é incrivel
21:53:16 Mariana: impressionante
21:54:16 tainah: "é engraçada a força que as coisas tem quando elas precisam acontecer"
21:55:34 Mariana: a gente não se explica
21:55:39 tainah: fiquei com tanta saudade de ti
21:55:43 tainah: todas essas semanas ainda
21:55:47 tainah: com o agravante do show do tom zé
21:55:52 Mariana: hahahah
21:55:54 tainah: que acho nossa cara
21:56:01 tainah: a baianada é toda nossa
21:56:08 tainah: ele me deu um beijo na testa
21:56:09 tainah: eu chorei
21:56:17 tainah: coisa mais linda do mundo
21:56:20 Mariana: ele é pra pegar no colo, levar pra casa
21:56:29 tainah: nossa, total, total
21:56:41 Mariana: carregar ele na bolsa
21:57:42 tainah: doida pra mudança pra sampa
21:57:49 Mariana: em agosto!
21:59:19 Mariana: santa rosa!
21:59:33 Mariana: martins torres!
21:59:50 Mariana: em 45 metros quadrados
21:59:53 tainah: eu vou, agora fica mais facil
22:00:07 tainah: so aprendi a morar nesses tamanhos agora
22:00:14 tainah: a minha tenha 40 m2
22:00:45 Mariana: vi minha casa de infância, que tá lá ainda...cada quarto tem quase minha casa
22:00:56 Mariana: e simplíssima
22:00:57 tainah: nossa, isso de casa
22:01:01 tainah: isso de casa é pesado
22:01:12 tainah: lição que ainda to aprendendo a duras penas, mari
22:01:49 Mariana: e a falta da grama?
22:02:01 Mariana: podia ser um pedacinho, pequenininho, pra dois pés, tamanho 24
22:04:41 tainah: isso, isso
22:16:00 Mariana: queridona, vou dar um leve jeito na casa de pernas pro ar!
22:16:16 Mariana: pra ele acordar e enxergar o chão
22:16:25 tainah: haha, sim sim mari

sábado, 12 de junho de 2010

menina jesus
(tom zé)

Só volto lá a passeio
no gozo do meu recreio,
só volto lá quando puder
comprar uns óculos escuros.
Com um relógio de pulso
que marque hora e segundo,
um rádio de pilha novo
cantando coisas do mundo --
pra tocar.
Lá no jardim da cidade,
zombando dos acanhados.
dando inveja nos barbados
e suspiros nas mocinhas...
Porque pra plantar feijão
eu não volto mais pra lá
eu quero é ser Cinderela,
cantar na televisão...
Botar filho no colégio,
dar picolé na merenda.
viver bem civilizado,
pagar imposto de renda.
Ser eleitor registrado,
ter geladeira e tv,
carteira do ministério,
ter cic, ter rg.
Bença, mãe.
Deus te faça feliz
minha menina Jesus
e te leve pra casa em paz.
Eu fico aqui carregando
o peso da minha cruz
no meio dos automóveis,
mas
Vai, viaja, foge daqui
que a felicidade vai
atacar pela televisão
E vai felicitar, felicitar
felicitar, felicitar
felicitar até ninguém mais
respirar.

segunda-feira, 31 de maio de 2010

menina, amanhã de manhã

não quero ouvir a tv, nem sentir a raiva que sinto no ônibus
do preço da tarifa
que como disse gullar, não cabe no poema
não quero

pra não perder a esperança que os alunos me deram, e me dão
a esperança que faz do medo seu avesso
o medo que o mundo os machuque
mate isso que neles é vivo demais, demais.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

meu pai me diz

rio que nos uniu, rio que nos une ainda, rio que é Maranhão de um lado, que do outro lado é Piauí, rio que sempre me lembra você.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

a hora azul

ver um filme do rohmer e querer andar e andar até que algo incrível aconteça.

domingo, 16 de maio de 2010

o que eu vou fazer sem a casa em frente ao rio?

quarta-feira, 5 de maio de 2010

todos os olhos


sobre o que de ser mulher se perdeu e se roubou
sobre parir e nascer
sobre uma manhã de felicidade que virá
sobre todas essas coisas e sobre outras improváveis de dizer
que diz o homem que chega das estrelas, assim mesmo, nascendo e vivendo
que vê, sacode, chacoalha e depois canta.

sábado, 1 de maio de 2010

Nave Maria


o filme de coutinho deve ser sobre a linguagem
sobre a linguagem e sobre a experiência extrema
sobre como a vivência se mostra através do esforço de dizer

me lembrou uma cena de um filme de antonioni muito bonito
em que o diretor personagem diz se sentir fadigado por filmar a cena que a mulher acaba de lhe descrever
em que ela lhe diz que esfaqueou o pai 13 vezes
e ele cuidadoso, preocupado, filmaria a cena do assassinato com somente três facadas
a fadiga, diz o personagem de john malkovich
é que ele se dá conta que a "verdade" da cena esteja justamente naquele número improvável

ou naquilo que talvez uma atriz não traria à tona
ou que traria de outra maneira, nova, mas também real
num olhar que nunca se viu, mas que também já se viu muito
porque ser ator deve ser isso, conhecer o rosto e olhar de muita gente
e buscar neles uma verdade
mesmo que no falsear.
mas é lindo que o filme é sobre mulheres, sobre as mulheres atrizes misturadas com as mulheres
as mulheres o quê?
a mulheres que viveram, que contam
as atrizes também viveram e contam, buscam referências suas
chegam a referências suas sem querer
é tanta coisa...
a mulher que chora com "procurando nemo"
e vai tentar mais uma, duas, três vezes com a filha
nem que seja a última coisa que ela vá fazer
todas as perdas
todos os partos.

terça-feira, 27 de abril de 2010

- O que é que houve, meu amor, você cortou o seu cabelo?
- Foi a tesoura do desejo, desejo mesmo de mudar.

sábado, 24 de abril de 2010

primeiros olhos

faz muito tempo que meu pai e minha mãe me ensinaram
enquanto a realidade também dizia
sobre como tudo é tão desigual
e eu besta como por vezes posso ser
pensei que esse sentimento dolorido tinha ficado gasto em mim
que pensar nisso incessantemente tornaria viver, seguir, uma impossibilidade
uma impossibilidade de ser feliz, de seguir, de abstrair
e deve ser mesmo
me sinto com seis anos quando me disseram disso e eu vi
vendo com os primeiros olhos tudo de novo
e sim, estou apavorada
e zangada de novo também.
Os ninguéns
os filhos de ninguém, os donos de nada.
Os ninguéns: os nenhuns, correndo soltos, morrendo a vida, fodidos e mal pagos:
Que não são, embora sejam.
Que não falam idiomas, falam dialetos.
Que não praticam religiões, praticam supertições.
Que não fazem arte, fazem artesanato.
Que não são seres humanos, são recursos humanos.
Que não têm cultura, têm folclore.
Que não têm cara, têm braços.
Que não têm nome, têm número.
Que não aparecem na história universal, aparecem nas páginas policiais da imprensa local.
Os ninguéns, que custam menos do que a bala que os mata.
(eduardo galeano)


segunda-feira, 12 de abril de 2010

parece haver mesmo um cinema do trabalho
um cinema que na verdade é o cinema da humanidade de perambular, de procurar,
de ganhar quase nada por isso
depois que se encontra algo, qualquer coisa

isso porque um dia disseram que o trabalho dignifica, enobrece
mas esse cinema trata mais do que sobre qualquer dignidade ou da dita nobreza do mérito
é da impossibilidade de qualquer mérito
diante da fragilidade das circunstâncias



terça-feira, 30 de março de 2010

Quantos encontros haverão com Clarice? Voltei a ler sua biografia, que tinha abandonado ainda no fim do ano passado nem sei por que. Talvez pela minha fragilidade e força muito feminina desse começo de ano, voltar a ler a trajetória de Clarice faça ainda mais sentido, apesar de sempre ter preferido o que ela tinha a dizer e a manter em segredo sobre viver.
Me senti um tanto desconfortável no começo com o tratamento do autor na biografia, mas agora já começo a lhe entender, mas ainda fico com uma mania de procurá-la nas brechas da narrativa interessada de Moser.
E ela se parece muito com a minha vida, muito mesmo, não sua história, mas ela, se parece com a minha vida, com esse jeito dolorido de encarar as coisas que consegui melhorar, e com o jeito de estar bem, mas cansada, sei que é pretensão dizer isto, mas é que hoje o dia é dela, disso que reconheço nela, nesse senso de confissão sem deus, por essa espera de deus "como quem cai no nada". E claro, sei que ela não é só minha, só hoje a noite, com saudade da minha casa, e da vista do quarto que não vou ter mais. É, nessa confissão como quem cai no nada.
Fiquei com saudade demais dela, e dos anos que a lia todo santo dia pela companhia do seu entedimento e da sua doação. E tem uma coisa feminina que eu elaboro esses dias, que eu desejo filmar, escrever, nem sei o que é, comecei a dizer pra Mari, pra Arthur, mas não sei bem o que é, sei que intuitivamente me voltei pra bio da Clarice e fico pensando no que ela já me dizia faz tempo.

how beautiful could a being be


"Eu não quero esta casa. Quero uma justiça que tivesse dado chance a uma coisa pura e cheia de desamparo em Mineirinho — essa coisa que move montanhas e é a mesma que o fez gostar "feito doido" de uma mulher."

sexta-feira, 19 de março de 2010



não importa a idade de Resnais
neste filme
um menino
ou um velho que já viu muito?
não sei, sei que ele entende de gente

e sabe, como ele, também me apaixonei por esta mulher ruiva.

quinta-feira, 4 de março de 2010

cinema transcendental

esse "Shara" de Naomi Kawase me fez pensar sobre tudo
sobre a casa
sobre a vista do rio que tenho do avião e que me faz chorar
sobre passar pelo rio pra ir a qualquer lugar
sobre quando não haviam vizinhos
quando havia muita lama
e ainda não tinham cortados as mangueiras
lembrei de quando arthur chegou lá pela primeira vez

esse filme da kawase me baqueou
me fez pensar com muita força
no xamego do meus pais com cada planta que brota.

segunda-feira, 1 de março de 2010

Everybody knows that our cities were built to be destroyed
You get annoyed, you buy a flat, you hide behind the mat
But I know she was born to do everything wrong with all of that
Maria Bethânia, please send me a letter
I wish to know things are getting better
Better, better, better, Bethânia

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

essa história de gostar de alguém já é mania que as pessoas tem


minha mãe me liga
diz que espalhou fotos minhas quando criança pela casa
e depois eu vou andando pela rua embaixo do guarda chuva
pensando que a minha vida é assim mesmo
faz tempo que é assim
com essa saudade que sinto sempre de alguém
de muita gente
mas não reclamo
não é ruim
é só a coragem que ela pede
e que eu sei tem os mais diversos jeitos de pedir às pessoas.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

domingo, 7 de fevereiro de 2010

daqui a pouco um jogo do santos
o tio e o avô vibram em algum lugar.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

fui a casa
o choro veio logo
a garganta apertou de cara quando vi o jasmim florido
minha mãe trouxe uma flor
seu jeito de carregar a lembrança

meu pai sorriu e chorou ao mesmo tempo
com a flor, com o cheiro
e com as acerolas que trouxemos

a minha lembrança tem a cor
da fruta que dá na porta de casa

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

O correr da vida embrulha tudo, a vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem. O que Deus quer é ver a gente aprendendo a ser capaz de ficar alegre a mais, no meio da alegria, e inda mais alegre ainda no meio da tristeza! A vida inventa! A gente principia as coisas, no não saber por que, e desde aí perde o poder de continuação porque a vida é mutirão de todos, por todos remexida e temperada. O mais importante e bonito, do mundo, é isto: que as pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram terminadas, mas que elas vão sempre mudando. Afinam ou desafinam. Verdade maior. Viver é muito perigoso; e não é não. Nem sei explicar estas coisas. Um sentir é o do sentente, mas outro é do sentidor.


guimarães rosa e seu esforço de nos lembrar da esperança.