
vou dormir sobre o teu sono
pra te alcançar
Eu ainda vou falar muito o nome dele sozinha até lá.
Lençóis amarrotados e corpos que se tocam e se querem em um dia de calor.
A água toca o corpo da menina no chuveiro. A mesma menina faz uma prece em agradecimento pela existência da outra menina. Ela deseja.
O que dizer de como a água molha os corpos num filme de Lucrécia Martel? O que dizer do toque? É sobre isso que quero falar, de toque. Não só de toque, mas do cheiro dos personagens que eu quase posso sentir daqui.
Falar desse cinema não é fácil, já me arrisquei fazendo isso aqui e foi tranqüilo mas nem sempre é, nem sempre é fácil falar de algo meio sem razão, ou falar de um cinema instintivo e corajoso como esse. É que Lucrécia entendeu que a gente é bicho. Que ela, eu, você, somos assim, homens, mulheres sem razão e isso é bonito demais, demais, demais. Não dá pra dizer mais, não dá, não pra mim. É pra ver, ouvir e não se livrar depois.