@ tainah negreiros

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

às vezes a noite é maior que eu




vou dormir sobre o teu sono
pra te alcançar

quinta-feira, 18 de outubro de 2007

ontem à noite

o sapinho deu um salto
pulou por medo do medo meu

segunda-feira, 15 de outubro de 2007

No sertão em outubro
flor quer dizer espera

sexta-feira, 12 de outubro de 2007



cúmplices.

quinta-feira, 11 de outubro de 2007

Notícias do arco-íris enquanto Thom nos conta sobre o que ele acha de grandes idéias e do que parece que sempre vai faltar. Achei bonito ele falando da dança da moça e do jeito como ela fez isso ou aquilo numa certa noite.

e tem um amor, um amor que fica, que surge fora do controle na fita de vídeo
on the videotape
on the videotape



dia bonito, o mais bonito que ele já viu.

domingo, 7 de outubro de 2007

"o dia vai morrer aberto em mim"

Manoel de Barros

domingo, 30 de setembro de 2007

aos trabalhadores de domingo

um ombro
talvez não tanto
mas um entendimento
um acenar com a cabeça que sim
sobre cansaço
cansaço quase meu
ou talvez
por sorte, quem sabe
seja um bom dia

terça-feira, 25 de setembro de 2007

sábado, 8 de setembro de 2007

E foi no supermercado que mais uma vez aconteceu. Pensei no caminho de taxi até o apartamento, no elevador, no jeito que ele pegou no meu braço e disse uma coisa bonita, e o beijo. Sei de cada um daqueles minutos, segundos. Mas quando algo como isso acontece a sensação é de que foi tudo ontem, há pouco. Engraçado ninguém ter notado, mas eram muitas compras, preços, sacolas, e eu ali, me apaixonando mais uma vez.





É de todo dia.

quinta-feira, 6 de setembro de 2007


Here she comes,
You'd better watch your step,
She's going to break your heart in two,
It's true.

It's not hard to realize,
Just look into her false colored eyes,
She'll build you up to just put you down,
What a clown.

'Cause everybody knows
She's a femme fatale
The things she does to please
She's a femme fatale
She's just a little tease
She's a femme fatale


See the way she walks
Hear the way she talks.



domingo, 26 de agosto de 2007

apenas a matéria vida era tão fina

O filme dentro do filme de Eduardo Coutinho procurava contar uma história encenada. O filme do filme, o filme outro é fora do controle, adoravelmente fora do controle já que o lhe interessa é o humano. Mesmo que seja clara a importância que Coutinho dá as ligas camponesas, aos nomes e suas histórias, mas há ali humanidade que se dá pelo tom, pelo frágil, pelo "como" e não pelo "que" que faz que o filme nao se encerre. Cabra Marcado pra Morrer passou na tv ontem e se mostra adorável. Acordei pensando nele, pensando em Elisabete, em João, e nos filhos que entenderam e na filha que chora sem entender direito porque só ela a mãe "entregou". E desses porquês e na falta deles que Coutinho circula, acompanha, e nem é preciso dizer tanto. Coutinho escolheu Elisabete, aqueles homens e mulheres, nem é preciso apontar, a sua existência na tela já é contundente. Coutinho sabe que aqueles homens e mulheres antes de falar, contar, antes de tudo isso, eles existem.

domingo, 19 de agosto de 2007

Já sabia da falta que eu iria sentir.

sobre sentir o tempo

pelo cheiro que a camisa perde
pela pele que não quer só camisa
e o peito
e o sono
e esse meus sonhos de noite inteira

quinta-feira, 16 de agosto de 2007

O céu e uma bela resposta em cores.

terça-feira, 7 de agosto de 2007

Notas sobre a noite

Eu ainda acho Beautiful do Belle a canção mais triste que já ouvi.

A saudade me pegou no pequeno corredor de casa.

Me perco numa camisa.

Ele.

sábado, 4 de agosto de 2007



A mulher nos advinha.



"O prazer nascendo dói tanto no peito que se prefere sentir a habituada dor ao insólito prazer. A alegria verdadeira não tem explicação possível, não tem possibilidade de ser compreendida - e se parece com o início de uma perdição irrecuperável. Esse fundir-se total é insuportavelmente bom - como se a morte fosse o nosso bem maior e final, só que não é a morte, é a vida incomensurável que chega a se parecer com a grandeza da morte.
Deve-se deixar-se inundar pela alegria aos poucos - pois é a vida nascendo. E quem não tiver força, que antes cubra cada nervo com uma película protetora, com uma película de morte para poder tolerar a vida. Essa película pode consistir em qualquer ato formal protetor, em qualquer silêncio ou em várias palavras sem sentido. Pois o prazer não é de se brincar com ele. Ele é nós."

Clarice Lispector

domingo, 29 de julho de 2007

e essa falta que é presença
cheiro, peso
e uma franqueza que eu posso tocar


Às vezes eu dou pra falar de amor. Algumas poucas vezes já que ele também é silêncio, pensamento e tanto mais que palavra não diz. Esses dias aqui sem ele, e com ele, sempre com ele, pensando sobre nós, lembrei do som, de como meu sorriso surgia ali. Aquele sorriso que talvez seja o meu melhor.





Tão longe, tão perto, em toda a falta de sentido dessas medidas e números que chamam distância.



Aqui.

sábado, 28 de julho de 2007

O nome era dela
isso ela não inventou
inventou homens, bichos, crianças
pariu dolorosa
Pariu meninos
guardou segredo

A palavra não encerra o olhar
Apesar da fúria
Fúria doce
Candura
de uma história que não tem fim

a mulher se desculpa
se sente cansada
mas não é triste
é criança
por sorte
por sorte nossa, dela
por sorte
ela não cresceu

terça-feira, 24 de julho de 2007


Um jeito de piscar os olhos levemente que eu não esqueço.



A cidade se movimentava à despeito de nós. Mexia, erguia, funcionava dando razão ao que chamam cidade maior. E a gente, a gente era só minúcia.

sábado, 21 de julho de 2007

18/07/2007

terça-feira, 10 de julho de 2007

Há bem mais sóis queimando entre as estrelas

Tive um sonho ruim hoje. Sonhei que queriam me matar, puseram uma arma na minha cabeça, que agonia, eu vi tudinho, vi meu rosto aflito, e lembro bem de ter pensado: "Não, não agora, eu ainda tenho que encontrá-lo". Engraçado como os sonhos são, agora eu rio, rio de como eles podem ser verdadeiros na sua falta de sentido.
Não, não me mataram. As minhas preces se atendem também em sonho e eu acordo quieta e torcendo pra reaprender a dormir, só deitar e ficar quieta, e que venha, que o sono venha calmo feito o sol que chega, chega fora de hora e me faz tremer.

sábado, 7 de julho de 2007

Ele me fala sobre escrever e é nisso que eu penso. Não, não, as minhas academicices não são suficientes, há carinho, vontade, mas não é o que tenho que fazer agora. Quero escrever coisa outra, algo íntimo, íntimo o suficiente pra mostrar-se como nudez . E é preciso coragem.




Tenho.

domingo, 1 de julho de 2007

Tarde quente, Thamires na rede, ele em pensamento, e uma Clarice que diz.


"Tanta coisa que então eu não sabia. Nunca tinham me falado, por exemplo, deste sol duro das três horas. Também não me tinham avisado sobre este ritmo tão seco de viver, desta martelada de poeira. Que doeria, tinham-me vagamente avisado. Mas o que vem para a minha esperança do horizonte, ao chegar perto se revela abrindo asas de águia sobre mim, isso eu não sabia. Não sabia o que é ser sombreada por grandes asas abertas e ameaçadoras, um agudo bico de águia inclinado sobre mim e rindo. E quando nos álbuns de adolescente eu respondia com orgulho que não acreditava no amor era então que eu mais amava; isso eu tive que saber sozinha. Também eu não sabia no que dá mentir. Comecei a mentir por precaução, e ninguém me avisou do perigo de ser tão precavida; porque depois nunca mais a mentira descolou de mim. E tanto menti que comecei a mentir até a minha própria mentira. E isso - já atordoada sentia - isso era dizer a verdade. Até que decaí tanto que a mentira eu a dizia crua, simples, curta: eu dizia a verdade bruta."


Os dias passaram.

Fazia tempo que eu não reparava tanto nos minutos, nas palavras e na minha falta de jeito pra lidar com algumas coisas. Mas não é fácil sair do ninho, é feito parto, um parto outro, coisa de vida. Mas gosto de pensar na crença que surge em meio a tudo isso, nesse desejar intimamente que beira doer, e dói. E hoje eu rio. Há um riso agradável no meu rosto, minha espera é contente, carinhosa e entregue. Há um riso quase delirante nesse meu pertencer. Acho bonito, bonito demais.




O que passa por essa janela agora?

quinta-feira, 28 de junho de 2007

Há uma criança
Há duas
um rosto enfiado no travesseiro
uma voz que falta
e eu sei que os ruídos
dizem sobre algo mais
de nome bonito e grande
quando significa

às vezes dou pra saber das palavras
e do silêncio que vem depois delas
sei também de um não largar
de um não largar maior do mundo
de uns nomes, de um jeito de se dizer
sei da neblina que eu não vejo
da náusea que eu quase pude sentir
de uma dor que aumenta à noite
e do que palavra não abarca

quarta-feira, 27 de junho de 2007

Noite com sonho
Beijo, colo, segredo e abraço
Quem jamais entenderia essa falta de quem parece já ter
E tem

Carrego uma vida nas mãos
A minha prece
A minha benção
O frio da cidade que me alcança
Essa pele é minha
E esse peito
E esse peito

Estou em carne viva
Estou em carne viva
mas eu espero
eu vivo
eu amo

domingo, 24 de junho de 2007

Esses dias

O que eu faço com os meus passos pesados pela cidade? Andei reparando no meu andar por aqui e nossa, é pesado, arrastado. Eu me assusto e o meu caminhar carrega o meu querer e o meu assombro por uma cidade que dia após dia não é mais minha. Não sei bem se um dia ela foi, não sei, mas já me senti à vontade, já vivi a cidade, do meu jeito meio torto, mas vivi. Aprendo a fazer oração, e eu faço, sozinha na rua eu falo em um deus como se ele fosse meu, eu ameaço chorar, silencio. Não é fácil, não é fácil querer, sei que não é.

Eu ainda vou falar muito o nome dele sozinha até lá.

segunda-feira, 18 de junho de 2007

O nome dele é a minha prece.

quinta-feira, 14 de junho de 2007

Ensaio

Dança, ruído
palavras que teimam em querer ser boca
em querer ser ouvido
Desejo que procura lugar
Encaixe
E uma noite de ensaio
que apaixona
feito vida que inicia

sábado, 9 de junho de 2007

Felicidade Clandestina

Quem sabe eu aprenda. Quem sabe um meteoro caia sobre a minha cabeça nos próximos dias. Quem sabe os dias passem mais rápido do que eu imaginaria.

Quem sabe.

Agora eu tenho tudo isso no colo, nas mãos, no peito e eu seguro tão forte, tão forte, e ando por aí com todo peso que alguém apaixonado tem, eu ando por aí com o peso da distância, com o peso do tempo, do tempo que eu me alimento, do tempo que traz e leva as pessoas. Algumas eu sei que ele nao vai levar, e como é bom dizer isso nesse instante, às vezes eu dou pra ter fé, sabe, às vezes o mundo me traz isso e é bom, eu gosto de mim assim. Deito, perco o sono, sonho, choro, rio, celebro e amo, amo como nunca. A verdade é que eu acredito em milagres, daqueles que não vem de santos, mas vem de preces e de uma crença tão íntima que dói, num acreditar tão verdadeiro que não há escolha. Não, não há.
Não, eu nem quero tanta coisa, a resposta pro meu querer é bastante simples, simples demais. Quero dizer sim com um aceno, com um beijo e com um não querer largar maior do mundo.


"Que coisa grande essa! " - É meu peito que diz.

domingo, 27 de maio de 2007

construiu sua casa feito ninho
beijou sua mulher perto das nuvens
num concreto bordado nas alturas
com manobras de amor no precipício

E esse fogo encantado que por vezes toca e queima. E essa terra quente, lugarzinho estranho de encruzilhadas, rodopios, onde dou meus movimentos estranhos por querer. E eu quero , adoeço por querer, e por vezes, muitas vezes, eu já me perguntei como eu vou aguentar viver assim, dolorosa desse jeito. É quase engraçado o jeito como eu não sei dar jeito pras minhas coisas, pros meus desejos, grilos e ânsias. Ô menina ansiosa, agoniada! Eu ando de lá para cá, sento, choro, me recolho, mas eu sou assim sem jeito mesmo e viver é assim, perigoso demais, doloroso demais e quente.


Por aqui, viver arde.

sexta-feira, 11 de maio de 2007

Essa semana ando pensando muito em Almodóvar. Penso sobre dor, sobre dor que não passa, e sobre como seu cinema trata isso. É sempre muito familiar pra mim a noção de que devemos arranjar um jeito de sanar a dor, anestesiá-la, isso que vem não sei de onde, sei lá, de uma cultura que se criou, da nossa relação com o incômodo, com o inevitável, ou desse mundo esquisito e de seus remédios. E acabo reencontrando Almodóvaro e seu cinema fascinante, ele e SUA longa história de dor, paixão que ele vem contando em muitas. E o que me pega esse dia é um olhar mais atencioso as suas personagens, elas, eles, que apesar da dor, agem por ela. Sim, agem por ela, é esse seu jeito de lidar, sua maneira de seguir com a vida. A dor movimenta, inquieta, sacode o mundo. Seus personagens não conseguem dormir na mesa cama após uma separação, choram com belas canções, ah ! nossa, e eu ando tão enamorada de suas mulheres esses dias. De suas mulheres que amam, de suas mulheres que berram, gemem, correm, choram e sorriem depois. Perguntam a Pepa: “Quantos homens você teve de esquecer?”, e ela pensa em todos eles, o quanto os ama e os odeia com força. Adorável como as mulheres de Almodóvar conseguem querer bem à despeito do que é cruel, à despeito da dor, à despeito do que lhe fizeram. A mulher corre ao aeroporto pra impedir que matem o homem que a largou e que ela ainda ama. A mulher enterra dignamente o homem que a maltratou. Difícil esquecer tudo isso, difícil ficar longe dessas mulheres e não lhes querer bem. Difícil ficar longe delas em dias estranhos como esses. Ah! Esses dias...

terça-feira, 8 de maio de 2007

Para moças flores, janelas e quintais


Queria ser um pouco como aquelas pessoas que sabem imitar barulho de passarinho, que sabem nome de panta, de bicho e de uns lugares escondidos pra se fugir. Mas eu não sei nada disso e isso nem me faz pior, mas eu queria, queria muito.

segunda-feira, 23 de abril de 2007

A lei do desejo

Um reencontro com O Pântano.


Lençóis amarrotados e corpos que se tocam e se querem em um dia de calor.
A água toca o corpo da menina no chuveiro. A mesma menina faz uma prece em agradecimento pela existência da outra menina. Ela deseja.
O que dizer de como a água molha os corpos num filme de Lucrécia Martel? O que dizer do toque? É sobre isso que quero falar, de toque. Não só de toque, mas do cheiro dos personagens que eu quase posso sentir daqui.
Falar desse cinema não é fácil, já me arrisquei fazendo isso aqui e foi tranqüilo mas nem sempre é, nem sempre é fácil falar de algo meio sem razão, ou falar de um cinema instintivo e corajoso como esse. É que Lucrécia entendeu que a gente é bicho. Que ela, eu, você, somos assim, homens, mulheres sem razão e isso é bonito demais, demais, demais. Não dá pra dizer mais, não dá, não pra mim. É pra ver, ouvir e não se livrar depois.