sábado, 29 de dezembro de 2007
Não posso pensar em tudo, mas penso, penso em tudo e quem jamais entenderia.
Sei que algo me lembra a poeira que Shepard teria visto, e o amor que teria sentido, e isso de alguma forma sorri pra mim, nos sorriu aquela noite.
Penso no deserto, em desertar pra encontrar o que é anterior, o que é inevitável e é bonito. Ontem eu vi o deserto do alto, o chão era laranja e o céu é daqueles que distingue bem o que é azul do branco.
uma voz ao telefone
e um nome
que nessas noites do norte
é a minha prece
segunda-feira, 24 de dezembro de 2007
quinta-feira, 20 de dezembro de 2007
domingo, 16 de dezembro de 2007
quarta-feira, 5 de dezembro de 2007
sobre ser passarinho
domingo, 2 de dezembro de 2007
quarta-feira, 21 de novembro de 2007
quinta-feira, 18 de outubro de 2007
segunda-feira, 15 de outubro de 2007
sexta-feira, 12 de outubro de 2007
quinta-feira, 11 de outubro de 2007
e tem um amor, um amor que fica, que surge fora do controle na fita de vídeo
on the videotape
on the videotape
dia bonito, o mais bonito que ele já viu.
domingo, 7 de outubro de 2007
domingo, 30 de setembro de 2007
aos trabalhadores de domingo
talvez não tanto
mas um entendimento
um acenar com a cabeça que sim
sobre cansaço
cansaço quase meu
ou talvez
por sorte, quem sabe
seja um bom dia
terça-feira, 25 de setembro de 2007
sábado, 8 de setembro de 2007
É de todo dia.
quinta-feira, 6 de setembro de 2007
Here she comes,
You'd better watch your step,
She's going to break your heart in two,
It's true.
It's not hard to realize,
Just look into her false colored eyes,
She'll build you up to just put you down,
What a clown.
'Cause everybody knows
She's a femme fatale
The things she does to please
She's a femme fatale
She's just a little tease
She's a femme fatale
See the way she walks
Hear the way she talks.
domingo, 26 de agosto de 2007
apenas a matéria vida era tão fina
domingo, 19 de agosto de 2007
sobre sentir o tempo
pela pele que não quer só camisa
e o peito
e o sono
e esse meus sonhos de noite inteira
quinta-feira, 16 de agosto de 2007
terça-feira, 7 de agosto de 2007
Notas sobre a noite
A saudade me pegou no pequeno corredor de casa.
Me perco numa camisa.
Ele.
sábado, 4 de agosto de 2007
A mulher nos advinha.
"O prazer nascendo dói tanto no peito que se prefere sentir a habituada dor ao insólito prazer. A alegria verdadeira não tem explicação possível, não tem possibilidade de ser compreendida - e se parece com o início de uma perdição irrecuperável. Esse fundir-se total é insuportavelmente bom - como se a morte fosse o nosso bem maior e final, só que não é a morte, é a vida incomensurável que chega a se parecer com a grandeza da morte.
Deve-se deixar-se inundar pela alegria aos poucos - pois é a vida nascendo. E quem não tiver força, que antes cubra cada nervo com uma película protetora, com uma película de morte para poder tolerar a vida. Essa película pode consistir em qualquer ato formal protetor, em qualquer silêncio ou em várias palavras sem sentido. Pois o prazer não é de se brincar com ele. Ele é nós."
Clarice Lispector
domingo, 29 de julho de 2007
cheiro, peso
e uma franqueza que eu posso tocar
Às vezes eu dou pra falar de amor. Algumas poucas vezes já que ele também é silêncio, pensamento e tanto mais que palavra não diz. Esses dias aqui sem ele, e com ele, sempre com ele, pensando sobre nós, lembrei do som, de como meu sorriso surgia ali. Aquele sorriso que talvez seja o meu melhor.
Tão longe, tão perto, em toda a falta de sentido dessas medidas e números que chamam distância.
Aqui.
sábado, 28 de julho de 2007
isso ela não inventou
inventou homens, bichos, crianças
pariu dolorosa
Pariu meninos
guardou segredo
A palavra não encerra o olhar
Apesar da fúria
Fúria doce
Candura
de uma história que não tem fim
a mulher se desculpa
se sente cansada
mas não é triste
é criança
por sorte
por sorte nossa, dela
por sorte
ela não cresceu
terça-feira, 24 de julho de 2007
sábado, 21 de julho de 2007
terça-feira, 10 de julho de 2007
Há bem mais sóis queimando entre as estrelas
Não, não me mataram. As minhas preces se atendem também em sonho e eu acordo quieta e torcendo pra reaprender a dormir, só deitar e ficar quieta, e que venha, que o sono venha calmo feito o sol que chega, chega fora de hora e me faz tremer.
sábado, 7 de julho de 2007
domingo, 1 de julho de 2007
"Tanta coisa que então eu não sabia. Nunca tinham me falado, por exemplo, deste sol duro das três horas. Também não me tinham avisado sobre este ritmo tão seco de viver, desta martelada de poeira. Que doeria, tinham-me vagamente avisado. Mas o que vem para a minha esperança do horizonte, ao chegar perto se revela abrindo asas de águia sobre mim, isso eu não sabia. Não sabia o que é ser sombreada por grandes asas abertas e ameaçadoras, um agudo bico de águia inclinado sobre mim e rindo. E quando nos álbuns de adolescente eu respondia com orgulho que não acreditava no amor era então que eu mais amava; isso eu tive que saber sozinha. Também eu não sabia no que dá mentir. Comecei a mentir por precaução, e ninguém me avisou do perigo de ser tão precavida; porque depois nunca mais a mentira descolou de mim. E tanto menti que comecei a mentir até a minha própria mentira. E isso - já atordoada sentia - isso era dizer a verdade. Até que decaí tanto que a mentira eu a dizia crua, simples, curta: eu dizia a verdade bruta."
Fazia tempo que eu não reparava tanto nos minutos, nas palavras e na minha falta de jeito pra lidar com algumas coisas. Mas não é fácil sair do ninho, é feito parto, um parto outro, coisa de vida. Mas gosto de pensar na crença que surge em meio a tudo isso, nesse desejar intimamente que beira doer, e dói. E hoje eu rio. Há um riso agradável no meu rosto, minha espera é contente, carinhosa e entregue. Há um riso quase delirante nesse meu pertencer. Acho bonito, bonito demais.
O que passa por essa janela agora?
quinta-feira, 28 de junho de 2007
Há duas
um rosto enfiado no travesseiro
uma voz que falta
e eu sei que os ruídos
dizem sobre algo mais
de nome bonito e grande
quando significa
às vezes dou pra saber das palavras
e do silêncio que vem depois delas
sei também de um não largar
de um não largar maior do mundo
de uns nomes, de um jeito de se dizer
sei da neblina que eu não vejo
da náusea que eu quase pude sentir
de uma dor que aumenta à noite
e do que palavra não abarca
quarta-feira, 27 de junho de 2007
domingo, 24 de junho de 2007
Esses dias
Eu ainda vou falar muito o nome dele sozinha até lá.
segunda-feira, 18 de junho de 2007
quinta-feira, 14 de junho de 2007
sábado, 9 de junho de 2007
Felicidade Clandestina
Quem sabe.
Agora eu tenho tudo isso no colo, nas mãos, no peito e eu seguro tão forte, tão forte, e ando por aí com todo peso que alguém apaixonado tem, eu ando por aí com o peso da distância, com o peso do tempo, do tempo que eu me alimento, do tempo que traz e leva as pessoas. Algumas eu sei que ele nao vai levar, e como é bom dizer isso nesse instante, às vezes eu dou pra ter fé, sabe, às vezes o mundo me traz isso e é bom, eu gosto de mim assim. Deito, perco o sono, sonho, choro, rio, celebro e amo, amo como nunca. A verdade é que eu acredito em milagres, daqueles que não vem de santos, mas vem de preces e de uma crença tão íntima que dói, num acreditar tão verdadeiro que não há escolha. Não, não há.
Não, eu nem quero tanta coisa, a resposta pro meu querer é bastante simples, simples demais. Quero dizer sim com um aceno, com um beijo e com um não querer largar maior do mundo.
"Que coisa grande essa! " - É meu peito que diz.
domingo, 27 de maio de 2007
beijou sua mulher perto das nuvens
num concreto bordado nas alturas
com manobras de amor no precipício
E esse fogo encantado que por vezes toca e queima. E essa terra quente, lugarzinho estranho de encruzilhadas, rodopios, onde dou meus movimentos estranhos por querer. E eu quero , adoeço por querer, e por vezes, muitas vezes, eu já me perguntei como eu vou aguentar viver assim, dolorosa desse jeito. É quase engraçado o jeito como eu não sei dar jeito pras minhas coisas, pros meus desejos, grilos e ânsias. Ô menina ansiosa, agoniada! Eu ando de lá para cá, sento, choro, me recolho, mas eu sou assim sem jeito mesmo e viver é assim, perigoso demais, doloroso demais e quente.
Por aqui, viver arde.
sexta-feira, 11 de maio de 2007
terça-feira, 8 de maio de 2007
Para moças flores, janelas e quintais
segunda-feira, 23 de abril de 2007
A lei do desejo
Lençóis amarrotados e corpos que se tocam e se querem em um dia de calor.
A água toca o corpo da menina no chuveiro. A mesma menina faz uma prece em agradecimento pela existência da outra menina. Ela deseja.
O que dizer de como a água molha os corpos num filme de Lucrécia Martel? O que dizer do toque? É sobre isso que quero falar, de toque. Não só de toque, mas do cheiro dos personagens que eu quase posso sentir daqui.
Falar desse cinema não é fácil, já me arrisquei fazendo isso aqui e foi tranqüilo mas nem sempre é, nem sempre é fácil falar de algo meio sem razão, ou falar de um cinema instintivo e corajoso como esse. É que Lucrécia entendeu que a gente é bicho. Que ela, eu, você, somos assim, homens, mulheres sem razão e isso é bonito demais, demais, demais. Não dá pra dizer mais, não dá, não pra mim. É pra ver, ouvir e não se livrar depois.
sexta-feira, 20 de abril de 2007
" I've stopped my rambling..."
domingo, 8 de abril de 2007
sábado, 31 de março de 2007
sexta-feira, 30 de março de 2007
terça-feira, 27 de março de 2007
Sobre mulheres, dores e tons
E muita.
sexta-feira, 16 de março de 2007
Eu e o Cinema
Pode parecer carência, mas o Cinema pra mim nunca foi mera distração, quase nunca não. É experiência, encantamento, companhia frente a toda estranheza. Esse Cinema que tanto me emociona, é como um colo.
terça-feira, 13 de março de 2007
segunda-feira, 12 de março de 2007
Do You Realize
domingo, 11 de março de 2007
sexta-feira, 9 de março de 2007
Cherry Blossom Girl
quarta-feira, 7 de março de 2007
Dá gosto ver como Karim Aïnouz filmou este Céu de Suely. E é bom logo falar do céu, porque já no começo ele está lá lindamente fotografado por Walter Carvalho. E fazia tempo que eu não reparava tanto no céu em um filme.
É preciso falar também do olhar, do jeito carinhoso que o diretor filma, e como essa forma de filmar surge como um pedido pra que cheguemos perto de sua protagonista, dela que sente tanto, que sente muito e ainda não sabe direito o que fazer da vida. Aïnouz pede e a gente atende, porque é difícil resistir a ela seja na sua força ou na sua dor. Hermila é adorável quando ama, odeia, quando olha pro céu, quando diz coisa nenhuma ou quando quer “deixar o menino no mato e sair correndo”. São todos olhares que o diretor nos deixa ter, não nos impõe, ele deixa. E não é fácil olhar alguém assim tão francamente, tão de pertinho como olhamos Hermila nesse filme. É difícil, mas graças ao cinema, graças ao carinho, a gente atende ao pedido de Aïnouz e vale muito, muito à pena.
terça-feira, 6 de março de 2007
quinta-feira, 1 de março de 2007
quarta-feira, 28 de fevereiro de 2007
quarta-feira, 21 de fevereiro de 2007
We are the sleepyheads
Hoje vi esse filme zangado. De uma zanga bem parecida com a minha. Sabe birra, amargura, raiva, raiva mesmo do mundo. Pois é, ele é bem assim. Por vezes eu senti o cansaço de seus personagens, seu mal-estar do mal colocado, do incerto. A certa altura deste Ghost World, a personagem de Thora Birch alfineta como resposta a um amigo que resmunga o fato de não conseguir se dar bem com ninguém : “Só os idiotas têm bons relacionamentos!”. É, talvez Einid, a personagem de Thora, tenha razão, pessoas de verdade ( e não as de plástico que o Radiohead já cantou) só se estrepam, se fodem e se ferram. É isso aí, o filme foi oportuno na minha azedice, talvez daqui a uma semana eu o ache uma droga, talvez não. O certo é que os personagens são muito familiares, dolorosamente próximos na sua estranheza. Parece adolescente se sentir mal por não ter onde ir, por não querer ficar nem aqui, nem acolá, não querer quem te quer, e quem não te quer também. Parece adolescente, mas no filme de Terry Zwigoff estar ferrado é humano. Não é bem uma questão de escolha, é a falta dela.
terça-feira, 13 de fevereiro de 2007
“Mas não é só isso
O dia também morre e é lindo
Quando o sol dá alma
Pra noite que vem
Vê, são tantas histórias
que ainda temos que armar
que ainda temos que armar”
Os maiores malucos, doidos, doidos, com canções e as idéias mais erradas e tontas do mundo, que nem as minhas. É bom se perder. Depois da noite, um texto bêbado pra esse blog pálido e tristonho. Juro, há dias sinto uma peninha dele assim...Não me peça reflexos nem bom senso. Não tenho eira nem beira, sempre fui assim, fui inventar de querer me encontrar, me estrepei e deu nisso. Mas é bom vir aqui, mais e mais percebo isso. A cabeça já dói um pouco, deve ser hora de dormir.
sábado, 10 de fevereiro de 2007
I always cry at endings
Voltei a chorar.
E eu odeio sentir. Sinto compaixão também, mas só às vezes, ela logo passa. Eu sei, caro raríssimo leitor, você não tá entendendo nada. Mas é simples, eu não sei lidar com fins, com o fato das coisas passarem, é isso. Não tem texto bonitinho e bem feito não. É só um texto raivoso e ressentido mesmo.
Pensando bem, acho que tanto o riso, quanto a dor é que na verdade as coisas não passam, elas ficam demais, bem que eles deviam passar tanto quanto parecem. Bem que deviam.
Uma das minhas canções preferidas de todos os tempos toca agora por aqui. Parece com a gente. Parece comigo.
There's a light that never goes out
quarta-feira, 7 de fevereiro de 2007
"the best looking boys are taken/ the best looking girls are staying inside"
Dia de meninice. Isso de alguma forma deve ser bom. Como diz Tarkovski, mas dessa vez o pai, Arseni: "E eu sonho com outra alma vestida com outra veste". Quero uma mais alegre, de criança, que conta choro e não riso. Por isso Schiele e suas meias, saias e meninas.
Decidiram me emocionar, engraçado, em um dia, decidiram me dizer coisas bonitas e darem os olhares mais deliciosamente francos possíveis. É bom seguir assim, desse jeito eu até aguento a cidade, a saudade e as horas.
Vontade de comer waffles de morango.
A manhã foi deliciosa, a vida é cheia de ciclos e é fevereiro. Deito no chão frio pra ouvir Belle and Sebastian, o cd vermelho, e ficar tão emocionada como se fosse a primeira vez, e no rosto um sorriso que deve ficar mesmo sem rir.
Pensei que fosse chover, juro, com o calor que fez hoje, pensei que o céu fosse se render e mostrar que ele também não resiste, mas resistiu. É, dona chuva, fica pra amanhã, mas fica mesmo porque por aqui, por essas bandas mais quentes do mundo, chuva consola.
Fiquei bastante pensativa sobre as canções do Belle hoje, acreditem, fazia tempo que não ouvia, na verdade andei fugindo do que me emocionava demais, ficou a dança, a despretensão mas hoje voltei a encontrar Judy e o menino que faz errado de novo e foi bom, foi muito bom.
Chove. O céu é como eu, não resiste.
domingo, 4 de fevereiro de 2007
domingo, 28 de janeiro de 2007
"O desejo não é de se brincar com ele. Ele é nós" Clarice Lispector
Menina Santa é um filme sacana. Adoravelmente sacana, eu diria.
Vi esse filme já há algum tempo, mas depois de uma deliciosa conversa com um amigo esta tarde decidi me voltar a ele e às suas nuances. É bom voltar, afinal, um cinema significativo como esse é o que é pelo seu indefinido, infinito e interminável.
Apesar de não considerar este um filme meramente narrativo, posso dizer que sua história gira em torno de acontecimentos vividos durante a apresentação de um músico e de seu teremim. Teremim é um instrumento que soa sem ser preciso tocá-lo, mas sim através dos movimentos do músico. Nessa ótima idéia e numa bela construção de cena, surge uma das grandes sacadas do filme de Martel. O teremim é a alegoria do desejo, do desejo que paira, que está por toda parte, que não precisa do toque, que existe mesmo sem ser consumado. É o desejante, o desejado derramado na tela lindamente, desde a canção religiosa cantada no início, ao beijo trocado entre amigas. A diretora constrói um clima, uma atmosfera envolvente para tratar do desejo, do humano.
O que Martel filma é o por um triz, é o que pode ser desencadeado e faz jus as palavras de Antonioni que acredita que somos todos doentes de eros, por isso tanto desatino, tanto a se ganhar ou a se perder. Por isso a câmera de Martel não julga, é lindo ver isso, seus personagens agem, querem, mentem, abusam, mas ela os filme com a franqueza e com a atenção de quem respeita. Afinal, eles são nós.
É estranho como em momentos ruins o mundo se mostra e às vezes até sorri pra você. Talvez a minha descrença não tenha tanta razão de ser. Sim, há o ruim que passou mas as pessoas me apareceram esses dias, cheias de luz, com uma serenidade e um carinho que fizeram os dias ficarem tão melhores. É, pessoas de perto, amigos maravilhosos, alguns nem tão amigos assim mas que o olhar conforta. Tem gente de longe que acabou ficando e acho que desse lugarzinho ao meu lado não sai mais.
Essa postagem não é pra ser bonita, nem bem escrita, só franca mesmo. Como celebração a esse outro lado que se mostrar sobre a poeira.
E eu posso até sorrir.
sábado, 27 de janeiro de 2007
terça-feira, 23 de janeiro de 2007
Noite.
Já estou até sonolenta mas os pensamentos me pegam e deu vontade de vir aqui falar de mim pra poucos estranhos e alguns conhecidos, já que quase ninguém lê esse blog. É quase como conversar comigo mas eu faço e é gostoso. Essa paginazinha branca é agradável de preencher.
Eu ando agoniada, passou, passou, a serenidade de alguns posts anteriores se foi e eu ando inquieta, ainda mais com o sol que vem batendo aqui. É sério, parece até setembro, quente demais, e eu não sei onde colocar os pensamentos, nem sei onde pôr as mãos também, mas isso, mas isso já é de praxe.
Na real, eu vim aqui, mas não tinha nada de novo ou interessante pra dizer, só que é noite, ainda faz calor e eu não quero ir dormir, não com meus pensamentos.
Pra diabos serve um blog? Eu tenho um diário, um caderninho vermelho bem mais franco e bem menos organizado que isso aqui, que diabos eu venho tentar desabafar aqui se eu nem tenho coragem? Que diabos eu venho fazer aqui se eu só sei dizer que amo e quero bem? Ah! É tudo a mesma coisa, odeio me repetir mas faço, e faço muito. Você, senhor raríssimo leitor, que chegou até aqui, pode parar, não tem mais nada, como não teve. Eu tô com sono mas eu sei que ainda vai ter um encontro com o teto que prefiro adiar.
Será que me rendo agora? Quem sabe.
"Se você se sente sinistro..."
sábado, 20 de janeiro de 2007
Delicadeza
É engraçado como a simples presença de algumas pessoas pode ser enternecedora.
Assim como já falei aqui da saudade que sinto de Tarkovski, ( saudade mesmo, como de quem você conheceu, viveu e não se recupera nunca) ontem me peguei emocionada com o simples fato de ver Manoel de Oliveira, este grandioso criador português. Grandioso sim, em capturar nossas minúcias, pequenices (não pequenezas) e guardá-las, capturá-las e nos mostrar um mundo novo. Em seu mundo de mãos, olhos e sapatos emocionados, Oliveira consegue com a simplicidade do seu olhar um resultado tão devastador que impossibilita a imunidade. Fico aqui às voltas com imagens suas que me vem e não esqueço.
Em um documentário de Maria de Medeiros sobre os bastidores da criação cinematográfica e crítica, ao ser questionado sobre o que o artista arrisca com seu cinema ele responde.
‘Tudo’
Ao ver um filme de Oliveira, me dou conta que ele sim, arrisca tudo. É uma vida que está ali, é um olhar despido, entregue ao homem e a sua compreensão.
Fico aqui com pensamentos ternos sobre a vida, a arte e o humano. Obrigada Manoel!